Monday, 24 January 2011

Wikileaks: telegramas denunciam corrupção generalizada em Cuba

Diário "El País" noticia as práticas

Documentos diplomáticos norte-americanos filtrados pela organização Wikileaks dão conta da corrupção generalizada que se vive actualmente em todos os sectores da vida pública cubana. O jornal “El País”, que teve acesso aos documentos filtrados, fala de subornos, comissões ilegais, tráfico de influências e de práticas corruptas sistemáticas numa sociedade ameaçada pela penúria.
A corrupção em Cuba transformou-se numa prática de tal forma generalizada que chega aos mais altos cargos da administração pública e a membros do Partido Comunista Cubano. Em alguns sectores assiste-se à actuação de verdadeiras “máfias”, indicam os telegramas.
Vários relatórios, declarações e dados compilados pela secção consular norte-americana em Havana dão conta destas práticas corruptas agora filtradas para a Wikileaks. Segundo os documentos é comum, por exemplo, a prática de cobrar comissões ilegais sempre que é preciso autorizar alguma coisa.
Apesar das campanhas pedagógicas e das sanções contra as práticas corruptas, elas “reinam” em Cuba, “onde a maioria dos seus 11,2 milhões de habitantes trabalha em empresas do Estado”, escreve o “El País”.
Num dos telegramas a que o diário espanhol teve acesso via Wikileaks, o ex-embaixador espanhol na ilha de Cuba, Carlos Alonso, era citado como tendo comentado aos diplomatas norte-americanos que “a corrupção é necessária para sobreviver”.
Para a delegação norte-americana, profundamente anti-castrista e que impõe um embargo a Cuba desde 1958, este monopólio estatal faz com que “corrupção e roubo seja a mesma coisa”, indicam os documentos.
A escolha de novos funcionários públicos - por outros funcionários que já trabalham para o Estado e têm poder de decisão nesta matéria - também é alvo de subornos. Empregos em que o futuro trabalhador poderá vir, ele próprio, a ganhar dinheiro extra - como por exemplo um trabalho junto dos sectores do turismo ou dos combustíveis - poderão custar aos candidatos muito dinheiro para terem a certeza que serão escolhidos.
Os polícias são outra classe profissional famosa por aceitar subornos.
Os telegramas indicam igualmente que as práticas de corrupção estão particularmente instituídas nos sectores do turismo, da construção e da distribuição de alimentos. Nestas áreas a diplomacia americana fala da actuação de verdadeiras “máfias”.
Um dos telegramas enviados para Washington durante o ano de 2009 (194480) indica o seguinte: “A corrupção em Cuba é uma ferramenta de sobrevivência aceite. Os cubanos ganham uma média de 18 dólares por mês”.
Perante este cenário, as autoridades toleram as actividades à margem da lei até certo ponto, mas quando assistem a desvios importantes actuam com severidade, escreve o “El País”.

Público

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