Friday 16 January 2009

Nepotismo no governo de Guebuza

O governo esteve, na manhã do passado dia 27 do corrente mês, na Rádio Moçambique/Televisão de Moçambique, no programa Linha Directa, a fazer balanço das suas actividades referentes ao ano 2008 e a responder perguntas dos profissionais das duas estações e por telespectadores/radio ouvintes. Saltou à vista a ausência de muitas ministras e evidenciou-se a presença das duas manas – a Primeira- ministra, Luísa Diogo, e da ministra da Função Pública, Vitória Diogo.
Esta atitude é deliberada por quem indicou os ministros para esse programa, designadamente, o Presidente da República, Armando Guebuza, que o é Chefe do Executivo, ou a PM, num gesto de favorecer à irmã. É falso falar da indisponibilidade das ministras, eventualmente, convidadas.
O governo tem 21 ministros e oito ministras. Não é verdade dizer que seis ministras se mostraram indisponíveis e, apenas, as duas irmãs poderiam aparecer ao programa. Não é preciso ser um iluminado para concluir que não é verdade que seis ministras tivessem preferido outras ocupações a ir à Rádio/Televisão. Se for verdade, o que não parece que o seja, concluise que Guebuza chamou, para o governo, pessoas sem tempo. A continuação delas, no Executivo, não traz nenhum valor acrescentado. É improvável que governantes comprometidas com a acção governativa não tenham tempo para falar ao público.
A estória de indisponibilidade está mal contada. A tentativa da PM de justificar a razão de haver uma cadeira desocupada não convenceu. Ou as ministras não foram convidadas, por motivos que não se conhecem ou, se o convite foi formulado pela PM, a intenção era de pôr a irmã em destaque, em detrimento das demais ministras. Dizer que não se pode trazer todo o governo por motivos de espaço, foi infeliz. Mas, houve espaço e tempo para as duas irmãs! Os actos falam mais alto que as palavras. O marketing político faz-se produzindo resultados palpáveis e não obstruindo.
Um dos presentes, no auditório, perguntou à PM a razão de não dar briefings à Imprensa, como era prática corrente – iniciativa louvável - no tempo do seu antecessor, Pascoal Mocumbi que, de forma invariável, se encontrava com jornalistas, às quintas-feiras, para dar a conhecer as realizações do governo. Quando Diogo chegou a PM, disse que tal prática prosseguiria, mas, tal nunca aconteceu. Diogo não respondeu a pergunta, apesar da insistência dos moderadores.
Se o convite, aos ministros, foi formulado por Guebuza, cometeu um erro crasso, ao excluir ministras. Se feito pela PM, fez nepotismo - favoritismo de alguns governantes aos seus parentes e familiares.
A uma pergunta de rádio ouvinte/ telespectador sobre a ausência de
ministros e ministras com grande visibilidade pública, Ricardo Dimande, um dos moderadores, mostrou-se nervoso e, algo estranho, em tom ameaçador, alertou para não se fugir do tema. Quem, de facto, fugiu do tema foi Dimande, por intimidar aos que telefonavam, em defesa, talvez, de interesses obscuros.

( Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax, de 14/01/09 )

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