Wednesday, 2 October 2013

Governo moçambicano pondera comprar armas para barcos encomendados em França

O Governo moçambicano poderá comprar armas para munir os navios de patrulha que encomendou em França, disse à agência francesa AFP o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Henrique Banze.
Apesar de estar a levantar polémica em Moçambique, devido à alegada falta de transparência do negócio de compra de 24 barcos para a pesca de atum e seis patrulheiros à Construction Mecanique de Normandie (CMN), de França, a operação parece irreversível, tendo o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, visitado os estaleiros da empresa em Cherbourg, na companhia do seu homólogo francês, François Hollande.
As dúvidas sobre o negócio estão a ser adensadas por contradições entre membros do Governo moçambicano sobre a origem dos 200 milhões de euros que Moçambique vai pagar pela aquisição dos navios.
Em declarações à AFP, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano disse que, depois de encomendar os navios, Moçambique poderá comprar as armas necessárias aos patrulheiros para a proteção das atividades da Ematum, a empresa que vai receber os navios, participada pelo Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), a "secreta" moçambicana.
"Sim, haverá uma compra de armas. É importante não apenas ter os barcos. Haverá também a necessidade de assegurar que eles sejam protegidos", disse Henrique Banze.
Contrariando afirmações feitas pelo ministro das Finanças moçambicano, Manuel Chang, de que o Estado moçambicano está a atuar no negócio apenas como avalista, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros disse que a verba para a compra dos barcos foi conseguida através de um empréstimo concedido por um país estrangeiro.
"O dinheiro do negócio dos barcos vem de um crédito de um país estrangeiro, que não posso dizer qual", acrescentou Henrique Banze.
Fátima Mimbire, do Centro de Integridade Pública (CIP), uma Organização Não Governamental que luta pela promoção da probidade no setor público em Moçambique, acusou o Governo de fornecer informações contraditórias sobre o custo do negócio dos barcos.
"Se os membros do Governo não falam a mesma linguagem, algo está errado. Entendo que precisamos de expandir as nossas exportações para gerar mais dinheiro, mas o Governo deve dizer a verdade por detrás desta operação", disse Fátima Mimbire.
Por seu lado, a embaixadora da Suécia em Maputo, Ulla Andrén, defendeu na rede Twitter, na segunda-feira, ser "necessário que haja mais transparência sobre a compra de 30 navios da Ematum garantido pelo Governo moçambicano".


Lusa

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