Wednesday, 30 October 2013

Graça Machel acusa governo de silêncio perante onda de raptos

A activista social Graça Machel acusou esta quarta-feira, 30 de Outubro, o governo de silêncio perante "o terror" infligido à população pela onda de raptos que tem assolado o país nos últimos dois anos.
Uma criança de 13 anos foi assassinada pelos seus raptores no passado fim-de-semana na cidade da Beira, centro, depois de descobrirem que a família informou a polícia do local onde iam pagar o resgate.
A criança é a primeira vítima mortal entre as dezenas de raptos verificados nos últimos dois anos nas cidades, na maioria das quais as vítimas foram libertadas mediante o pagamento de elevadas somas de dinheiro.
Graça Machel expressou a "profunda inquietação das comunidades moçambicanas" sobre os raptos, na qualidade de presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), falando por audioconferência para jornalistas moçambicanas a partir da África do Sul.
"Neste caso, não há uma palavra sequer do nosso governo, aquilo que nós estamos a exigir é que as autoridades têm que falar com o povo, tem que falar com as comunidades, tem que explicar como é que se deve ligar o esforço do Estado e o esforço das comunidades, porque isso não se pode resolver apenas com medidas policiais. Este silêncio do governo deixa as pessoas com o sentido de estarem abandonadas e desprotegidas", afirmou Graça Machel.
A sociedade moçambicana, assinalou a activista social, está refém dos raptores, que, com a sua actuação, têm espalhado um sentimento de terror e insegurança.
"Nós não queremos ficar reféns dos sequestradores, eles é que devem ter medo de nós e não deve ser a sociedade a ter medos deles. Neste momento, porque nos faltam elementos de como construir a nossa proteção, estamos reféns e entregues ao medo", declarou Graça Machel.
Para a presidente da FDC, a sociedade não se revê na forma como as autoridades estão a lidar com os raptos, situação que faz com que as vítimas deste tipo de criminalidade recorram a meios próprios para se salvarem.
"Os cidadãos não se encontram, não se revem na forma como o Estado está a responder à situação dos raptos. Os casos que são resolvidos não é muito claro que tenham sido resolvidos por intervenção correcta e clara das instituições, muitos cidadãos recorrem a meios próprios e a amigos para resgatar os seus entes queridos", disse Graça Machel.
 
 
 
 

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