Friday, 4 March 2016

International Crisis Group põe Moçambique em "alerta de risco de conflito"


Afonso Dhlakama, líder da oposição da Renamo diz que perdeu total confiança no Governo de Moçambique e que apenas estará disponível para eventuais negociações em nome do futuro da democracia no país.
A organização International Crisis Group colocou Moçambique na lista de países ou regiões em "alerta de risco de conflito", após a situação política e militar se ter agravado em fevereiro com registo de vários incidentes.
Segundo o relatório mensal do International Crisis Group, com sede em Bruxelas, Moçambique figura ao lado do Afeganistão, Chade, Somália, Turquia, Venezuela e Zimbabué, bem como a região da península da Coreia.
Para o "Crisis Group", os acontecimentos ao longo de fevereiro "justificaram" o agravamento da situação, que começou logo no início do mês, quando a Renamo, oposição, rejeitou conversações com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
As razões da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), partido que reclama vitória em seis províncias do centro e norte do país nas eleições de 2015, prendem-se com a ausência de garantias de segurança para o respetivo líder, Afonso Dhlakama.
A 08 desse mês, sustenta o "Crisis Group", a Renamo bloqueou estradas na província de Sofala (litoral/centro), tendo atacado alguns veículos civis, provocando vários mortos e feridos, o que levou as forças de segurança moçambicanas a retomar as escoltas armadas ao longo de um troço de cerca de 100 quilómetros da Estrada Nacional 1, na mesma região.
A organização não-governamental, sem fins lucrativos e independente, que promove a prevenção e a resolução de conflitos letais, adianta também que elementos afetos à Renamo abateram a tiro Manecas da Silva, juiz e secretário da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) em Sofala.
Por outro lado, o "Crisis Group" destaca ainda as operações militares para desarmar "militantes" da Renamo na província de Tete (noroeste), que provocaram um êxodo de refugiados para o vizinho Malauí, estimados em cerca de 6.000, com a existência de vários pedidos para investigar queixas de alegadas execuções e abusos sexuais por parte das forças de segurança.
As análises mensais da "Crisis Group" têm por base as alterações políticas e/ou militares internas de cada país, não havendo a intenção de fazer comparações com outros Estados.
O "alerta de risco de conflito" é atribuído a um país onde a violência tem ocorrido e que se espera que continue no mês seguinte. O indicador é definido apenas quando se regista e receia uma nova ou uma significativa escalada de violência.
O "Crisis Group" foi fundado em 1995 por um coletivo de personalidades que lamenta o fracasso da comunidade internacional em antecipar e responder eficazmente às tragédias ocorridas no início da década de 1990 na Somália, Ruanda e Bósnia.
Entre os fundadores contam-se Morton Abramowitz, antigo embaixador dos Estados Unidos na Turquia e Tailândia e, depois, presidente da instituição Legado de Carnegie para a Paz Internacional, e Mark Malloch-Brown, antigo presidente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e, mais tarde, secretário-geral adjunto da ONU e ministro no Reino Unido.
Segundo os fundadores, a ideia foi criar uma nova organização com funcionários altamente profissionais, "agindo como olhos e ouvidos do mundo", para analisar e prevenir conflitos e com poder internacional suficiente para conseguir mobilizar a comunidade internacional nos diferentes processos.
Atualmente, o International Crisis Group é reconhecido como o líder mundial de fontes de informação e análises, bem como conselheiro de políticas de prevenção e resolução de conflitos letais.



DN

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