Thursday, 31 October 2013

Muchanga denúncia provável ataque à Afonso Dhlakama



O membro do Conselho de Estado de Moçambique António Muchanga denunciou à Lusa a ocorrência de um eventual ataque, hoje, à Serra da Gorongosa, onde provavelmente se encontra o líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama.
"O dia de hoje pode ser de banho (de sangue), porque temos conhecimento de que todos os militares que estavam com o Presidente moçambicano, Armando Guebuza na Presidência Aberta vão para uma batalha final. Foi a decisão que o Presidente da República tomou ontem quarta-feira no fim da sua visita a Manica", disse António Muchanga.
O membro do Conselho de Estado indicado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), oposição, falava à Lusa à margem da "manifestação contra o Governo" pela "guerra não declarada e os raptos" que assolam diversas regiões moçambicanas.


Folha de Maputo

Milhares manifestam-se em Maputo contra raptos e espectro da guerra


Milhares de pessoas estão hoje a participar numa manifestação pacífica em Maputo, em protesto contra a onda de raptos e o espetro da guerra que ameaça Moçambique, acusando o Governo de estar "mudo" e a polícia de "corrupção".
"Pela primeira vez, estamos a marchar contra o nosso Governo. Temos um líder-chefe que deve cuidar de cada um de nós. Não deve existir nenhuma diferença no tratamento de cada moçambicano que nós possamos ser", gritou, para as milhares de pessoas presentes, Mohamed Asif, da organização do protesto, no interior de um veículo ligeiro, na dianteira da manifestação.
A "Marcha pela paz e contra os raptos" foi organizada pela Liga dos Direitos Humanos, em conjunto com outras organizações da sociedade civil e confissões religiosas, numa reação à onda de raptos e ao clima de instabilidade político-militar que Moçambique atravessa.
"Depois de terem sido raptadas a toda a hora, as pessoas são deixadas em pânico, apesar da guerra já estar a acontecer. Isto é pior do que a Líbia. As pessoas não vão viver nunca: com todos os chefes (de Estado) vamos ter de passar por guerras? Não estamos para isso. Estamos para a paz", disse Asif, em declarações à agência Lusa.
"É uma manifestação contra o Governo (moçambicano) porque nós exigimos os nossos direitos que não estão a ser cumpridos", acrescentou.
Trajando camisolas brancas ou vermelhas, com frases como "abaixo a violência, o racismo, a corrupção, os raptos", os manifestantes concentraram-se, ao inicio da manhã, junto à estatua de Eduardo Mondlane, na avenida com o mesmo nome, seguindo em direção à Praça da Independência.
"Abaixo a polícia corrupta, abaixo o Governo mudo, abaixo o racismo", gritavam os manifestantes.
Uma onda de raptos assola a capital moçambicana, dirigida contra setores economicamente favorecidos, habitualmente descritos na comunicação social e do discurso oficial como "moçambicanos de origem asiática", conceito repudiado pelos manifestantes.
"Cidadãos de origem asiática não existem, existem cidadãos moçambicanos", contrapôs Asif.
"Os raptores usam as telefonias móveis para intimidar o povo moçambicano e, mesmo assim, as telefonias continuam surdas. Os raptores usam os bancos para transferências bancárias ilícitas e, mesmo assim, os bancos estão surdos", gritava-se na manifestação.
A atividade económica na cidade de Maputo está hoje a funcionar a meio gás, o que indicia a solidariedade de muitos empresas - que estarão hoje encerradas total ou parcialmente - com a marcha de protesto.


LUSA  

Marcha em Maputo





Nota do José = Tambem decorrem marchas na Beira e em Quelimane!

Escrever a história de Moçambique não é linear mas urgente

Tragam os “libertadores” à mesa e que se expliquem…
Alas se digladiando e o povo sucumbindo…

Beira (Canalmoz) – Algumas das causas da crise actual no País remontam dos tempos em que se combatia contra o colonialismo português.
Aquela intolerância quase sempre característica de uma liderança que não admitia concorrência ou pontos de vista contrários aos seus evidencia-se os dias de hoje.
Quando se fala de caldo entornado ou se entornando refere-se ao facto de que o diálogo supostamente destinado a produzir consensos apaziguadores e um ambiente de confiança entre as partes desavindas.
Se hoje aparece a Renamo contra a Frelimo antes a oposição era dentro da mesma Frelimo e um tratamento de choque radical foi a escolha de ala contra a outra. Assassinatos políticos caracterizaram os primórdios da independência sob a justificação de que se travava de contra-revolucionários que estavam atentando contra os interesses dos moçambicanos, foram chamados de traidores e sem direito a julgamento foram mortos.
Agora que a propalada revolução “morreu de morte morta” onde estão os revolucionários e os contra-revolucionários?
Se temos alas goesas, guebusinas, chissanista dentro da Frelimo quem põe o “guizo ao gato”?
Andaram dizendo tanto para neste momento estarmos no fundo do poço do capitalismo selvagem? Como explicar que se tenha promovido tanta intolerância que levou ao extermínio de “camaradas”?
Não se pode questionar a necessidade de obediência a critérios no processo de uma política e militar desigual e dependente de altos níveis de inteligência e secretismo operacional.
Não se pode recusar que “a revolução defende-se”. Mas onde sempre esteve tal revolução? O mecanicismo socialista ou revolucionário proposto e imposto era a tal revolução que visava criar o “homem novo”?
Tudo indica que o combate visava uma bandeira diferente mas que seus líderes estavam mais inclinados em replicar o modelo de vida das elites “revolucionárias” soviéticas e chinesas. Uma classe de funcionários do partido obedecendo as instruções e orientações de uma liderança quase não humana, infalível deveria assegurar através do trabalho de milhões de pessoas que os especiais e eleitos tivessem todos os dias caviar e champanhe.
Negar este sistema era motivo suficiente para ser detido, preso, interrogado e deportado para campos chamados de reeducação. Alguns altos representantes da “linha revolucionária” triunfante ainda manifestam pesar por não existirem mais campos de reeducação e Moçambique.
Esta é a realidade moçambicana. Uns querendo sempre se impor a maioria em nome e com base na sua participação na luta armada de libertação nacional e outros tendo que se resignar à sorte de cidadãos de segunda.
Agora que se lançou uma ofensiva contra parte daqueles que se declaravam guardiões da revolução, a “famigerada” ala de Goa muitos se admiram da desfaçatez de ex-camaradas. Mas na essência é a roda da história de um movimento político que cresceu cultivando a intolerância.
Nestes dias em que se agudizam sinais de uma tentativa de reinstalação de uma atmosfera ditatorial e de eliminação da oposição só pudemos falar de um recuo real de tudo que parecia alcançado e assegurado.
Tratar as questões por fases, primeiro inviabilizar a Renamo e depois lidar com o MDM pode ser a estratégia eleita.
Combinar a obediência a uma liderança que soube eliminar silenciosamente a oposição interna no partido e tomar contra dos instrumentos económicos e financeiros está seguido à risca.
Sejamos coerentes e encontraremos algumas verdades que não nos querem dizer. O congresso de Pemba foi crucial para obliterar a oposição no seio da Frelimo. Quando os “históricos” são relegados a peças de museu e não lhes é permitido pronunciarem-se é indicativo inequívoco de um assalto ao poder com todas as suas consequências.
Não sejamos cegos nem surdos num momento grave da história nacional.
Moçambique pode descambar para uma ditadura sanguinolenta a qualquer momento.
É da responsabilidade de todos alguma coisa fazer para travar gente com apetites devoradores.
Não se pode um dia que seja na denúncia de atitudes e procedimentos contrários a conivência democrática pois esta é a única que pode garantir a paz, estabilidade e desenvolvimento em Moçambique.
O jogo da constitucionalidade é praticado pelos que se querem perpetuar no poder. Aí esgrimem todos os trunfos e recusam qualquer cedência.
A paridade não é nenhum diabo que vai interromper o tal apregoado desenvolvimento, pelo contrário.
O que não foi resolvido a contento aquando do AGP pode muito bem ser corrigido com frontalidade, abertura e sobretudo sem subterfúgios.
Nunca é tarde para defendermos nosso País e seu povo das garras dos abutres…


(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

Wednesday, 30 October 2013

Marcha pela paz e contra onda de sequestros nesta quinta-feira em Maputo

Espera-se que sete mil e 10 mil cidadãos participem numa marcha pacífica nesta quinta-feira (31), na capital de moçambicana, em apelo à paz e repúdio à onda de sequestros que nos últimos tempos assolam as principais cidades do país.
Liderada pela Liga dos Direitos Humanos (LDH), a manifestação pacífica de indignação e repúdio à violência é co-organizada pelas Organizações da Sociedade Civil e confissões religiosas e todos os cidadãos interessados deverão participar.
Segundo o programa divulgado pelos organizadores, a concentração para a caminhada será feita na Estátua Eduardo Mondlane, donde deverá se marchar até a praça da Independência, local que acolherá o momento mais alto deste evento: a leitura do manifesto, pela presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabote.
O documento depois de lido deverá ser entregue a embaixadas de diferentes países e outros representantes da comunidade internacional. A onda de raptos constitui uma grande preocupações para a população que entende estar a haver uma apatia por parte das autoridades competentes.
Recentemente, um caso ocorrido na cidade da Beira, Sofala, chocou meio mundo, quando uma criança de 13 anos foi assissinada pelos raptores, após terem tido conhecimento de que os familiares do menor haviam participado o caso à polícia.
Entretanto, por outro lado, ainda essa semana, seis de cerca de oito indivíduos que estavam em julgamento em associação aos raptos foram condenados a 16 anos de prisão. Entre os condenados constam alguns agentes da polícia, sendo que um deles pertencente a considerada “polícia de elite”, que cuida da segurança do Chefe do Estado.
A comunidade muçulmana ou moçambicanos de origem asiática desde o início desta fenómeno de raptos foi apontada como sendo o principal alvo, contudo este facto foi se alterando com a popularização deste crime. Uma nota dos organizadores da marcha, em apelo à maior participação refere que “a situação de raptos já está a passar dos limites, ontem foram uns, hoje são outros e amanha serão outros. Os que já sofreram não pensem que não poderá o mesmo se repetir.”
Assim de acordo com o mesmo documento os estalecimentos comerciais deveriam ser encerradas nesta quinta-feira e as crianças não serem mandadas a escola “Os objectivos seriam exigir que o ministro fosse exonerado naquele momento e a retirada das tropas de Muxungue e arredores. (...) arranjar facilitadores e mediadores para as negociações dos partidos,” aponta a nota.
Em Junho passado, uma marcha pacífica de repúdio a violência, organizada pela sociedade civil, teve que ser adiada devido a fraca presença de cidadãos.


