Dados preliminares apontam para vitória confortável de Guebuza e da Frelimo
O director-geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), Felisberto Naife, considera que o processo de votação foi ordeiro em todo o País. Já no nível da Cidade de Maputo, a sua apreciação é de que o processo foi mais célere devido ao facto de terem ocorrido apenas duas eleições
Maputo (Canalmoz) – Dados relativos à divulgação parcial dos resultados da votação para Eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais, em nosso poder, indicam que o candidato da Frelimo, Amando Guebuza, e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, levam vantagem diante do partido Renamo e seu candidato, Afonso Dhlakama. Pelo nível oficial de apuramento ainda é cedo para se dizer se haverá ou não uma segunda volta, mas a tendência indica que Armando Guebuza será o indiscutível vencedor do escrutínio e nada faz prever que esta tendência se altere.
Por outro lado, Afonso Dhlakama poderá perder a segunda posição, e consequentemente perder o cargo de membro do conselho do Estado, que ocupa desde 2005, pelo facto de ter sido o segundo candidato mais votado nas presidenciais de 2004. Ao começarem a entrar os resultados das zonas rurais, ainda pode alterar-se a tendência, mas pelos resultados disponíveis Daviz Simango continuava ontem a ser o candidato mais votado depois do actual chefe de Estado que tudo leva a crer que já tenha assegurada a sua reeleição.
Nampula
Na Província de Nampula, concretamente no distrito de Monapo, dados referentes ao apuramento provisório dos resultados da votação indicam que a Frelimo, nas Legislativas, conseguiu 4.354 votos, a Renamo 1.856, o PLD 93, o PAVO 75, a ALIMO 52, o ACDAC 48 e o PDM 44 votos em 25 mesas. Nas eleições das assembleias provinciais, a Frelimo concorreu sozinho. Em 22 mesas de voto, a Frelimo conseguiu 4.866 votos.
Nas presidenciais em Monapo, em 33 mesas já apuradas, Armando Guebuza obteve 5.828 votos e Afonso Dhlakama 1.952 e Daviz Simango 404 votos. Estavam inscritos nas mesas um total de 132.008 inscritos em 177 cadernos distribuídos em 151 mesas em diferentes Postos Administrativos do distrito de Monapo.
Sofala
No distrito de Machanga em Sofala, nos cerca de 9 mil eleitores que lá votaram, a vantagem vai para a Frelimo com 1.740 votos contra 1.654 do MDM. A Renamo obteve 348 votos. Os partidos PLD e PDD não foram para além de 52 e 42 votos, respectivamente. Por seu turno os partidos UDM e PVM obtiveram apenas 11 e 7 votos, respectivamente.
Nas Presidenciais, o candidato do MDM obteve a maioria de votos ao arrecadar 1.935 votos contra 1.657 de Armando Guebuza. O outro concorrente, Afonso Dhlakama, não foi para além de 247 votos. Para as Assembleias Provinciais o MDM obteve 2.030 votos contra 1.823 da Frelimo.
Manica
No distrito de Sussundenga, Província de Manica, onde o processo de contagem parcial dos votos nas mesas que funcionaram na Escola Primária 1 de Junho já foi concluído. Os resultados: Armando Guebuza 3.427 votos contra 331 de Afonso Dhlakama. Daviz Simango conseguiu apenas 203 votos.
Nas Legislativas, a Frelimo conseguiu 3.313 votos contra 340 da Renamo. O Partido Ecologista teve 20 votos e o PDD 22. O PLD 35 e a Coligação dos Antigos Combatentes obteve 9 votos.
Nas assembleias provinciais, onde a Frelimo concorreu sozinha, obteve 3.388 votos, nas oito mesas que funcionaram na Escola Primária 1 de Junho da Vila-sede de Sussundenga. Naquela assembleia de voto estavam inscritos mais de 7.800 eleitores.
Já no distrito de Macossa, a Norte da Província de Manica, em apenas três mesas de votos que lá funcionaram, nas Presidenciais, Amando Guebuza teve 510 votos. Afonso Dhlakama 177 votos e Daviz Simango, 20 votos.
Nas Legislativas a Frelimo obteve 601 votos, e a Renamo 197. O Partido Ecologista obteve 1 voto, PDD 5, PLD 2 e ADACD 4 votos. Nas Provinciais a Frelimo 618 votos e a Renamo 198 votos.
Inhambane
No distrito de Jangamo, Província de Inhambane, dados referentes a 16 mesas num total de 57 que funcionam em todo o distrito com mais de 44 mil eleitores, indicam que nas Presidenciais, Armando Guebuza conseguiu 6.933 votos, Daviz Simango 580 e Afonso Dhlakama 534 votos. Nas Legislativas a Frelimo obteve 6.329 votos, contra 683 do MDM. A Renamo teve 533 votos enquanto que o PDD e a União Eleitoral obtiveram 132 e 107 votos, respectivamente. O PDD teve 60 votos.
