Thursday, 13 January 2011

Malangatana é o apogeu da cultura moçambicana


O MESTRE das artes plásticas Malangatana Valente Nguenha, falecido semana passada em Portugal, vítima de doença, atingiu o cume da cultura moçambicana.

Maputo, Quinta-Feira, 13 de Janeiro de 2011:: Notícias

Políticos ontem ouvidos pela nossa Reportagem, em Maputo, a propósito das exéquias, que amanhã têm lugar em Matalane, sua terra natal, destacaram as qualidades humanas do artista, bem como a sua entrega à causa da independência nacional, construção da nação e o seu contributo à democratização do país.
O secretário-geral do partido Frelimo, Filipe Paúnde, afirmou, categoricamente, que o país está de luto e a organização política no poder perdeu um dos seus militantes de primeira hora.
Acrescentou que Malangatana Valente Nguenha dedicou-se à causa moçambicana. Através dos seus quadros transmitia ao mundo a causa dos moçambicanos. Por isso, foi detido pela PIDE, mas não vacilou. Manteve-se firme e convicto de tal forma que esteve envolvido nos preparativos da independência nacional.
“Com a proclamação da independência, ele destacou-se na mobilização e formação de jovens sobretudo na área da pintura. Malangatana não só era pintor mas também um poeta, músico e dançarino. Era uma pessoa dotada de todas as virtudes”, disse aquele dirigente do partido Frelimo, apelando para que os moçambicanos valorizem a vida e obra do malogrado mestre, sobretudo a camada jovem.

ÍCONE DA CULTURA - Fernando Mazanga

Para Fernando Mazanga, chefe da bancada da Renamo na Assembleia Municipal da Cidade do Maputo, Moçambique perdeu imenso com o desaparecimento físico de Malangatana Valente Nguenha.
“Nós todos temos que nos sentir órfãos do ícone da cultura e sobretudo das artes plásticas. Ele transcende a dimensão de um partido, porque valorizava a mocambicanidade através da arte. Malangatana é uma rima de contrastes. Sabia estar no frio e no calor. Conjugava o primado que a natureza nos dá que é poder estar num determinado estágio e não estar. Praticou o curandeirismo mas rezou a bíblia. Ele marcou uma determinada época, uma forma de estar, um estágio e o Estado. Acompanhou as gerações colonial, pós-independencia e da democracia e soube estar. Um homem como Malangatana não morre”, disse.

MERECE RECONHECIMENTO DO ESTADO - Ismail Mussa

Para o secretário-geral do Movimento Democrático de Moçambique, o deputado Ismail Mussa, Malangatana Valente Nguenha é uma referência nacional e, por isso, merece todo o reconhecimento do Estado. Deu o seu contributo para o desenvolvimento da arte e cultura e projectou o país além-fronteiras.
“Nós partilhamos o mesmo sentimento dos vários segmentos da sociedade de que se deve atribuir um estatuto a esta figura”, disse, lembrando, aliás, que o estatuto de herói não só deve ser atribuído a alguém após a sua morte.
Segundo Ismail Mussa, urge a criação de uma comissão multidisciplinar que se dedique à elaboração de critérios de atribuição de títulos honoríficos e definição do perfil de pessoas a serem homenageadas, em função do seu contributo à causa do país.

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