A Verdade   



Nota do José = A marcha não é so contra a criminalidade mas tambem contra a instabilidade! A organizadora, Alice Mabota, foi bem clara: "
A sociedade civil, as confissoes religiosas, os cidadaos comuns interessados na paz e estabilidade convocam uma manifestacao pacifica de repudio a onda de raptos e a instabilidade que assola o pais."

MDM fica fora do diálogo entre RENAMO e Governo moçambicano

Sande Carmona, porta-voz da terceira maior força política moçambicana, diz que o partido tentou participar nas negociações entre as duas partes em conflito. Mas "não foi ouvido".
Em Moçambique, a crise político-militar é um assunto discutido apenas entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição. Da oposição quase nada se ouve sobre um contributo para resolver o assunto.

A DW África ouviu Sande Carmona, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira maior força do país e que tem também assento parlamentar, além das partes antagónicas.

DW África: Qual a posição do MDM sobre a presente tensão entre o Governo e a RENAMO?

Sande Carmona (SC): O MDM lamenta a perda de vidas humanas que está a acontecer em Moçambique, relativamente ao que tem acontecido no confronto entre as tropas governamentais e a RENAMO. A maioria dos que estão a perecer são inocentes e civis. O MDM condena veementemente essa situação de confronto. O uso da força está a ser cada vez mais importante para os dois lados, esquecendo-se que é só com palavras que se pode encontrar o bom senso na diferença.

MDM fora da mesa de negociações entre RENAMO e Governo da FRELIMO
DW África: Esta tensão é dominada pela RENAMO e pelo Governo. A oposição está de fora. Ela não tem um contributo a dar nesta crise?

SC: Desde a primeira hora que o MDM esteve atento, a acompanhar a evolução da situação. E sempre instámos o Governo, o Presidente da República e a liderança da RENAMO para que fossem coerentes, para evitar que as situações pudessem chegar onde chegaram. Fizemos várias vezes comunicados de imprensa, fizemos tudo o que era possível para que entendessem que Moçambique não precisa de guerra. O país precisa de paz para recuperar o tempo perdido no âmbito do desenvolvimento económico e social.

DW África: Mas em termos concretos, neste processo de negociações, o que fez o MDM? Tomou alguma iniciativa para participar nas negociações?

SC: Sempre dissemos que as negociações tinham que envolver todas as forças vivas de Moçambique, para permitir a existência de uma espécie de mediação. E predispusemo-nos a estar presentes nesta negociação para darmos o nosso contributo. Mas, infelizmente, não fomos entendidos ou ouvidos.

DW África: As eleições marcadas para 20 de novembro estão à porta, no meio desta crise. Geralmente estas situações são "aproveitadas" pelas forças políticas para construírem caminho com vista à vitória. O MDM pensa fazer este aproveitamento político, de alguma maneira?
 
SC: Não, o MDM não pretende fazer aproveitamento político nesse âmbito, uma vez que o MDM é um partido de paz. Muito pelo contrário, o MDM faz tudo para que o povo moçambicano viva tranquilamente e tenha oportunidade de escolher os melhores filhos de Moçambique para dirigir os destinos deste país.

Uma melhor escolha só é possível quando há paz. Quando o povo não se sente intimidado e vai às urnas realmente consciente de que é preciso encontrar as pessoas certas para [espelhar] aquele que é o pensamento do povo moçambicano.
DW África: No Parlamento moçambicano estão a RENAMO, a FRELIMO e o MDM. Ou seja, para além das duas forças antagónicas nesta crise, está o MDM. O que é o partido faz no Parlamento para ajudar a pôr fim a esta tensão?

SC: Infelizmente, o MDM tem um número reduzido, em termos de deputados à Assembleia da República. No tempo que tem na Assembleia da República, o MDM faz tudo e mais alguma coisa para fazer entender as duas bancadas antagónicas que é através do diálogo que se pode alcançar a paz, é através do diálogo que as pessoas têm de se entender.

DW.DE

Graça Machel acusa governo de silêncio perante onda de raptos

A activista social Graça Machel acusou esta quarta-feira, 30 de Outubro, o governo de silêncio perante "o terror" infligido à população pela onda de raptos que tem assolado o país nos últimos dois anos.
Uma criança de 13 anos foi assassinada pelos seus raptores no passado fim-de-semana na cidade da Beira, centro, depois de descobrirem que a família informou a polícia do local onde iam pagar o resgate.
A criança é a primeira vítima mortal entre as dezenas de raptos verificados nos últimos dois anos nas cidades, na maioria das quais as vítimas foram libertadas mediante o pagamento de elevadas somas de dinheiro.
Graça Machel expressou a "profunda inquietação das comunidades moçambicanas" sobre os raptos, na qualidade de presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), falando por audioconferência para jornalistas moçambicanas a partir da África do Sul.
"Neste caso, não há uma palavra sequer do nosso governo, aquilo que nós estamos a exigir é que as autoridades têm que falar com o povo, tem que falar com as comunidades, tem que explicar como é que se deve ligar o esforço do Estado e o esforço das comunidades, porque isso não se pode resolver apenas com medidas policiais. Este silêncio do governo deixa as pessoas com o sentido de estarem abandonadas e desprotegidas", afirmou Graça Machel.
A sociedade moçambicana, assinalou a activista social, está refém dos raptores, que, com a sua actuação, têm espalhado um sentimento de terror e insegurança.
"Nós não queremos ficar reféns dos sequestradores, eles é que devem ter medo de nós e não deve ser a sociedade a ter medos deles. Neste momento, porque nos faltam elementos de como construir a nossa proteção, estamos reféns e entregues ao medo", declarou Graça Machel.
Para a presidente da FDC, a sociedade não se revê na forma como as autoridades estão a lidar com os raptos, situação que faz com que as vítimas deste tipo de criminalidade recorram a meios próprios para se salvarem.
"Os cidadãos não se encontram, não se revem na forma como o Estado está a responder à situação dos raptos. Os casos que são resolvidos não é muito claro que tenham sido resolvidos por intervenção correcta e clara das instituições, muitos cidadãos recorrem a meios próprios e a amigos para resgatar os seus entes queridos", disse Graça Machel.
 
 
 
 

Concentração para “manifestação contra a desgovernação” será na Estátua Eduardo Mondlane

Maputo (Canalmoz) – A concentração para a manifestação pacífica contra a desgovernação do País, que terá lugar amanhã, quinta-feira, em Maputo, será na estátua Eduardo Mondlane, na avenida do mesmo nome e não na Praça da Independência, como havia sido anunciado antes, pela organização. A marcha vai começar depois das oito horas, da estátua Eduardo Mondlane e vai desaguar na Praça da Independência, em frente ao município de Maputo.



Canalmoz

Tensão sobe para o Norte do país



Detido delegado da Renamo em Nampula
Troca de tiros entre forças governamentais e homens armados, no distrito de Rapale, em Nampula,  criou centenas de deslocados. A polícia diz que queria capturar guerrilheiros da Renamo
Nampula viveu, ontem, momentos de pânico! Centenas de pessoas refugiaram-se nas matas e nos principais centros urbanos, na sequência dos intensos tiroteios, provocados pelas Forças de Defesa e Segurança que, alegadamente, pretendiam desactivar um esconderijo dos guerrilheiros da Renamo, na localidade de Napome, posto administrativo de Rapale, a cerca de 50 quilómetros da capital provincial.
Consta que os guerrilheiros da Renamo se haviam instalado nas montanhas desde a passada quarta-feira, depois de abandonarem a residência do seu líder, Afonso Dhlakama, sita na rua das flores, na cidade de Nampula.
O tiroteio iniciou por volta das 08h00, altura em que os camponeses trabalhavam nos seus campos agrícolas, o que fez com que muita gente daquela localidade e das comunidades circunvizinhas não tivesse tempo de regressar às suas casas.

Conforme apurámos, através de denúncias populares, as Forças de Defesa e Segurança ter-se-ão apercebido da movimentação dos homens armados nas matas desde a semana passada. Não há informações oficiais a cerca desta operação e nem se teria havido baixas em ambas as partes, mas alguns cidadãos ouvidos pela nossa reportagem, na localidade de Napome, dizem ter visto grupos de indivíduos armados a fugirem em debandada em direcção ao vizinho distrito de Murrupula, por sinal onde estava instalada uma das principais bases da Renamo.
AMBIENTE DE PÂNICO
A nossa equipa de reportagem, que ontem que se fez ao local para se inteirar da situação, foi confrontada com cenários tristes. Pessoas carregadas de alguns bens de primeira necessidade iam cruzando os caminhos ao longo de todo o dia de ontem e num ambiente de total desespero. Algumas comunidades, que se localizam em zonas montanhosas, ficaram praticamente abandonadas.
Durante cerca de uma hora em que a nossa equipa de reportagem esteve numa das paragens da capital provincial, foi possível notar a entrada de mais de dez camionetas totalmente lotadas de pessoas visivelmente desesperadas. 

Como nos referimos anteriormente, não foi possível obter qualquer informação junto das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. As autoridades policiais, na pessoa do seu porta-voz, Miguel Bartolomeu, limitaram-se a afirmar que as Forças de Defesa de Segurança estão, neste momento, à procura de informações exactas que facilitem a localização dos homens armados da Renamo, que se encontram dispersos desde



O País

Esta quinta-feira em Maputo: Agendada manifestação contra a “desgovernação” do País

Maputo (Canalmoz) – O País está num verdadeiro ambiente de caos. De um lado está o espectro de guerra civil onde, em troca de tiros entre tropas governamentais e da Renamo, cidadãos inocentes estão a ser sacrificados e do outro lado os raptos estão a atingir níveis de calamidade perante uma polícia altamente inoperacional e às vezes conivente. A insegurança está generalizada, e o chefe de Estado finge que está tudo bem e limita-se a mandar recados e a atacar a sociedade civil. É sob este ambiente que várias organizações da sociedade civil convocam uma marcha sob organização da Liga dos Direitos Humanos e outras organizações para protestar contra a ausência de um Governo comprometido com a segurança dos cidadãos e a apelar à paz. A concentração está marcada para às oito horas desta quinta-feira, na Praça da Independência, em frente ao Conselho Municipal da cidade de Maputo. Hoje, quarta-feira, as organizações da sociedade civil que estão a coordenar o evento que espera juntar muitos moçambicanos vão dar uma conferência de Imprensa na Liga dos Direitos Humanos para dar mais detalhes da manifestação pacífica.


