“Governo moçambicano deve agir com urgência e defender a verdade” |
– diz Lutero Simango, chefe da bancada do MDM, que exige uma declaração oficial do Governo, para que não pareça cúmplice de traficantes de droga As reacções em torno do alegado envolvimento do empresário moçambicano e presidente do grupo empresarial MBS, Mohamed Bachir Sulemane, no narcotráfico e branqueamento de capitais já começaram a surgir. O Movimento Democrático de Moçambique convocou, na manhã desta quarta-feira, uma conferência de imprensa na qual disse que o relatório do Departamento do Tesouro norte-americano carece de uma reacção urgente e séria do Governo, porque “não se trata de nenhuma brincadeira”. Lutero Simango, chefe da bancada parlamentar daquele partido na Assembleia da República, disse que se trata de uma acusação “muito grave” e que o Governo moçambicano deve agir com “a maior urgência possível”, porque, neste momento, todos os moçambicanos querem saber o lado da verdade e, sobretudo, a responsabilidade do Governo. O MDM considera que se trata de um assunto “muito sério”, porque a Casa Branca não só declara o cidadão moçambicano Mohamed Bachir Sulemane como “Barão da Droga”, assim como afirma que Moçambique está a tornar-se um corredor de tráfico de drogas, devido a fragilidades nas suas fronteiras, causadas pelo elevado nível de corrupção. Lutero Simango concorda com a afirmação sobre fragilidades de segurança e elevado nível de corrupção, tendo apontado como exemplo o aparecimento da doca flutuante de origem incerta na praia de Vilankulos. “É verdade que temos sérios problemas de segurança nas nossas fronteiras. Como é que se explica o aparecimento da doca flutuante nas águas em Vilankulos? Alguma coisa está errada”, disse Simango. Não está em causa um partido e um cidadão, mas sim o Estado Visto que Mohamed Bachir tem relações muito próximas com o partido Frelimo e com o Presidente da República, Armando Guebuza, e consequentemente com o Governo, perguntámos ao chefe da bancada do MDM sobre o que se podia esperar como intervenção do Governo, tendo este respondido: “É preciso que o Governo tenha consciência de que está em causa um Estado, está em causa uma República e não estão em causa as relações que o partido Frelimo tem com o implicado”. E acrescentar que é aqui onde o MDM sempre defendeu que o partido é uma coisa, o Estado é outra, e a confusão destes termos é grave. Lutero Simango voltou a repisar que é preciso que o Governo trate este assunto com muita seriedade, por não se tratar de nenhuma brincadeira. Lutero Simango disse que o Governo moçambicano deve, em nome da verdade e só da verdade, accionar mecanismos nacionais e internacionais para trazer aos cidadãos moçambicanos a verdadeira face da história, para não manchar o nome de toda uma República. Para o MDM, se o Governo não accionar mecanismos urgentes poderá propiciar uma situação económico-financeira que considerou de “muito difícil” em função das medidas previstas contra os “Barões de Droga”. Disse que o facto de estar interdita a relação comercial com qualquer empresa norte-americana poderá afectar muitas empresas e, consequentemente, pessoas que sobrevivem graças ao MBS. O MDM diz que não pretende fazer nenhum juízo neste momento e prefere deixar que se produzam provas suficientes que mostrem ou neguem o envolvimento de MBS no narcotráfico e na lavagem de dinheiro, tal como afirma o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América. Entretanto, ao Canalmoz o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse que o líder daquele partido, Afonso Dhlakama, vai reagir nesta sexta-feira, a partir de Nampula. (Matias Guente, CANALMOZ, 04/06/10) |
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