Ainda na Província de Inhambane, distrito de Vilankulo, dados referentes a 28 mesas apontam que Guebuza conseguiu 7.978 votos, Daviz Simango, 1.201 votos contra 237 do candidato da Renamo Afonso Dhlakama. Nas Legislativas, aponta-se, em 25 mesas, que Frelimo teve 7.116 votos. A Renamo conseguiu 343 votos. PDD 148 votos e a União Eleitoral 164 e o MDM 512 votos. O PLD 66 votos.
Nas mesmas Eleições Legislativas importa referir que dos 20.843 mil eleitores inscritos em 25 cadernos, apenas 9.641 exercerem o seu dever cívico, ou seja, mais de metade, 11.202, não votaram.
No distrito de Zavala, mas a Sul da província de Inhambane, os resultados apurados em algumas mesas de assembleia de voto indicam que Guebuza conseguiu 9.681 votos, contra 741 de Dhlakama e 657 de Daviz Simango.
Para as Legislativas, a Frelimo lidera com 8.060 votos, contra 701 da Renamo e 254 do MDM, UE com 193, PDD 185, PLD 106.
Para as Assembleias Provinciais, a Frelimo foi o único partido concorrente neste círculo eleitoral, e conseguiu 2.030 votos.
Gaza
No distrito de Massingir, na Província de Gaza, em 29 mesas que funcionaram, nas presidenciais, o candidato da Frelimo, Armando Guebuza, lidera a contagem, de longe, com 12.538, contra 38 de Afonso Dhlakama e 72 de Daviz Simango.
Para as legislativas, onde o MDM foi excluído, a Frelimo conseguiu, em igual número de assembleia de votos, 12.553, contra apenas 53 votos da Renamo, 8 do PDD, 5 para a coligação União Eleitoral e Ecologista 2.
Para as assembleias provinciais, a Frelimo arrecadou, neste distrito, 12.234 votos, contra 0 (zero) votos da Renamo.
Cidade de Maputo
Já no Distrito Urbano nº 5, em pelo menos 24 assembleias de votos das 205 totais do distrito, o candidato da Frelimo arrecadou 7.865 votos contra 1.209 votos de Daviz Simango e Afonso Dhlakama 328 votos.
Para as Legislativas, em igual número de votos, a Frelimo obteve 6.563, contra 1.123 do MDM e 412 da Renamo.
Já no Distrito Municipal número 1, que corresponde a zona da cidade de cimento da cidade, dos 7.622, 5.036 fizeram-se aos locais de votação. É uma participação consideravelmente alta comparativamente com o nível de participação no resto do país.
Para as presidenciais, Guebuza obteve 3371 votos, contra 1457 de Daviz Simango e 307 de Afonso Dhlakama. Votos em branco registaram-se 45, contra 54 votos nulos.
Nas legislativas, a vitória está a sorrir para a Frelimo, com 2.914 votos, a frente do MDM, com 1260 e 281 da Renamo.
(CANALMOZ -Emildo Sambo/ RM)
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Irregularidades poderão manchar o processo
- Ivone Soares, da Renamo
A Renamo afirma estar a preparar o seu parecer sobre as últimas eleições, documento contendo uma lista de alegadas irregularidades que teriam ocorrido em quase todo o território nacional.
Ivone Soares, porta-voz do Gabinete Eleitoral, disse ao nosso jornal que em diferentes mesas de voto terão desaparecido cadernos eleitorais, movimentação de pessoas estranhas no recinto das assembleias de voto, alegadamente para corromper os votantes, expulsão dos delegados de lista da Renamo das mesas de voto, sobretudo no distrito de Guijá, província de Gaza, bem assim a troca de nomes nos documentos dos fiscais, pelo STAE.
Para Ivone Soares, estas e outras alegadas irregularidades podem manchar os resultados parciais que dão uma larga vantagem à Frelimo e ao seu candidato, Armando Guebuza.
“É preciso que se saiba que a Renamo tem estado a tomar conhecimento dos resultados parciais, e em Moçambique as eleições são caracterizadas por falta de transparência, razão pela qual temos sempre abstenções porque o eleitorado não confia mais nos órgãos eleitorais”.
De acordo com a porta-voz, que os observadores tenham a coragem de denunciar tudo o que viram no terreno no passado dia 28 de Outubro.