Canalmoz

AGP pode ser aprimorado nos erros que pode conter

Em vez de se reacender a Guerra
– Daviz Simango, presidente do MDM falando na II Sessão Extraordinária da Comissão Politica do seu partido, na Beira, que apelou à Frelimo e Renamo para se comprometerem para o bem dos moçambicanos

Beira (Canalmoz) – O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), através do seu presidente, Daviz Simango, ...manifestou ontem a sua indignação perante “jogos dúbios e manobras que com o tempo se constituíram em verdadeiros factores de produção de crises e conflitos em Moçambique”, o que ocorre vinte e um anos após a assinatura do AGP em Roma, que segundo ele, é um acordo que merece ser aprimorado dentro da concórdia e em prol dos moçambicanos. Falando na II Sessão Extraordinária da Comissão Politica, na Beira, o presidente do MDM afirma que entrou-se para uma situação de silêncio das armas mas infelizmente também de continuação da bipolarização da cena política no país.
Daviz Simango afirmou que os “arquitectos da desgraça nacional”, há já algum tempo que ensaiam as mais variadas manobras no sentido de impedir que os moçambicanos usufruam de seus direitos políticos e económicos.
A paz, sossego, tranquilidade, estabilidade, progresso, desenvolvimento nacional que a maioria sonhou que se tornaria realidade com a assinatura histórica do fim das hostilidades não se concretizaram, na óptica do filho do primeiro e único vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique, agora presidente do terceiro partido do parlamento moçambicano.
Estas discussões ora chamadas de diálogo e outras vezes por outros denominadas de negociação tornaram-se num autêntico jogo de “ping-pong”, com as delegações encontrando-se mas não encontrando consensos que possam trazer de volta a calma, serenidade, estabilidade e paz, disse o presidente do MDM.
“Vivem-se momentos perigosos que os interlocutores não estão tendo capacidade de assumir que perigam a paz tão arduamente conquistada pelos moçambicanos. Não se pode permitir que Moçambique seja novamente conduzido a uma guerra civil seja sob qual for o pretexto”, afirmou Simango.
O Movimento Democrático de Moçambique nesta hora grave da história nacional, atendendo que os recentes desenvolvimentos na esfera política e militar auguram um presente e futuro de violência, junta-se a todos os moçambicanos para repudiar a violência como forma de resolver os problemas políticos existentes, observou o presidente do MDM, que também é presidente do Conselho Municipal da Beira.
Ele recordou que “ontem nas nossas estradas compatriotas nossos voltaram a serem assassinados, bens saqueados, investimentos queimados com balas” e acrescentou: “queremos condenar os ataques perpetuados contra moçambicanos independentemente dos motivos encontrados. Basta de mortes nas nossas famílias resultantes duma violência resultante da ignorância, da exclusão, da intolerância politica e de estratégias erradas de se fazer política em democracia".

Raptos

A indignação do MDM é contra “todo o espectro de mal social”. “Ao longo da semana compatriotas nossos foram raptados, outro terrorismo de caça aos indefesos, situação que impera contra os interesses de quem quer investir no nosso país. Voltamos a dizer basta aos raptos, que enriquecem ilicitamente a rede de contrabando humano, perante um olhar indiferente de quem de direito que se abstém das suas responsabilidades perante concidadãos", afirmou.
“Somos solidários com as famílias das vitimas dos raptos, bem como dos vários deslocados forçados a estarem fora do seu habitat, das crianças que vêem o ano lectivo perdido retardando os seus sonhos de contribuírem para a construção da sociedade moçambicana, das mães que não conseguem dar alimentos aos seus filhos, dos professores e enfermeiros que deixaram de contribuir na educação e no salvamento de vidas, dos comerciantes que viram seus produtos pilhados, dos que perderam o seu ganha-pão, em fim… de todos moçambicanos afectados directa ou indirectamente nesta situação”, frisou o presidente do MDM.

Partidarização das FADM e Polícia

A partidarização do Estado e das forças de defesa e segurança “merecem a nossa veemente condenação pois colocam em causa os direitos fundamentais inscritos na lei mãe do país”, defendeu Daviz Simango.
O MDM clama e luta por uma democracia real e sem qualquer discriminação dos actores políticos nacionais, disse. "Estamos atentos à tentativa de subverter os genuínos interesses nacionais e avançar com teses que consubstanciam uma promiscuidade entre a coisa pública e privada. Os ataques aos direitos políticos utilizando de maneira oportunista os dispositivos legais, constituem actos que atentam contra a convivência pacífica no país. Atacar e assaltar sedes de partidos políticos da oposição, a inibição de prática de actividades políticas pelos partidos da oposição, a protecção recebida por agentes provocadores enquadrados por estruturas políticas do partido governamental, a falta de protecção e defesa legalmente previstos dos ofendidos, revelam uma estratégia de amedrontar e limitar a acção do MDM e de outros partidos políticos”, denunciou aquele político.

Erros do AGP

“O MDM não pode de modo algum ignorar que houve erros na implementação do Acordo Geral de Paz de Roma”, defendeu a certo passo o seu presidente ontem na Beira. “Nesse sentido julgamos e acreditamos que é legítimo que as partes signatárias do AGP assumam a sua responsabilidade inalienável de corrigir o que foi conduzido de modo precário e insuficiente. As questões que não foram atempadamente solucionadas não devem ser nem constituir causas para a interrupção do processo político nacional”.
“Problemas antigos cuja solução foi sendo adiada à luz de estratégias inconfessáveis surgem hoje de maneira estranha como prioritários. De uma maneira sinistra e perigosa as forças antidemocráticas querem que se criem condições para que os pleitos eleitorais previstos sejam adiados”, disse Simango.
“Face à pujança e musculatura política evidenciada pelo nosso partido à escala nacional, os estrategas contrários ao desenvolvimento genuíno e comparticipado do país ensaiam recuos de todo o tipo. Se antes estavam convencidos de que poderiam limitar a participação eleitoral da oposição através de esquemas elaborados ao nível da CNE e de outros órgãos judiciais, hoje já não tem garantia de que tais esquemas funcionem a seu contento, pois o povo já abriu os olhos”.
De acordo com Daviz Simango, “como MDM continuaremos assumindo a nossa responsabilidade histórica de defesa intransigente dos mais altos interesses dos moçambicanos apoiando uma discussão aberta e profunda de todos os dossiers nacionais”. “Acreditamos que a causa nacional está acima de qualquer interesse privado ou de grupos”, defendeu Daviz Simango.
“A gravidade da situação exige que cada um de nós tome uma posição inequívoca e de comprometimento com a causa nacional. Isso exige a responsabilidade de nos batermos pelo verdadeiro diálogo. A questão não é de vencedores e vencidos a partir do momento em que os assuntos tocam a vida dos moçambicanos. É preciso que haja clareza nos objectivos que as partes em diálogo dizem ter. No lugar de manobras dilatórias e inconsequentes, o MDM e os moçambicanos exigem engajamento construtivo e responsável”.
“As proclamações mediatizadas de alguns segmentos sobre a PAZ já se mostraram insuficientes e ineficazes. Festivais de camisetas e capulanas, música e debates televisivos condicionados por agendas denegrindo uns e apoiando outros não promovem harmonia e concórdia no seio da família moçambicana. Instrumentalizar as organizações da sociedade civil mina a democracia e impede que se desenvolvam mecanismos genuínos de participação destas organizações na vida política do país”, prosseguiu Simango.
“Hoje para o MDM está claro que a falta de confiança entre as partes, a intolerância e a tentativa de açambarcamento da agenda nacional afasta as partes de uma solução consensual, promotora da paz e estabilidade em Moçambique”, continuou.
“Num momento em que se mostra falida a tese ou slogan da “Unidade Nacional” pois os moçambicanos compreendem que seus promotores utilizam esses artifícios verbais para defesa de seus interesses particulares e privados, importa que estejamos atentos a novas e diferentes investidas dos que se querem perpetuar no poder mesmo com sua legitimidade corroída”.
“O MDM é por eleições conforme o calendário previsto porque só através deste processo se pode legitimar o exercício do poder em democracia”, disse Simango.
“E entendemos de que Eleições livres, justas e transparentes são o único imperativo nacional, para promover o desenvolvimento sustentável. Os que prolongam diálogos numa direcção de se esgotar tempo e declarar-se adiamentos sabem porque o fazem”, afirmou o também o presidente do MDM.
Apesar de “sermos um partido jovem do ponto de vista de data de fundação, congregamos a vontade secular dos moçambicanos de viverem em paz, estabilidade e gozando de seus direitos políticos e económicos. O MDM é pela tolerância e inclusão, é pelo desenvolvimento inclusivo e pela defesa dos valores que engrandeçam esta pátria de todos nós”, defendeu.
Hoje como ontem quando nascemos, estamos prontos para participar nos pleitos eleitorais pois acreditamos que essa é a oportunidade soberana de colocarmos nosso manifesto político aos nossos concidadãos”.
“Nossa participação na vida política do país Moçambique faz-se de maneira pacífica e ordeira, duma forma consciente e coerente”.
“O MDM apoia sem reservas a institucionalização dos preceitos democráticos no país e quer ver promovido um ambiente que permita aos moçambicanos escolherem seus representantes a todos os níveis, duma forma livre e sem correrem risco de serem despromovidos, perderem o emprego ou ser perseguidos”, disse ainda Daviz Simango.
“Sem receios de represálias, sem ameaças nem declarações belicistas, sem coacção, sem manietação institucional e partidarização do estado e suas forças de defesa e segurança, acreditamos que a democracia tem todas as condições de vingar e desenvolver-se em Moçambique”, defendeu.
“Quando repetimos todos os dias “Moçambique para Todos” é com firmeza e amor a este Moçambique”, acrescentou emovionado.
Por fim, Daviz Simango apelou à “serenidade e respeito pela Constituição, ao envolvimento de todos os interlocutores nacionais, nomeadamente os partidos políticos, as confissões religiosas, as organizações da sociedade civil na busca da paz e de um acordo político que renovem a esperança merecida deste sofrido povo”.
“Respeitemos as escolhas populares sem receios nem subterfúgios. E lembrem-se de que dia 20 de Novembro nos territórios municipais teremos eleições autárquicas, reiteramos o nosso convite informal para todos ai residentes se façam presentes nas mesas para votarem de acordo com escolhas individuais, de forma a darmos ao Cesar o que de Cesar”, concluiu Daviz Simango.


