A cidade de Maputo completa, hoje, 130 anos de existência. Baptizada Lourenço Marques à nascença, passou a designar-se Maputo como um ato de libertação das Amarras do colonialismo, mas não conseguiu libertar-se de outros tantos males que a apoquentam.
Porque viver na cidade é um direito de todos os cidadãos, Maputo acolhe gente de todos os pontos do país, ora fugidos dos horrores da guerra ou na justa procura pela melhoria das suas condições de vida.
Pressionada por esta imigração, Maputo cresceu, esticou-se e invadiu Marracuene e Matola à procura de espaços para habitações lixeiras ou cemitérios. De direito no princípio, viver em Maputo passou a ser um privilégio de quem pode. Mas nem por isso livre dos problemas de uma cidade que cresceu, diga-se, até ao limite.
A demanda pelo transporte também aumentou e passou a ser garantida pelo vulgo chapa 100. Ilegais e odiados no princípio e idolatrados na actualidade, os chapas 100 são considerados os pais da corrupção nas estradas da capital. Afinal eles é que foram pioneiros em oferecer refrescos aos agentes da polícia de trânsito, quando mandar cantar canções fúnebres aos passageiros fingindo transportar famílias enlutadas já não fazia sentido.
Hoje os cidadãos e o Estado pedem encarecidamente para que os chapeiros nunca faltem nas estradas. Mas recebem em troca os vulgos my love, carinhas de caixa aberta que deviam transportar mercadorias e actualmente transportam pessoas, por inoperância dos serviços de transporte público e privado.
Mas nem tudo está mal em Maputo. A cidade ganhou novos e renovou velhos espaços para lazer, negócios e diversão. Lugares sinistros deram lugar a novos terminais de autocarros, praças e monumentos histórico-culturais. Até o velhinho Jardim Tunduro ganhou uma nova cara e trouxe de volta os nubentes para, como era no passado, registar o momento ímpar.
Moderníssimos edifícios públicos e privados foram construídos na cidade; estradas outrora incómodas como a Avenida Marginal foram renovadas e ganharam novas iniciativas de atraccão turística que voltaram a transformar a zona nobre da cidade num verdadeiro cartão de visitas de Maputo.
O saneamento melhorou nalguns bairros da capital, mas outros há, para os quais, a próxima chuva significa, próxima desgraça. A terciarização do serviço da recolha do lixo parece ser outro motivo de orgulho para a cidade, apesar de os desafios persistirem.
Mas porque há sempre um mas, a criminalidade continua a atormentar os munícipes de Maputo. Diversas ideias foram ensaiadas para o seu combate. Desde os conselhos de policiamento comunitário nos bairros periféricos, a brigada motorizada anti-crime que desapareceu meses depois, e até a famigerada brigada Mambas de investigação criminal, que porém, não impediram que os assaltos nos bairros continuassem, que os assassinatos e sequestros demonstrassem que o crime organizado já estava entre nós, e nem que o crime de colarinho branco criasse novos-ricos.
O País
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