Thursday, 3 March 2011

Nem Alfândegas nem a polícia “abrem jogo” sobre o assunto

Apreensão de contentores com droga e armas de fogo no porto de Maputo

Ontem, a Autoridade Tributária enviou ao nosso jornal um comunicado no qual, no lugar de desmentir ou confirmar a nossa notícia, solicita que lhe revelemos a fonte que nos deu a informação.
As autoridades policiais e alfandegárias continuam a fazer enorme secretismo em torno da operação de apreensão de dois contentores com droga e armas de fogo, esta semana, no porto de Maputo, conforme avançou, ontem, o nosso jornal, em “primeira mão”. Ao longo do dia de ontem, patentes superiores das duas instituições evitaram comentar o assunto perante os nossos repórteres, e alguns deles assegurando que a notícia não era verdadeira, sem, no entanto, aceitarem dar a cara para dizerem isso oficialmente.
Porém, no terreno, a realidade é bem diferente. O porto de Maputo viveu, ontem, um movimento desusado, com um aparato de segurança fora do vulgar, conforme confirmaram ao nosso jornal várias testemunhas que, habitualmente, o frequentam.
De acordo com as nossas fontes, estiveram no porto de Maputo, ao longo do dia de ontem, equipas do Serviço de Informação do Estado (SISE), juntamente com agentes das Alfândegas e da Polícia de Investigação Criminal, a diligenciarem a abertura dos referidos contentores, confirmando assim a notícia avançada pelo “O País”.
Uma fonte que acompanha o processo revelou-nos que o secretismo em volta deste assunto se pretende com a necessidade de não “atrapalhar as investigações”, e que a fuga de informação, que entretanto se verificou por via do jornal “O País”, na sua edição de ontem, perturbou sobremaneira as autoridades moçambicanas.
Aliás, isso é bem patente no comunicado que a Autoridade Tributária enviou, ontem à tarde, aos órgãos de informação. No referido comunicado, a AT evita assumir uma posição explícita sobre o assunto, não confirmando nem desmentindo a notícia do “O País”. A Autoridade Tributária refere apenas não ter sido a fonte da notícia e solicita ao jornal “O País” o “esclarecimento público expresso” da sua fonte de informação e respectivos fundamentos. Algo que, ao abrigo da Lei de Imprensa, o jornalista não é obrigado a fazer.

Droga... sempre ela

O secretismo das autoridades moçambicanas pode, também, derivar da necessidade de “proteger” o país da torrente de informações sobre enormes quantidades de droga que vêm sendo apreendidas nos últimos tempos, com destino apontado sempre a Moçambique.
A última grande apreensão de droga ocorreu em Dezembro de 2010, no porto de Durban, África do Sul. Na operação, foram detidos seis indivíduos de várias nacionalidades, sendo três moçambicanos, um sul-africano, um britânico e um srilanquês. A quadrilha estava na posse de 312 quilogramas de cocaína, avaliada em cerca de 48 milhões de dólares. Segundo notícias veiculadas pela imprensa sul-africana, a cocaína encontrava-se dissimulada entre sacos de arroz, num contentor descarregado no porto de Durban, e tinha como destino final Moçambique.
A droga foi interceptada no porto de Durban, mas depois foi colocada novamente no contentor, que de seguida foi autorizado a seguir por via rodoviária até à província de Gauteng, sob vigia da polícia sul-africana. A polícia sul-africana só interveio quando os sacos estavam a ser descarregados do contentor, em Isando, Gauteng, tendo detido de imediato o grupo dos seis suspeitos. No local, a polícia também inspeccionou uma luxuosa viatura, pertencente a um dos moçambicanos suspeitos, tendo encontrado cerca de 100 mil comprimidos de droga “mandrax”.

O País

ADENDA

" Drogas e armas de fogo: AT não confirma apreensão no porto ". Notícias. Leia aqui.

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