(Adelino Timóteo, Canalmoz)

Tuesday, 29 October 2013

Confronto em Nampula

Acabamos de confirmar troca de tiros entre forças governamentais e homens da #Renamo na manhã de hoje na província de #Nampula.
Segundo as primeiras indicações que temos estes homens da Renamo, que se acredita chegarem a pelo menos uma cen...tena, pertencem a guarda pessoal de Afonso #Dhlakama e há alguns dias abandonaram a residência do líder no centro da cidade de Nampula e foram procurar refúgio no distrito de Rapale, povoado de Naphome numa zona montanhosa conhecida pelo nome de Navevene.

NOTÍCIA EM ACTUALIZAÇÃO EM http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35/41059

Ataque à Maringué pode ter resultado em 58 mortos

Há indícios de que 51 pessoas perderam a vida ontem, em Maringué, província de Sofala, em consequência do ataque das Forças de Defesa e Segurança à base da Renamo, naquela parcela do país.
Segundo escreve hoje, o Media fax, o assalto à Maringué deixou 58 mortos, na província de Sofala, dos quais 41 entre os homens de Afonso Dhlakama e 17 entre as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
De acordo com o Media fax, fontes credíveis no local confirmaram as baixas de ambas partes, embora, “oficialmente o Ministério de Defesa Nacional tenha negado a existência de vítimas, pelo menos no seio das forças governamentais”, lê-se.
Refira-se que alguma imprensa nacional, avançou hoje em Maputo, que um tiroteio fustigou (hoje) o distrito de Rapale, na província de Nampula, envolvendo as forças governamentais e os homens armados da Renamo, obrigando a população local a procurar abrigo em outros pontos da mesma província. 


Folha de Maputo

Homens armados atacaram hoje coluna de viaturas

Esta manhã no troço Muxúnguè-Rio Save


Maputo (Canalmoz) - Homens armados desconhecidos, voltaram a protagonizar mais um ataque na manha desta terça-feira, no troço Muxungue-Rio Save.
Uma fonte da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, que preferiu falar no anonimato por não estar agora autorizada a falar dos ataques "sen...ão o director da Ordem", confirmou o ataque e disse que no mesmo houve registo de mortos e feridos. Também alguns civis que viajavam na coluna e que saíram ilesos confirmaram o ataque.
O alvo do ataque que ocorreu pouco depois das 7 horas a 30 quilómetros depois de Muxungue, desta vez segundo a mesma fonte, foi uma coluna de viaturas que fazia o trajecto no sentido Muxúnguè-Rio Save.
A fonte disse que os feridos estavam a ser transferidos para o Hospital Rural de Muxúnguè e a coluna tinha prosseguido a sua viagem.
Durante o ataque, apenas duas viaturas conseguiram passar, sendo que as restantes ficaram no terreno bloqueadas por nuvens de fumo provocadas pelos disparos das duas forças, a dos homens armados e a das Forças de Defesa e de Segurança.
Estamos a tentar falar com o director da Ordem do Comando Provincial da PRM em Sofala, Aquilasse Kapangula "que é a pessoa que fala sobre esses assuntos", mas o seu telefone está fora da rede.

Notícia actualizada as 9h45min.

(Bernardo Álvaro)

Renamo condiciona negociações à presença de observadores

Para evitar mais desentendimento

Mais uma vez esta segunda-feira, não houve negociações…e o espectro de guerra continua na região centro do País

Maputo (Canalmoz) – A delegação da Renamo não foi esta segunda-feira, 28 de Outubro, à habitual mesa de negociações com o Governo por não ter sido satisfeita a sua exigência de inclus...ão de observadores para desbloquear os constantes impasses. Após o Governo ter manifestado o interesse de voltar a negociar com a Renamo, a delegação da Renamo informou por escrito ao Governo, no dia 24 de Outubro, que só aceitava entrar para a sala de negociações se estivessem presentes os observadores “capazes de aproximar as posições para evitar impasses registados em 24 rondas negociais”.
De acordo com o chefe da equipa negocial da Renamo, Saimone Macuiana, o Governo moçambicano não respondeu à carta da Renamo e decidiu “ir ao centro de conferência Joaquim Chissano sozinho”, local onde vem decorrendo até aqui infrutíferas negociações.
De facto, de acordo com uma cópia a que tivemos acesso, a Renamo informou em carta datada de 24 de Outubro de 2013 e com a referência n.143/GPR/13 enviada ao Secretariado do Conselho de Ministros na pessoa do respectivo secretário Carlos Taju, que a sua participação estava condicionada à presença de observadores na mesa do diálogo.
A Renamo, na voz do seu negociador chefe, reitera a disponibilidade para voltar a negociar com o Governo para pôr termo ao actual clima de tensão político-militar que se vive em Moçambique, mas exige que seja na presença de observadores. A Renamo já apontou como possíveis observadores o académico e reitor da Universidade Politécnica, Lourenço do Rosário, e o bispo da Igreja Anglicana, Dom Dinis Sengulane.
Enquanto as negociações não decorrem, a tensão continua na zona centro do País e o líder da Renamo continua a ser “caçado” pelas forças governamentais. Na tarde do mesmo sábado, o porta-voz do chefe de Estado moçambicano apareceu publicamente a informar que as “Forças Armadas de Defesa devem continuar a agir com maior eficácia e eficiência possível”, o que foi interpretado como intenção do Governo de resolver o diferendo pela via das armas. Estas declarações vêm juntar-se às do ministro da Defesa, Filipe Nyussi, que anunciou há dias que a perseguição ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e seus membros “deve continuar”, o que vem deitar abaixo todos os apelos à resolução por via de diálogo da crise político militar que está a sacrificar vidas humanas.
Ainda nesta segunda-feira, 28 de Outubro, a bancada parlamentar da Renamo convocou a Imprensa para condenar o “assassinato” do seu deputado, no ataque das forças governamentais no dia 21 de Outubro à base e residência do líder da Renamo em Sadjundjira, Gorongosa. “Que legitimidade têm as Forças Armadas de Defesa para atacar, ocupar e saquear a residência de um cidadão moçambicano”, questionou a líder parlamentar da Renamo para depois afirmar que “a bancada da Renamo está convicta de que só e somente com o diálogo sério, sincero e responsável, Moçambique poderá alcançar a paz e democracia”.
Refira-se que, estranhamente, a Assembleia da República tem vindo a desenvolver o seu trabalho normalmente e não agendou o debate sobre a actual tensão política. O partido Frelimo controla todas as comissões de trabalho, incluindo a comissão permanente, pelo que só vai a debate o que for do seu interesse.

(Matias Guente)

Monday, 28 October 2013

RENAMO reafirma que continua aberta ao diálogo

As últimas notícias provenientes de fonte militar e citadas pela LUSA dão conta que o exército governamental terá recuperado o controlo da sede da vila de Maringué, no centro de Moçambique.

Antes de se saber que o exército governamental voltou a controlar Maringué e tomou a sede da RENAMO no centro do país, o maior partido da oposição moçambicana boicotou esta segunda-feira (28.10) as conversações com o Governo, mas garantiu que "continua aberto ao diálogo", mediante a presença de observadores, considerando que o executivo usa "estratégia dupla: diálogo na mesa e plano militar ativado no terreno".
Desde que foi desalojado do acampamento em que vivia em Satunjira,
na província de Sofala, centro de Moçambique, pela ofensiva do exército moçambicano, o líder da RENAMO Afonso Dhlakama é dado pela imprensa local como "fugitivo", mas desconhece-se se pesa sobre ele um mandado judicial.
O chefe da delegação da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) nas conversações com o executivo moçambicano, Saimone Macuiane, disse hoje aos jornalistas que o principal partido da oposição e o seu líder "continuam a defender a negociação ou diálogo como solução única para ultrapassar a crise política que se vive no país".
Contudo, Macuiane acusou o Governo de recusar a presença das personalidades Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica, e Dinis Sengulane, bispo da Igreja Anglicana em Moçambique, escolhidas pela RENAMO para mediarem o conflito.
Esta segunda-feira, as duas delegações não realizaram o habitual encontro do início da semana porque a RENAMO enviou um ofício ao executivo moçambicano, condicionando a presença de facilitadores, mas até à hora do início da discussão não obteve resposta da delegação governamental.

Enquanto isso, Moçambique atravessa a sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.

Lourenço do Rosário (LR) Reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, foi entrevistado pela DW África.
DW África: O que é importante neste momento com vista a pôr cobro à crise que se instalou em Moçambique?
LR: Informàmos à RENAMO que o importante é solucionar o problema militar porque aquele partido tem enfatizado que sem resolver o problema do pacote eleitoral não há conversações sobre a desmilitarização e a segurança. Mas, dadas as circunstâncias neste momento em que a base foi ocupada, o líder da RENAMO encontra-se em parte incerta, não faz sentido que se insista nisso porque não me parece que seja prioritário. O prioritário neste momento é resolver a questão da segurança.

DW África: Mas considera que existem perspectivas de a RENAMO aderir a este ponto de vista?

LR:
Penso que existem poucas condições de poder não aderir a estas condições e abrirem-se perspectivas de diálogo.

DW África: Porquê o governo atacou a base de Satunjira e o que pretende agora?

LR:
Só lhe posso dizer o que foi publicado e dito nos discursos oficiais e da RENAMO. A RENAMO diz que foi o Governo que provocou e o Governo diz precisamente o contrário. Portanto, nós na opinião pública não sabemos concretamente o que se passou.

