MAPUTO – A informação do Governo à Assembleia da República, AR, no que diz respeito às medidas que estão a ser tomadas para mitigar o sofrimento das populações atingidas pelas cheias e das estratégias que o Executivo vai tomar para conter os aumentos do preço de combustíveis, dividiu as duas bancadas.
A bancada da Frelimo defende que perante os dois problemas, o governo tem reagido com respostas adequadas, enquanto para a bancada da Renamo UniãoEleitoral, RUE, o povo continua a sofrer, sob olhar impávido e sereno do executivo de Armando Guebuza, que pouco faz para inverter o presente cenário. Segundo o deputado António Timba, da RUE, o exemplo disso, é a revolta popular ocorrido no passado dia 5 de Fevereiro, em que Maputo acordou agitado devido a subida da tarifa dos transportes semicolectivos de passageiros, vulgo, “chapa-100”. Timba recordou que no passado dia 5 de Fevereiro, a Capital e cidade da Matola, viveram momentos de tristeza e sofrimento, provocados pela subida da tarifa dos transportes semi-colectivos. Segundo este deputado, a revolta popular fez recordar que nenhum tirano pode voltar a escravizar o povo, pois, a subida da tarifa é sufocante para qualquer família honesta, porque, quem sofre é o estudante para chegar à escola, o funcionário público que precisa de ir a repartição, o trabalhador que tem que chegar a fabrica para produzir.
“Ouvimos muitas teorias dos ideólogos do regime a falar de mão invisível, querendo dizer que o povo é incapaz de, por si só, manifestar o seu desagrado. Disseram que estas manifestações eram obra de crianças instrumentalizadas e de marginais”, disse, sublinhanhando que “graças as crianças e marginais que obrigaram o governo a manter o preço do chapa e despertou a atenção do Chefe do Estado, Armando Guebuza, para começar a reduzir o número de incompetentes no governo”.
É posição consensual no seio da Frelimo de que, quando as manifestações ocorrem na zona sul do País, são protagonizadas por crianças e marginais, e quando acontecem no Centro e Norte, são obras da Renamo. Prova disso, foi o apelo público da governadora de Maputo, Rosa da Silva que, dirigindo-se a alunos secundários, apelou para que não aceitassem ser usadas para as manifestações, que acabou sendo
apupada pelos petizes.
A respeito, Timba disse que o seu partido, Renamo, não ficou admirado com a posição da Frelimo que a classificou de fantasias. “Avisamos no passado que o plano quinquenal do governo, precisava ser revisto, mas, a bancada maioritária, aprovou-o enganando o seu governo” disse, ressalvando que Moçambique é o único país onde o sistema de transportes públicos está entregue aos informais. Segundo Timba, o governo assiste os desmandos dos chapeiros informais, em detrimento de empresas transportadoras com história a falirem, como é o caso das Oliveiras que já não existe e Pantera Azul que está quase a fechar as portas. Estas inquietações reflectem a ganância do governo da Frelimo de querer amealhar tudo para si, sem se lembrar do povo”, disse, recordando que um governo que nào avalia as preocupações do povo, “não merece confiança nem respeito”.
Edson Macuacua, da Frelimo, interveio afirmando que os pontos apresentado pelas duas bancadas fazem parte dos problemas dos moçambicanos e não podem ser um factor para o seu partido desistir, pois, são a razão e a causa da sua existência.
“Alguns oportunistas já conhecidos, aparecem ecoando uma ideia controvertida tentando imputar a Frelimo
a culpabilidade pelos conflitos sociais decorrentes das dinâmicas da sociedade. A este propósito, urge acentuar que os conflitos de interesse são inerentes a natureza social do Homem e são a causa que está na origem do Estado”, acusou, sem indicar nomes.
“Reconhecemos que ainda temos muitos problemas por resolver. Estamos conscientes de que o caminho por percorrer ainda é longo. Estamos seguros porque já vencemos grandes obstáculos em condições dificeis. Por isso, estamos serenos porque temos uma visão clara sobre a nossa missão. Sabemos de onde viemos, aonde é que estamos e para onde vamos. Estamos num bom caminho”, disse. “A sociedade moçambicana foi afectada por uma sobreposição de dois fenómenos adversos, um de ordem natural, e outro de ordem económica”, disse, referindo que as calamidades naturais, nomeadamente, cheias, inundações e ciclone Jokwe e aumento do preço de petróleo no mercado internacional”. O secretário para Mobilização e Propaganda da Frelimo disse que se tratou de dois factores constrangedores e de origem externa que se impõe sobre a ordem interna, pois, as calamidades naturais resultaram da queda excessiva da precipitação fluviométricanos países à montante. O aumento do preço dos combustíveis,resultou do aumento do preço do petróleo no mercado internacional. “São factores que estão fora do controle do nosso país”, reafirmou, sublinhando que o governo, nas calamidades assegurou o salvamento das vidas humanas, resgatou e reassentou os afectados e no aumento do preço de combustível, mitigou, o impacto negativo da subida do preço de chapa, tomando medidas que permitiram que o cíclico agravamento no mercado internacional não se fizesse, automaticamente, em Moçambique.( Cláudio Saúte – A TRIBUNAFAX, 20 /03/08 )