Notícias, 30/10/09
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Dhlakama promete aceitar os resultados eleitorais
“Não podemos repetir a história de Zimbabwe”- Afonso Dhlakama
Maputo (Canalmoz) - O candidato presidencial da Renamo, Afonso Dhlakama, disse quarta-feira, momentos depois de exercer o seu direito de voto, na Escola Secundária da Polana, que vai aceitar quaisquer que sejam os resultados das eleições, justificando que “é chegado o momento de Moçambique mostrar ao mundo que em África é possível realizar-se eleições sem turbulência”.
“Tenho dito a todos membros da comunicação social, tanto nacionais, assim como estrangeiros, que África deve começar também a ter cultura. Quem ganhou, ganhou, e quem perdeu, perdeu. Não podemos repetir a história do Zimbabwe e dos outros países, porque não ajuda em nada para no nosso continente”, disse o líder da Renamo.
O líder da Renamo afirmou ainda que está confiante na vitória, porque, a avaliar pela campanha eleitoral, “todos os moçambicanos mostram as sua simpatias pela Renamo, principalmente a juventude”. “Se fosse na Europa, era chegado o momento de preparar os ministros”, disse Dhlakama num tom humorístico, provocando risos aos presentes.
Os resultados eleitorais que já começam a estar disponíveis mostram bem o nível baixo de popularidade que o ex-comandante da guerrilha que impôs que a Frelimo aceitasse o pluralismo democrático no País, Afonso Dhlakama, atingiu.
(Egídio Plácido, CANALMOZ, 30/10/09)
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Venâncio Mondlane disponível
“Não há impedimento de eu vir a ser Secretário-geral do MDM”
Maputo (Canalmoz) - Notícias postas a circular pela imprensa e boca-a-boca dão conta de que o jovem analista político, engenheiro Venâncio Mondlane, está na mira e poderá vir a ser convidado a candidatar-se a Secretário-Geral do Movimento Democrático de Moçambique, liderado por um outro engenheiro, Daviz Simango, um dos três candidatos às eleições presidenciais.
Contactado pela reportagem dos jornais Canalmoz e Canal de Moçambique - Semanário para esclarecer as especulações, Mondlane disse: “nunca fui convidado oficialmente a ser Secretário-Geral do MDM”. “Só ouvi que havia uma série de pessoas que manifestavam interesse que eu fosse proposto a Secretário-Geral.”
Sobre se admitia a possibilidade de vir a ocupar este cargo, Mondlane disse que não está nos seus planos fazer política activa na actualidade, muito menos ser Secretário-Geral do MDM.
“Eu ainda não reflecti sobre isso. Que eu seja secretariável, até posso admitir. Também acho que as pessoas são livres de dizer o que acham. Não é mentira que eu seja secretariável, não é falso, aventa-se esta hipótese”, admitiu para depois repisar que “ainda não há nada de concreto”.
“Agora o que não corresponde à verdade é que eu tenha sido oficialmente contactado para ocupar o cargo e que eu tenha manifestado interesse de lá estar ou não”, referiu.
Apesar de recusar que esteja interessado em ingressar nas fileiras do MDM, Venâncio Mondlane destaca a importância do Movimento liderado por Daviz Simango, no contexto actual da política moçambicana.
Venâncio Mondlane diz que o surgimento e fortificação do MDM são necessários, na medida em que altera o actual status quo da nossa política, dominada por dois partidos “cujos membros exercem a política de uma forma cega e fanática”.
Entretanto, repisando a questão do seu ingresso ou não no mais jovem partido político de destaque criado no País, Mondlane diz: “não há impedimento nenhum de juntar-me ao MDM. Na altura que achar que há condições, se as minhas convicções alterarem, não há impedimento, porque o MDM não é nenhum demónio”, afirma o analista político que garante ser membro do partido Frelimo desde os 18 anos, e por influências familiares.
“Eu e a minha família somos todos membros da Frelimo, mas eu nunca me atrelei cegamente à Frelimo”, esclarece.
Venâncio Mondlane é ideal para o MDM
Entretanto, um membro destacado do MDM, Isamel Mussa, disse em contacto com a reportagem do Canalmoz e do Canal de Moçambique que seria um ganho para o partido ter Venâncio Mondlane como Secretário-Geral. No entanto, Ismael Mussa nada confirmou. Apenas disse que o engenheiro Venâncio Mondlane, analista político que tem aparecido em vários canais de televisão, é um dos possíveis nomes a serem propostos ao Conselho Nacional do partido, que vai reunir nos primeiros meses do próximo ano. A eleição do Secretário-geral do MDM, segundo cargo mais importante daquele partido, é uma questão em aberto que Daviz Simango, antes das eleições, remeteu para depois do escrutínio que se realizou na última quarta-feira.
(Borges Nhamirre, Canalmoz, 30/10/09)