DW África: Visto de fora, isto parece um conflito em torno da partilha das consideráveis riquezas do país. Concorda com esta visão?
LR: Esta questão da partilha equitativa das riquezas está na agenda que a RENAMO colocou à discussão e que comporta quatro pontos: o pacote eleitoral, questões de defesa e segurança, o problema da partidarização do aparelho do Estado e, finalmente, a equidade na partilha das riquezas.

DW África: Relativamente à exigência de observadores estrangeiros ou independentes, será que o líder da RENAMO quer manifestar um certo receio quanto à segurança da sua própria pessoa?

LR:
Quando se transforma uma questão de polícia numa situação militar tudo pode acontecer. Naturalmente não seria bom para a estabilidade do país qualquer problema que sofresse o líder da RENAMO, porque isso traria uma incógnita para o xadrez político bastante grande…

DW África: Como cidadão moçambicano como vê a perspectiva da paz?

LR:
Como estou envolvido nisto, tenho algum optimismo de que de facto não interesse a nenhuma das duas partes aquilo que se chama de “solução final”, que é o Governo com os seus meios bélicos muito superiores tentar fazer uma operação de limpeza. Existem adeptos desta solução, como também do lado da RENAMO existam pessoas que defendem o reinício da guerrilha, fechar as estradas, abater os postos de electricidade, sabotar os caminhos de ferro, etc… Só que penso que ainda é uma bolsa de opinião muito minoritária no país. O grosso da população, as organizações da sociedade civil, as organizações religiosas e mesmo muitos políticos, de forma geral, não defendem esta via.



DW

ÚLTIMA HORA -MINISTÉRIO DA DEFESA CONFIRMA ATAQUE A UMA BASE DA RENAMO EM MARINGUÉ:

Em conferência de imprensa transmitida em direto via telefone pela TIM, o Diretor nacional Adjunto do Ministério da Defesa revela fortes confrontações desde as 13:30 desta tarde e da tomada dessa base em Maringué. Não fez reporte de vítimas mas confirma o continuar de acções militares em perseguição de militares da RENAMO.


TIM

Delegação da Renamo não comparece

A delegação do Governo, liderada por José Pacheco, chegou à hora marcada ao Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, onde aguardou pela delegação da Renamo para retomar o diálogo político após o assalto e tomado da base de Afonso Dhlakama.
A delegação da Renamo não se fez presente.


A Verdade

Intervenção de Mia Couto na Gala da STV para a atribuição do galardão do “Melhor de Moçambique”

Pensei bastante se estaria ou não presente nesta cerimónia. A razão para essa dúvida era a seguinte: há três dias a minha família foi alvo de várias e insistentes ameaças de morte. Essas ameaças persistiram e trouxeram para toda a nossa família um clima de medo e insegurança. A intenção foi-se revelando clara, depois de muitos telefonemas anónimos: a extorsão de dinheiro. A mesma criminosa ameaça, soubemos depois, já bateu à porta de muitos cidadãos de Maputo.
Poderíamos pensar que essas intimidações se reproduzem a tal escala que acabam por se desacreditar. Mas não é possível desvalorizar este fenómeno. Porque ele sucede num momento em que, na capital do país, pessoas são raptadas a um ritmo que não pára de crescer. Esses crimes reforçam um sentimento de desamparo e desprotecção como nunca tivemos nos últimos vinte anos da nossa história.
Esses que são raptados não são os outros, são moçambicanos como qualquer outro cidadão. De cada vez que um moçambicano é raptado, é Moçambique inteiro que é raptado. E de todas as vezes, há uma parte da nossa casa que deixa de ser nossa e vai ficando nas mãos do crime. Neste confronto com forças sem rosto nem nome, todos perdemos confiança em nós mesmos, e Moçambique perde a credibilidade dos outros.
Esses sequestros estão nos cercando por dentro como se houvesse uma outra guerra civil, uma guerra que cria tanta instabilidade como uma qualquer outra acção militar, qualquer outra acção terrorista.
Este é um fenómeno que atinge uma camada socialmente diferenciada do nosso país. Mas o mesmo sentimento de medo percorre hoje, sem excepção, todos os habitantes de Maputo, pobres e ricos, homens e mulheres, velhos e crianças que são vítimas quotidianas de crimes e assaltos.
Eu falo disto, aqui e agora, porque uma cerimónia destas nos poderia desviar do que é vital na nossa nação. Não podemos esquecer que o nosso destino colectivo se decide hoje sobretudo no centro do País, nessa fronteira que separa o diálogo do belicismo. E todos nós queremos defender essa que é a conquista maior depois da independência nacional: a Paz, a Paz em todo o país, a Paz no lar de cada moçambicano.
Se invoquei a situação que se vive hoje em Maputo é porque outras guerras, mais subtis e silenciosas, podem estar a agredir Moçambique e a roubar-nos a estabilidade e que tanto nos custou conquistar.

Caros amigos

Estamos celebrando nesta Gala algo que, certamente, possui a intenção positiva de valorizar o nosso país. Mas para usufruirmos o que aqui está a ser exaltado, as melhores praias, os melhores destinos turísticos, precisamos de saber o ver o que nos cerca. Na realidade, e em rigor, o melhor de Moçambique não pode ser seleccionado em concurso. O melhor de Moçambique são os moçambicanos de todas etnias, todas as raças, todas as opções políticas e religiosas. O melhor de Moçambique é a gente trabalhadora anónima que, todos os dias, atravessa a cidade em viaturas transportados em condições que são uma ofensa à vida e à dignidade humanas.
O melhor de Moçambique são os camponeses que embalam à pressa os seus haveres para fugirem das balas. O melhor de Moçambique são os que, mesmo não tendo dinheiro, pagam subornos para não serem incomodados por agentes da ordem cuja única autoridade nasce da arrogância.
O melhor de Moçambique são os que anonimamente constroem a nação moçambicana sem tirar vantagem de serem de um partido, de uma família, de uma farda.
Os melhores de Moçambique não precisam sequer que os outros digam que são os melhores. Basta-lhe serem moçambicanos, inteiros e íntegros, basta-lhes não sujarem a sua honra com a pressa de se tornarem ricos e poderosos.
Os melhores de Moçambique não precisam de grandes discursos para acreditarem numa pátria onde se possa viver sem medo, sem guerra, sem mentira e sem ódio. Precisam, sim, de acções claras que eliminem o crime e a corrupção. Porque a par deste galardão que distingue o melhor de Moçambique há um outro galardão, invisível mas permanente, que premeia o pior de Moçambique. Todos os dias, o pior de Moçambique é premiado pela impunidade, pela cumplicidade e pelo silêncio.

Caros amigos,

Disse, no início, que hesitei em estar presente nesta gala. Mas pensei que me competia, junto com todos vocês, a obrigação de construir um evento que fosse para além das luzes e das mediáticas aparências. Nós queremos certamente que esta festa tenha uma intenção e produza uma diferença. E esta celebração só terá sentido se ela for um marco na luta pela afirmação de valores morais e princípios colectivos. Para que a nossa vida seja nossa e não do medo, para que as nossas cidades sejam nossas e não dos ladrões, para que no nosso campo se cultive comida e não a guerra, para que a riqueza do país sirva o país inteiro.

MIA COUTO

25-10-2013

Incertezas no diálogo com Governo

Maputo (Canalmoz) – A Renamo reafirma que poderá voltar a sentar-se à mesa do diálogo se o Governo aceitar a presença de “facilitadores e observadores”. A Renamo recusa-se a voltar a dialogar sem que, para além das duas partes que já estiveram frente-a-frente 24 vezes, o Governo concorde em que assistam ao diálogo “facilitadores e observadores”.
Até ...ao fim da tarde deste domingo, não se sabia se a Renamo e o Governo retornariam ou não hoje à mesa do diálogo, dado que o executivo de Armando Guebuza não tinha ainda respondido à carta da contra-parte, com data de 24 de Outubro, assinada pelo Dr. Augusto Mateus, dirigida a Carlos Taju do Secretário do Conselho de Ministros.
A acontecer o diálogo deverá ter inicio às 09h00, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo.
Numa carta enviada ao Governo e a todas as embaixadas baseadas em Maputo, o partido Renamo diz estar disponível a ir à mesa do diálogo caso o Governo aceite a presença de facilitadores nacionais e observadores nacionais e internacionais.
Em contacto com o Canalmoz ao fim da tarde de domingo, dois membros da Renamo no diálogo com o Governo, o chefe da delegação Saimone Macuiana e Jeremias Pondeca, disseram que não sabiam se haveria ou não diálogo na segunda-feira porque o Governo ainda não tinha respondido à carta que lhe foi submetida com ponto que se considera de prévio, o mesmo que levou à ruptura do entendimento das partes na 24.ᵃ ronda que apenas durou meia hora.
Este partido advertiu que vai levar como ponto prévio se o Governo aceitar a exigência da presença de facilitadores nacionais (Dom Dinis Sengulane e professor Lourenço do Rosário), de Observadores Internacionais.
A Renamo também quer a Imprensa na sala do diálogo a assistir a tudo.
A Renamo defende a transparência total do diálogo.

Contactos diplomáticos

Sabe-se que o grupo de contacto da Renamo reuniu-se na semana passada em Maputo com os representantes da Holanda, Suécia, União Europeia, Itália, Portugal, Reino da Grã-Bretanha, Conselho Cristão de Moçambique e facilitadores nacionais para debater a crise político-militar que o País atravessa, opondo este partido e o Governo da Frelimo, bem como mecanismos de tentar ultrapassá-la.

Ataques continuam na ordem do dia

Enquanto isso, homens armados desconhecidos, mas que o Governo diz serem da Renamo, protagonizaram na manhã do último sábado no troço Machanga-Muxúnguè, na província de Sofala, um ataque a uma viatura de transporte colectivo com capacidade para 33 lugares que resultou na morte de uma pessoa e ferimentos em outras dez. Quatro dos feridos, incluindo duas crianças, estão em estado grave, segundo fonte médica do Hospital Rural de Muxúnguè.
O ataque que ocorreu entre o Rio Save, limite natural entre o sul e o centro de Moçambique, e o posto administrativo de Muxúnguè, no distrito de Chibabava, na província central de Sofala, teve como alvo uma viatura de transporte colectivo de passageiros que se deslocava de Machanga, também em Sofala, para a cidade da Beira, a capital daquela província.
A Renamo não reivindicou a autoria do ataque que o Governo, na pessoa do presidente Armando Guebuza, já atribuiu à Renamo sem apresentar qualquer tipo de prova.
O repórter-correspondente do Canalmoz em Chimoio disse que falou com o director do Hospital Rural de Muxúnguè, Dr. Pedro Viramão, e este confirmou ainda no sábado o registo de feridos, mas disse que alguns foram transferidos para o Hospital Central da Beira, dado que o centro hospitalar de Muxúnguè não possui serviços de cirurgia, que alguns dos feridos requerem.

