A família de Américo Sebastião, empresário português raptado em Julho de 2016 na província moçambicana de Sofala, pediu diligências aos grupos parlamentares de Frelimo, Renamo e MDM, disse hoje à Lusa a sua mulher, Salomé Sebastião.
Nas cartas enviadas para a Assembleia da República de Moçambique, a família do empresário, raptado por elementos de forças de segurança moçambicanas, de acordo com testemunhos, pede aos deputados que dêem "o necessário impulso à resolução da situação" de Américo Sebastião, que continua desaparecido.
"Após mais de um ano e meio de diligências levadas a cabo pela família, pelo Estado português e por outras entidades e organizações internacionais, continuamos a não ter da parte de Moçambique quaisquer respostas concretas", lê-se nas cartas.
A família assinalou que "é importante ir além de comentários gerais e avançar com resultados e soluções", lembrando que, em maio de 2017, também se dirigiu ao parlamento moçambicano com uma petição e não obteve "qualquer notícia relativamente à tramitação".
De acordo com Salomé Sebastião, que recebeu as confirmações de recepção, as cartas dirigidas aos presidentes das bancadas parlamentares de Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático Moçambicano (MDM) "foram entregues hoje na Assembleia da República de Moçambique".
As cartas da família sucedem à reunião no Grupo de Trabalho da ONU sobre os Desaparecidos Forçados ou Involuntários, em Bruxelas, na passada sexta-feira, e às reuniões de Salomé Sebastião com os grupos parlamentares portugueses do PSD, CDS-PP e BE.
Foram igualmente solicitadas reuniões para abordar o desaparecimento de Américo Sebastião com os restantes partidos representados no parlamento português: PS, PCP, Os Verdes e PAN.
A família vai realizar uma petição pública - intitulada Free Américo - para que, caso ultrapasse as 4.000 assinaturas, possa ser levada ao plenário da Assembleia da República, em Portugal.
Na recepção do Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, ao corpo diplomático no país, em 22 de Janeiro, a embaixadora de Portugal em Maputo referiu que Portugal tem mantido uma "intensa relação" com as autoridades moçambicanas para averiguar o que se passou com Américo Sebastião.
"Continuamos a trabalhar com as autoridades moçambicanas, com as quais temos tido uma intensa relação no sentido de apurar exactamente o que se passa com o cidadão que está desaparecido", disse a embaixadora Maria Amélia Paiva.
Américo Sebastião foi raptado numa estação de abastecimento de combustíveis, em 29 de Julho de 2016, em Nhamapadza, distrito de Maringué, província de Sofala, no centro do Moçambique.
Segundo a família, os raptores usaram os créditos de débito e crédito para levantarem "4.000 euros", não conseguindo mais porque as contas foram bloqueadas logo que foi contactado o desaparecimento.
A eurodeputada Ana Gomes expôs o caso a Federica Mogherini, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, que manifestou preocupação, frisando que "a situação em Moçambique está a ficar complicada do ponto de vista da segurança".
Salomé Sebastião abordou já o desaparecimento do marido, de 49 anos, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, António Costa.
LUSA – 15.02.2018
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