Thursday, 13 November 2014

A “César o que é de César”



 Concluir com êxito o processo negocial deve incluir as eleições...

 Não é ilusão nem jogos verbas ou teóricos quando se diz ou se afirma que concluir com êxito todo o pacote eleitoral de Outubro vai requer um ginástica e provavelmente sua inclusão no pacote negocial do Centro de Conferências Joaquim Chissano.
Realisticamente falando mesmo que o CC dê o seu veredicto final, este não será aceite pela oposição porque sem dúvidas, todos estamos inclinados em crer que o declarado vencedor será quem de facto não venceu.
As ladainhas e tentativas de defender uma justeza e transparência que não existiram nas eleições vão piorar o ambiente no CCJC.
Todo o trabalho que a missão internacional militar deverá realizar será directamente prejudicado pela forma como decorreram as eleições e sobretudo pelo tipo de decisões tomadas pelos órgãos eleitorais.
Aquele avanço aparente foi a chegada dos observadores militares tornar-se-á em recuo em toda a linha.
As pretensões de alguns políticos moçambicanos de colarem sua permanência em cena a jogos escuros e de fins desconhecidos mina o processo de pacificação.
Democracia, desenvolvimento, dignidade deveriam ser assumidos como partes integrantes do que ser quer construir como modelo político.
Não se pode andar de pleito em pleito viciando resultados e enganando os outros, esperando que todos se calem e aceitem resultados que não espelham a realidade e muito menos a vontade popular.
Temos um problema que poderia não ser tal coisa. Uma pequena franja de moçambicanos, instrumentalizados ou insrumentalizadores viveu dezenas de anos imbuída na crença da sua infalibilidade. Uma pretensa áurea de pureza e de rectidão baseada em princípios ideológicos de validade duvidosa elevou alguns a categoria de intocáveis. É essa gente que hoje não se cansa de lançar ataques contra todo um povo só porque seu poder de ontem escorregou de suas mãos.
Há uma gigantesca operação de branqueamento da verdade como se de lavagem de dinheiro de tráficos ilícitos se tratasse.
Querem que os moçambicanos aceitem que o vencedor é quem perdeu.
Essa ofensiva mediática com apoio internacional de “democracias maduras” mas podres é perigosa porque ignora que o povo moçambicano tem dignidade e conhece em quem votou.
É muito arriscado enterrar a verdade pois quando menos se espera se pode ter um país em crise aberta de dimensão nacional.
A manipulação sem escrúpulos de números de eleitores em Maputo, Gaza e Inhambane põe a nu uma estratégia que consistiu basicamente no controlo de diferenças entre candidatos, tentando preencher onde houve derrota sensível com números favoráveis em províncias sofrendo de problemas etno-políticos graves. Anos de ditaduras marxistas-leninistas não foram capazes de erradicar posições tribalistas em algumas províncias do país. Não é preciso ser sociólogo nem especialista em alguma ciência social para entender que há ódios latentes que persistem ao longo destes anos todos.
Como resposta a uma descriminação contínua mas camuflada viu-se a juventude moçambicana votando na mudança. Foi esta mesmo juventude que infligiu derrotas vergonhosas ao “partido no poder” nas últimas eleições autárquicas.
É todo um país aprendendo a ser democrata e a exercer seus direitos democráticos.
Aqui não há mão externa como alguns “analistas e comentaristas” querem dar a entender.
Também não passa de falácia a recente crónica de um coronel na reserva a respeito das eleições recentes. Quer no fundo dizer que sem a presença de gente da sua estirpe no conjunto dos candidatos ao parlamento a lista do partido a que pertence fica vazia de qualidade. Por mais que concorde com esse senhor quanto a questão de emergência de tendências de racismo e tribalismo no país também sinto que essa é a arma dos incompetentes que foram produzidos ao longo dos anos de governação do partido Frelimo.
Agora que essa massa de ente se vê ameaçada nos seus privilégios joga com tudo e contra todos.
Reconheçamos porque é no mínimo honestidade que o “vencedor” proclamado pela CNE é produto de engenharia eleitoral e não do voto popular.
Mais uma vez cabe aos políticos mostrar a todo um povo o que são realmente seus objectivos: subjugar ou permitir que a democracia floresça...



(Noé Nhantubo, Canalmoz)

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