Comandante-geral da PRM visita local do ataque

Ainda no sábado, fontes da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala garantiram ao Canalmoz em Maputo que o comandante-geral da corporação, Jorge Khalau, deslocou-se ao local do ataque.

Governo zimbabweano ameaça enviar tropas para apoiar Guebuza

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Mugabe, Christopher Mutsvangwa, afirmou que o seu executivo não vai tolerar o retorno à guerra em Moçambique. Mutsvangwa foi citado quarta-feira da semana passada pela BBC, como tendo dito que a Renamo deve voltar a participar no processo político moçambicano e “não ameaçar a estabilidade regional”.
“O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, não deve ‘nunca, nunca’ retornar à violência”, disse o membro do Governo zimbabweano, acrescentando que "a África Austral não vai tolerar isso".
“Nós simplesmente não precisamos disso nesta região, neste momento”, disse Christopher Mutsvangwa, para quem a SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) consideraria enviar tropas para ajudar o Governo moçambicano se a situação de segurança se deteriorar, o que já foi apreciado pelos analistas como um sinal de debilidade das Forças de Defesa e Segurança do País.
“Vai ser um erro a Renamo trazer instabilidade e o Zimbabwe espera para ver", disse ainda o vice-ministro de Mugabe.
O Zimbabwe depende quase exclusivamente do Porto da Beira para os seus negócios com o exterior. Os combustíveis para o Zimbabwe são transportados do Porto da Beira para Mutare em camiões cisterna e através de um pipeline.


(Bernardo Álvaro e José Jeco, em Chimoio, Canalmoz)

Sunday, 27 October 2013

Exército moçambicano "tem identificado local onde está" Dhlakama -- fonte militar

Gorongosa, Moçambique, 27 out (Lusa) - As forças do exército moçambicano que na segunda-feira tomaram a base da Renamo em Sadjundjira, expulsando dali o líder do partido da oposição, Afonso Dhlakama, sabem onde este se encontra, disse à Lusa uma fonte militar sob anonimato
"Está lá em cima" disse, apontando para a serra da Gorongosa, que domina a base de Sadjundira.
"Está na margem do rio Vunduzi, entre duas montanhas", acrescentou, referindo uma primeira serra, visível da base, que tem atras de si uma outra elevação, da qual está separada por aquele rio, que nasce na Gorongosa.
A mesma fonte, que acrescentou pormenores sobre o alegado estado de saúde do líder da Renamo, recusou afirmar se decorrem operações para a sua captura.
"Se fosse para o apanhar, já tínhamos saído", disse, por sua vez, um soldado ali estacionado.
Durante a presença da Lusa, hoje, de manhã, naquela antiga base da Renamo, foram ouvidos, por duas vezes, disparos de armas automáticas.
Durante a noite, a Vila da Gorongosa a 30 quilómetros da base foi acordada por disparos de armas, disseram vários populares à Lusa, numa incidente confirmado pelo padre católico, Adérito.
António Castigo, jornalista da rádio comunitária da Gorongosa, assegurou que os tiros foram provocados "por um soldado embriagado".
Uma outra fonte militar disse que, na noite de sábado, "foram vistos 300 homens carregando sacos de arroz, vindos da Casa Banana (antigo quartel general da Renamo, durante a guerra civil) e a caminho da montanha" onde estará Dhlakama.
"Pensamos que tenham criado aquele incidente ontem para poderem passar melhor pela montanha", disse, referindo-se a um ataque no sábado a uma viatura em Muxúngué, 250 quilómetros a sul, que causou um morto, mas que hoje foi repudiado pela Renamo.
A presença de jornalistas na base de Sadjundjira é permitida pelas autoridades, mas os militares estão proibidos de prestarem declarações.
A caminho da base, numa picada de 30 quilómetros desde e a estrada nacional, veem-se cenas de uma vida "a dois tempos" - mulheres lavam, tranquilas, roupa nos riachos; outras, com filhos, galinhas e roupas, fogem da região, com medo do que está para vir.
"Não podemos ficar aqui, não estamos tranquilos com todos estes homens por aqui", disse Lúcia, rodeada de filhos, galinhas e cabritos, de partida para a Vila da Gorongosa, na caixa aberta de uma camioneta.


 

O novo Costa do Sol, a tempo do verão

(2013-10-24) O Costa do Sol é um restaurante que fez parte da história de Maputo, e Moçambique. Deixou um vazio em todos os que apreciavam os famosos camarões grelhados e os bitoques quando fechou há cerca de 2 anos.
Mesmo distando cerca de 8km do centro da cidade, a viagem panorâmica ao longo da Av. Marginal até ao ponto onde está localizado o edifício histórico é um dos passeios preferidos de muitos maputenses. Desde o longínquo ano de 1930 o restaurante Costa do Sol tem servido os melhores mariscos e grelhados da cidade e este mês irá abrir as suas portas de novo, com nova gerência. O desafio é continuar um legado que existe desde dos antigos dias da cidade de Lourenço Marques e os primeiros anos de vida de Maputo.
A nova gerente, Micaela Rocha, diz que o Costa do Sol é uma parte da história de Moçambique. “Os meus pais, os meus avós, todos tem memórias deste restaurante. Nós quisemos renovar este legado e criar um espaço onde as novas gerações possam também criar as suas próprias memórias. Nós quisemos recriar a imagem do antigo restaurante, usando o que já estava aqui. Por exemplo, os mosaicos na varanda precisavam de ser aumentados, então encontrámos uma companhia que produziu uma réplica dos originais.” O edifício foi apenas retocado, o interior em art deco continua a compartilhar o espaço coberto de madeira escura. A estrutura exterior está como sempre, apenas com uma pintura nova, dando vida ao azul marés.
Os novos gerentes pretendem trazer de volta as famosas noites de jazz e tardes dançantes. “Quando falava com a minha mãe as memórias dela neste restaurante pareciam ter mais vida. Claro que eu também cresci a vir ao Costa do Sol para almoços de família mas naqueles tempos este era o sítio, o ponto de encontro da cidade! Tinha música ao vivo, dançava-se e é isto que nós queremos trazer de volta,” diz Micaela Rocha.
O verão promete ter muitas surpresas que ainda não podem ser reveladas. Com uma equipa de mais 100 pessoas, parceiros e colaboradores, o restaurante Costa do Sol irá abrir normalmente na quinta-feira, mas o melhor ainda está para vir.

By Nyangala Zolho, ed. Joaquim Fale



Club of Mozambique

Saturday, 26 October 2013

Reacções Internacionais


O Mundo está atento aos últimos acontecimentos em Mocambique que culminaram com a tomada da base de Satungira e fuga de Afonso Dhlakama para parte incerta.


http://videos.sapo.mz/cnu4iGYkp9ZWGZIUHyiO

Governo moçambicano propõe novas conversações à RENAMO

RENAMO impõe condições para negociar. A DW África falou com o mediador Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, sobre a nova proposta de negociações por parte do Governo de Guebuza.

A situação continua muito tensa e pouco clara em Moçambique. O líder do maior partido da oposição, a Resistència Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, continua desaparecido e, tal como o Governo, impõe condições pouco conciliatórias para a retoma do diálogo.
Em entrevista à DW África, o mediador entre os dois lados, o reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, Lourenço do Rosário, revela os últimos desenvolvimentos da crise político-militar moçambicana.
DW África: Qual é o ponto da situação em Moçambique?
Lourenço do Rosário (LR): Neste momento, o Governo acaba de enviar uma carta à RENAMO dizendo que está disponível para se reunir na segunda-feira (28.10). Nós fizemos sentir à RENAMO que o importante é resolver o problema militar, porque a RENAMO tem enfatizado que, sem resolver o problema do pacote eleitoral, não há conversações sobre a questão da desmilitarização e da defesa e segurança.
Mas, dadas as circunstâncias, neste momento, em que a base da RENAMO foi ocupada e o líder da RENAMO está em parte incerta, não faz sentido que se insista nisso. Não me parece que seja prioritário. A prioridade é resolver a questão de segurança.
DW África: Considera que há perspetivas de a RENAMO aderir a esse ponto de vista?
LR: Penso que tem poucas condições de poder não aderir e abrir-se à perspetiva de diálogo.
DW África: Porque é que o Governo atacou a base de Satunjira e o que é que pretende agora?LR: Só posso dizer aquilo que está publicado e aquilo que é o discurso oficial e o discurso da RENAMO. A RENAMO diz que foi o Governo que provocou. O Governo diz que foi a RENAMO. Por isso, nós, a opinião pública, não sabemos o que é que se passou concretamente.
DW África: Visto de fora, este parece ser um conflito em torno da partilha das riquezas consideráveis do país. Concorda com esta visão?
LR: Esta questão da partilha equitativa está na agenda que a RENAMO colocou na discussão. São quatro pontos: o pacote eleitoral, questões de defesa e segurança, o problema da partidarização no aparelho do Estado e a equidade na partilha das riquezas. Portanto, não é segredo.
DW África: Falou de um possível encontro, na segunda-feira. Já há alguma reação da RENAMO nesse sentido?
LR: Houve uma reação da RENAMO que nos parece inadequada. A RENAMO coloca a questão de que só voltará para a mesa na condição de haver facilitadores e observadores para acompanhar a discussão. Ora, este aspeto era exigido quando se estava numa situação antes de 21 de outubro, sem haver a fuga do líder da RENAMO e esta pressão militar.
A RENAMO não pode ignorar este aspeto, porque o Governo, na sua carta, diz que está disponível para conversar com a delegação da RENAMO, quer na vertente política, quer na militar, para preparar o encontro do líder da RENAMO com o Presidente da República, Armando Guebuza.
DW África: A exigência de observadores estrangeiros ou independentes não se prenderá com receios do líder da RENAMO quanto à sua própria segurança?
LR: Quando se transforma uma situação de polícia numa questão militar, tudo pode acontecer. Naturalmente, não seria bom para a estabilidade do país qualquer dano sofrido pelo líder da RENAMO, porque isso traria uma incógnita bastante grande para o xadrez político.
DW África: Como cidadão moçambicano, como é que vê a perspetiva da paz?
LR: Como estou envolvido nisto, tenho algum otimismo. De facto, não interessa a nenhuma das partes aquilo que se chama "solução final", que é o Governo, com os seus meios bélicos bastante superiores, tentar fazer uma operação de limpeza. Há adeptos desta solução, tal como há adeptos do lado da RENAMO de partir para a guerrilha e fechar as estradas, sabotar os caminhos de ferro e abater postes de eletricidade. Também existe isso. Mas penso que ainda é uma opinião minoritária no país. O grosso da sociedade, da população, das organizações da sociedade civil e religiosas e mesmo os políticos, de uma forma geral, não são adeptos desta via.

