Sunday 29 June 2008

Golpe financeiro no INSS (1)

A ministra do Trabalho, Helena Taipo, mandou anunciar, a 03 de Junho de 2008, as evidências da grande corrupção que ocorria no Instituto Nacional de Segurança Social, INSS, desde 2002 sob a liderança do anterior director-geral, Abílio Mussane e do seu comparsa, ex-chefe da Repartiçao das Participações, Dulcínio Loforte.
Junta-se a esta dupla dos delapidadores do bem comum, o chefe do Departamento Informático, Paulino Simione, que ajudou a introduzir a MOZ IT, uma empresa ilegal, alegadamente, para informatizar o INSS, tendo facturando cerca de 3.8 milhões de meticais, a seguir à assinatura do contrato, igualmente ilegal.
O incompetente presidente do Conselho de Administração, Armando Pedro, tinha a obrigação profissional de velar pelo bom funcionamento da instituição que lhe dá, como salário, 250 mil meticais por mês, porém, declarou, ao semanário MAGAZINE, de 21 de Maio de 2008, como forma de se desculpar, que era impedido, por lei, de interromper o saque.
É inútil manter um dirigente, apenas, para se rodear de benesses e não para trabalhar. Noutras latitudes, quando se acha que não há condições para o pleno desempenho da função, colocase o lugar à disposição. Não se fica acocorado à espera, somente, de salários e curtição.
Os métodos que o grupo usava para sacar os fundos públicos partiam de sobrefacturações, repetiam entre duas a três de pagamentos da mesma factura, comissões ilegais, alterações de obras para continuarem a tirar dinheiro, concursos dirigidos a empresas de amigos, no lugar de serem públicos, etc., num verdadeiro assalto desenfreado aos cofres do INSS.
Quando o festival da fraude foi descoberto, os assaltantes começaram a gritar que a ministra fazia interferência excessiva, ultrapassando os limites impostos por lei. Queriam continuar impunes, com a cabeça e as mãos enfiadas nos cofres, enriquecendo-se sem causa.
Se todos os inquéritos ordenados pelo Governo fossem tornados públicos como foi o do INSS, muitos roubos teriam sido estancados e os que tivessem tido lugar os seus autores teriam sido julgados e condenados. Mas não é isso o que acontece.
Os inquéritos que se conhecem servem somente, para acalmar os
ânimos e não para revelar os resultados e consequências dos roubos dos fundos públicos. Se o mega-rombo ocorrido no Ministério do Interior, na época do ex-ministro Almerino Manhenje, no valor de 220 biliões de meticais da antiga família, tivesse sido publicitado, os seus autores estariam, neste momento, na cadeia, já condenados a pesadas penas.
A bola está nos pés da Justiça – Procuradoria Geral da República, que perde tempo em perseguir os pilhagalinhas e jornalistas, e dos Tribunais, céleres em condenar elementos da oposição política quando presos em manifestações. A sociedade espera que os que roubaram quase 10 milhões de dólares, no INSS, respondam em juízo para se devolver a confiança aos contribuintes pobres, gravemente, ferida por actos de gatunagem.


( Edwin Hounnou, em " A TribunaFax ", de 19/06/08, retirado com a devida vénia )

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