DW.DE

Mais um ataque

"O tráfego rodoviário em coluna militar entre o Sul e Centro/Norte de Moçambique na zona entre o Save e Muxúnguè (e vice-versa) acaba de ser suspenso, devido a existência de duas viaturas em chamas, aparentemente vítimas de ataque armado, a cerca de 40 minutos do Save.

Confirmado ataque a um mini bus de transporte de passageiros, que fazia o trajecto da Vila de Machanga na Província de Sofala em direcção a Muxúnguè, antes do Rio Ripembe, há feridos que estão a receber tratamento no Hospital de Muxúnguè.

Temos agora confirmação de que a segunda viatura atacada e queimada é um camião de transporte de carga.

O mini bus de transporte de passageiros fazia a viagem, no troço entre Muxúnguè e o Save sem estar na coluna militar de protecção

http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35/41059

Mia Couto alerta para sequestros em Moçambique


O escritor moçambicano Mia Couto alertou hoje para o "ritmo crescente" de sequestros em Moçambique e que "reforçam um sentimento de desproteção e desamparo" que os moçambicanos "nunca tiveram nos últimos vinte anos de paz".
Mia Couto falava na Gala do 11.º aniversário do Grupo Soico, uma das maiores empresas moçambicanas do setor de media, que o considerou um dos Melhores de Moçambique, por ter conquistado o Prémio Camões em 2013.
"Este é um fenómeno que atinge uma camada socialmente diferenciada do país, mas o mesmo sentimento de medo percorre hoje, sem exceção, todos os habitantes de Maputo: pobres e ricos, homens e mulheres, velhos e crianças, que são vítimas quotidianas de crimes e assaltos", considerou Mia Couto.
Na última semana, a capital moçambicana registou cinco casos de sequestros.
Na terça-feira, duas mulheres moçambicanas foram raptadas em Maputo, uma das quais à porta da Escola Portuguesa, quando deixava o filho para as aulas.
Para Mia Couto, "estes que são raptados não são os outros, são moçambicanos como qualquer outro cidadão. De cada vez que um moçambicano é raptado é Moçambique inteiro que é raptado também".
"E de todas as vezes há uma parte da nossa casa que deixa de ser nossa e vai ficando nas mãos do crime. Neste confronto com força sem rosto e sem nome todos nós perdemos confiança em nós próprios e Moçambique perde credibilidade junto dos outros", acrescentou.
Na quinta-feira, a mulher de um proprietário de uma fábrica de gelo em Maputo foi raptada à porta da unidade por cinco indivíduos armados de espingardas AKM (variante de AK-47 Kalashnikov), depois de terem disparado tiros de intimidação.
"Não é possível desvalorizar este fenómeno, porque ele sucede num momento em que na capital do país pessoas são raptadas a um ritmo que não para de crescer", afirmou o escritor.
"Estes sequestros estão nos cercando por dentro, como se houvesse uma outra guerra civil, uma guerra que cria tanta instabilidade como qualquer outra ação militar, como qualquer outra ação terrorista", alertou.
Em julho, um empresário português foi sequestrado e mais tarde libertado, mas, nos últimos dias, a principal cidade do país começou a assistir a novos casos de sequestros cujos alvos preferenciais são menores.
"Devíamos formar uma espécie de pequeno exército, que se une neste fito que é de todos nós, para que a nossa vida seja mais nossa e não seja do medo, para que as nossas cidades sejam nossas e não dos ladrões, para que o nosso campo produza comida e não a guerra e para que a riqueza do país sirva o país inteiro", referiu Mia Couto.
O escritor mais traduzido em Moçambique disse ter evocado a situação que se vive hoje em Maputo durante aquela cerimónia da televisão privada moçambicana STV, "porque outras guerras mais subtis e mais silenciosas podem estar a agredir Moçambique e roubar a estabilidade que tanto custou a conquistar".
Em 2012, a Polícia da República de Moçambique registou 14 processos de raptos e em cinco foram deduzidos acusações.


DN

Friday, 25 October 2013

Última Hora * Última Hora * Última Hora * Última Hora





Forças Armadas assassinam deputado da Renamo

A chefe da Bancada da Renamo na Assembleia da República, Maria Angelina Enoque, responsabiliza o chefe de Estado e comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança, Armando Guebuza, pela morte de Armindo Milaco, e acusa o exército de o ter executado ...

Maputo (Canalmoz) – As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) assassinaram o deputado da Assembleia da República (AR) pela bancada parlamentar da Renamo, Armindo Milaco, afirmou ao Canalmoz a líder parlamentar do partido liderado por Afonso Dhlakama, Maria Angelina Enoque.
Segundo a chefe da bancada da Renamo, tudo se passou em consequência do ataque das FADM à residência de Afonso Dhlakama em Sadjundjira, junto ao Rio Vunduzi, a cerca de 25 quilómetros deste da Vila da Gorongosa, sede do distrito com o mesmo nome, local onde também estava implantada a base das forças da segurança pessoal do líder da Renamo.
O ataque foi perpetrado pela Terceira Companhia de Comandos das FADM, dirigida pelo coronel António Elias “Chikalango”.
Armindo Milaco deslocara-se a Sadjundjira para tomar parte das comemorações do dia de André Matsangaisse, primeiro comandante da Renamo, e ainda do primeiro aniversário da fixação de residência de Dhlakama naquela zona do sopé da Serra da Gorongosa.
Armindo Milaco era membro do Conselho de Administração da Assembleia da República. Terá sido atingido pelos bombardeamentos das FADM contra a residência de Dhlakama e não resistiu aos ferimentos.
Segundo o artigo 174 da Constituição da República, os deputados da Assembleia da República gozam de imunidade parlamentar, não podendo por isso serem detidos ou presos, salvo em caso de flagrante delito, nem serem submetidos a julgamento sem consentimento da Assembleia da República. Mas Armindo Milaco foi simplesmente assassinado pelo Exército que atacou Sadjundjira sob ordens do comandante-em-chefe das Forças Armadas, Armando Guebuza, como acusa a chefe da Bancada da Renamo.
A chefe da Bancada da Renamo disse ao Canalmoz que já informou à Presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, que o deputado Milaco foi assassinado pelo Exército às ordens do comandante-em-chefe, Armando Guebuza.
Verónica Macamo terá dito a Angelina Enoque que “precisa de mais informação para fazer diligências”.
A Chefe da bancada da Renamo critica o facto de as Forças Armadas estarem a ser usadas para assassinar até deputados. “Não sabemos o que se vai passar daqui para frente, não sabemos quem será o próximo a ser assassinado”.
Armindo Milaco não era militar, nem nunca foi militar, segundo a chefe da Bancada da Renamo. Cumpria o seu segundo mandato como deputado da Assembleia da República, pelo círculo eleitoral da Zambézia.
Milaco deixa os pais que vivem na província do Niassa, e esposa e quatro filhos que se encontram em Nampula. 
Dhlakama já não se encontrava em Sadjundjira quando a sua residência foi assaltada pelo Exército, segundo fonte da Renamo.
O coronel Cristóvão Chume, porta-voz do Ministério da Defesa, no próprio dia do assalto a Sadjundjira declarou em conferência de Imprensa que não houvera mortes nem feridos, em ambas as partes.


(Redacção, Canalmoz)

ÚLTIMA HORA: Deputado da Renamo morre na “Operação Satungira"

O deputado da Renamo, pelo círculo eleitoral de Cabo Delgado, Armindo Milaco perdeu a vida recentemente, em consequência do ataque das Forças de Defesa e Segurança (FDS) à residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama em Satungira.
De acordo com informações fornecidas a Folha de Maputo, na tarde desta sexta-feira, pelo porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, Armindo Milaco foi atingido por uma bala, no passado dia 21 corrente, em Satungira, durante o assalto das FDS à residência de Afonso Dhlakama “tendo sido socorrido, até que não sobreviveu aos ferimentos e acabou perdendo a vida”, lamentou Mazanga.
Entretanto, sem dar indicações exactas do dia da morte de Armindo Milaco, Fernando Mazanga precisou que a Renamo poderá brevemente, convocar uma conferência de imprensa na capital para mais detalhes.


Folha de Maputo

A ganância de Guebuza está a destruir o País!

Maputo (Canalmoz) – Sem qualquer tipo de exagero, o País está à beira de entrar numa nova Guerra Civil cuja responsabilidade só se poderá vir a imputar ao ainda chefe de Estado, Armando Guebuza, que já nem os seus próprios camaradas consegue ouvir e respeitar.
Por mais discursos que se possam elaborar, estamos claramente a entra...r para um estado de guerra e se nada for feito para parar o actual cenário de irresponsabilidade política que se resume a um indivíduo, Moçambique voltará a fazer manchetes internacionais como um País falhado, sendo por isso urgente que ninguém se deixe intimidar e ao mesmo tempo não se deixe levar por excessos de quem já não é capaz de evidenciar a mínima sensatez.
O ataque e consequente assalto à residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e à base das suas forças de segurança em Sadjundjira, por Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) que se deveriam abster de se envolverem em conflitos internos mas estão a ser empurradas para fora dos seus limites constitucionais, são a prova inequívoca de que em nenhum momento o Governo do senhor Guebuza esteve interessado em dialogar com a Renamo provando, mais uma vez, ser useiro e vezeiro em deturpações da Constituição da República e com tendência compulsiva para a partidarização do Estado, chegando, agora, ao cúmulo de envolver, também, nas suas obsessões bélicas, instituições que nunca deveriam ter saído dos quartéis para missões contra um partido com representação parlamentar e que por sinal ainda é o maior partido da oposição.
As sucessivas rondas negociais que teimaram em produzir mais desentendimentos do que concórdia são outra prova que atesta uma tremenda inaptidão para dirigir um Estado com tantas oportunidades que não podem ser desperdiçadas, mas têm sido frustradas por um homem com “h” pequeno, com tão pouco sentido patriótico que já não consegue viver sem se tornar exaustivo em slogans maníaco-depressivos.
É totalmente inadmissível que no País possa haver quem o queira colocar à beira de sacrificar vidas inocentes, pôr em risco infra-estruturas e adiar o futuro, por causa, por exemplo, de uma tal paridade a nível dos órgãos eleitorais, que afinal nos parece matéria tão simples que só quem queira viciar a vontade popular ou impedir os cidadãos de votar, pode ter algo em contrário a isso.
Se a Renamo tem nessa matéria o seu principal ponto de negociação, é difícil perceber a razão da intransigência do Governo.
Se de facto as eleições não têm vindo a ser decididas a nível dos órgãos eleitorais, qual é o problema do senhor PR aceitar a paridade na CNE?
Até hoje, o senhor Guebuza e a bancada da Frelimo na AR ainda não apresentaram nenhum argumento capaz de sustentar a intenção de ter mais membros do que outros, na Comissão Nacional de Eleições (CNE) e no Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE). E qualquer pessoa minimamente avisada não tem outra hipótese senão suspeitar que com tal intransigência, de facto, só se pode pretender alicerçar quem teme a paridade por saber que nessas condições não ficam salvaguardados resultados eleitorais de gabinete, diferentes dos das urnas fruto da vontade popular, em caso de necessidade como em 1999, com Chissano.
Já vimos o Governo do partido Frelimo em várias eleições usar forças paramilitares fortemente armadas para assustar o eleitorado. Vimos a CNE cúmplice. Já se viu isso suceder na Beira, em Quelimane e em Inhambane e em muitas outras partes do País.
Está visto que um partido que se diz popular, como a Frelimo, ao ter medo da paridade só pode estar com medo do Povo.
A insistência da Renamo poderá vir a não ser satisfeita, mas os cidadãos sabem agora perfeitamente que Guebuza está com medo que o seu partido se afunde nas mãos dele.
Que medo terá Guebuza de eleições que sejam de facto decididas por via do voto popular?
Tem medo que o Povo moçambicano passe um certificado de inutilidade e de incompetência à obra que ele deixou na Frelimo e no País?
Simular negociações em que claramente a intenção deste Governo é alcançar a falta de consenso, quando movimentações militares paralelas provam que Guebuza não está comprometido com a estabilidade do País e com a Paz, não será comportamento cínico típico da mais refinada espécie de charlatães? Quer o PR que o Povo o julgue um charlatão?
Já tínhamos alertado que a movimentação de tanques de guerra para a província de Sofala não tinha outra finalidade que não fosse a de bombardear Sadjundjira/Gorongosa. Hoje a máscara do senhor Guebuza caiu.
Ficou provado com o assalto à casa do presidente da Renamo que é Guebuza a permanente fonte de instabilidade em Moçambique.
Num país mergulhado na pobreza, onde há famílias que pernoitam sem ter tido uma única refeição, onde mulheres grávidas morrem à procura de um posto de saúde para darem à luz, onde pessoas consomem água imprópria, em que nas cidades os cidadãos são transportados como se de gado se trate, o Governo deste mesmo País importar material bélico de pesado calibre para pôr compatriotas a matarem-se uns aos outros, é sensato?
Não há dinheiro para pagar salários dignos aos Polícias, Professores, aos Médicos; não há dinheiro para se construir habitação condigna para os mais necessitados, mas há dinheiro para armas que se pretendem usar a matar moçambicanos?
Isso só pode realmente acontecer num Estado gerido pelo crime organizado e delinquentes de provas dadas. Não com um Governo sério.
Armando Guebuza, comandante em chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, foi quem ordenou o ataque a Sadjundjira e até prova em contrário visava assassinar Afonso Dhlakama.
Anunciar que quer dialogar com alguém e pelas costas organizar o assassinato da pessoa com quem diz querer resolver os problemas não é próprio de gente séria.
Esse comportamento é típico de alguém sem escrúpulos. É típico de quem se está nas tintas para as consequências dos seus actos.
A postura bélica de Armando Guebuza não é nova.
Quando o senhor Dhlakama foi viver para a rua das Flores em Nampula, este mesmo senhor Guebuza mobilizou tanques de guerra e contingente policial para atacar a sua sede.
Dhlakama agora foi viver para Sadjundjira e o mesmo Guebuza ordenou que a sua casa fosse atacada. De novo o mandou cercar.
Efectivamente, o senhor Armando Guebuza quer a Paz ou quer lançar os moçambicanos numa guerra fratricida?
Será que o senhor Guebuza terá noção que a sua infantilidade pode abrir um ciclo de violência sem precedentes?
Em nenhum momento Dhlakama e suas forças de segurança constituíram perigo para a população, quer em Nampula, quer em Gorongosa.
O desespero toma conta da população só quando o senhor Guebuza manda tanques de guerra para esses locais.
Quem é afinal o desestabilizador?
Quem afinal tem saudades dos horrores da guerra?
O senhor Armando Guebuza ao guindar-se ao segundo mandato prometia acabar com a Renamo e com o senhor Dhlakama. Não resultou a sua campanha de ridicularização e antes porém tem sido o próprio senhor Guebuza a sair ridicularizado disto tudo. Agora tem como estratégia assassinar um cidadão que é tão moçambicano como ele. Num país normal, na Alemanha da senhora Merkel ou nos EUA do presidente Obama se um chefe de governo insinuasse que desejava matar um cidadão era logo preso. Aqui ainda se pretende arranjar paliativos para um psicopata?
Moçambique não pode continuar a ser um País onde as Forças Armadas e as outras forças de defesa e segurança permitam que as usem para satisfazer caprichos infantis de uma pessoa.
Assumamos que o senhor Armando Guebuza consiga assassinar o líder da Renamo. O que fará com outros membros da Renamo? Vai incinerá-los? E com os restantes partidos da oposição? Vai prendê-los? E com os jornais? Vai mandá-los fechar? E acha que se fica a rir?
Quem pensa o cidadão Armando Guebuza que é mais do que os outros moçambicanos?
Não sabe que estamos a viver num País democrático?
Não sabe que a Democracia tem regras que não dependem do mau humor de um cidadão?
Se o senhor Guebuza não se contenta com a democracia, é livre de abandonar o País e nos deixar em paz.
Sobre o “exército” da Renamo insiste-se que um Estado não pode ter dois exércitos. Mas a questão é que o senhor Guebuza transformou as Forças Armadas num exército da Frelimo e o problema é que o Estado acabou sem exército nenhum.
Um exército único livre de tribalismo, partidarismo, e maquinações não é do tipo que o senhor Guebuza pensa.
Precisamos de facto de um exército único, de cultura de Estado, mas seguramente os apetites singulares pelo poder eterno do senhor Guebuza dizem-nos que ele não serve para garantir isso aos moçambicanos.
Moçambique tem todas as condições para ser um grande País, mas seguramente o senhor Guebuza e as suas escolhas não são os mais apropriados para que este nosso País atinja um patamar elevado.
Lutemos todos pela Paz. Unamo-nos contra esta autêntica má sorte que nos saiu na rifa!!!!



Editorial do Canalmoz  

Governo e Renamo devem dialogar de forma objectiva, MDM

O Governo moçambicano e a Renamo, o maior partido da oposição, devem retomar o diálogo político de forma mais objectiva e resolverem definitivamente os diferendos sobre o Acordo de Roma, com vista a desanuviarem a tensão que se vive no país, defendeu esta terça-feira (22) o chefe da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango. Simango disse ainda que o diálogo não deve servir para “hipotecar” o futuro de Moçambique através de tomada de decisões que beneficiem apenas os dois grupos, pois “o futuro de Moçambique não pertence aos dois, mas a todos nós.”
“Todos nós temos responsabilidades e é preciso que se fale abertamente sobre a reconciliação nacional. Se ela é, ou não, efectiva,”, referiu. Para este político, “o diálogo das segundas-feiras” ao invés de renovar as esperanças dos moçambicanos está, cada vez mais, a criar incerteza sobre o futuro do país. “As partes envolvidas no diálogo devem retomá-lo num formato mais construtivo, engajado e mais objectivo e é importante que se fale abertamente dos problemas,” disse Simango quando convidado a reagir em torno dos tomada da base de Renamo, em Sathunjira, Sofala.
Manifestando repúdio em relação aos ataques violentos entre as forças governamentais e da Renamo, Simango afiançou ser necessário identificar os factores que permitam a manutenção da paz e falar-se abertamente sobre a liberdade e os direitos políticos. Aliás, sobre esse último aspecto, defende que a boa governação, a liberdade e a democracia “só existem onde há uma justiça séria”.
“A tranquilidade de um Estado só existe onde há forças de defesa e segurança apartidárias, que estão para defender os interesses do Estado, das instituições e dos cidadãos,” disse acrescentando que “os moçambicanos não merecem toda esta violência, por isso repudiamos todo e qualquer tipo violência” Simango esclareceu, por outro lado, ser importante que os moçambicanos não percam de vista uma das razões da tensão política, que é a legislação eleitoral. Embora considere que a actual norma que rege as eleições no país seja a melhor nos últimos anos, entende que ainda há espaço para que se melhore.
Este chama a atenção ainda para o papel que a sociedade tem na prevenção de um possível conflito armado através do seu poder de voto. Da sua explicação se depreende que os cidadãos eleitores devem eleger os seus governantes tendo em conta a importância do equilíbrio no Parlamento. “Os moçambicanos, da mesma forma que constituíram a actual Assembleia da República através do voto, também têm o poder de alterar este quadro, porque a mãe deste problema é o pacote eleitoral,” clarificou ajuntando que a “única maneira de virar este jogo é ter um maior número de assentos na Assembleia de República.”



A Verdade