Monday, 19 July 2010

MAPUTANDO - As nossas fronteiras

JÁ na ressaca do “Mundial” da África do Sul, importa-nos trazer à reflexão uma série de coisas que nos parecem ser fundamentais para futuros posicionamentos ou aventuras se quiserem. Muito se falou, se prometeu, se sonhou, alimentou-se de forma desmedida esperanças, mas a verdade é que nada saiu como se desejou.


Maputo, Segunda-Feira, 19 de Julho de 2010:: Notícias

Da maneira como se falou – recordemo-nos – chegamos a pensar que surgíamos como co-organizadores da Copa ou que metade desse digno de elogio “Mundial” se jogaria cá no nosso burgo. Até os vendedores ambulantes se tinham posicionado para tirar proveito no que ao lado comercial da prova dizia respeito.

Há gente que devia sentir vergonha por ter feito certas declarações públicas, outros que fizeram sonhar um país inteiro e aqueles agitaram as águas por causa do “Mundial” como se de uma autêntica tormenta se tratasse.

Ainda no decorrer do “Mundial” efectuei uma deslocação para o território sul-africano e fiquei boquiaberto com o que se passou na nossa fronteira. Vi algo que não dignificava um país, que se tinha preparado para transformar uma série de coisas que condizessem com o alto nível de funcionalidade requerida por ocasião de um evento desportivo, com a envergadura que a África do Sul soube honrar o continente.

Do lado sul-africano via-se uma equipa de funcionários a querer despachar as pessoas para não provocar enchentes, mostrando flexibilidade no processamento da documentação e, do nosso lado, contentávamo-nos com uma fila enorme de pessoas para carimbar passaportes, tudo corria lento, com conversas à mistura, como se a pressa fosse algo que não deve fazer parte das nossas cogitações. Pensando bem e, na altura, fiquei com a ideia de qual é que seria a imagem que queríamos transmitir do nosso país ao longo do “Mundial”, tomando-se em linha de conta que tudo se reflecte a partir da fronteira. Sabemos não…

Não se está a dizer que tudo estava mal ou que algo não se tentou mudar, mas o que me preocupa é não ter visto uma atitude diferente por parte dos funcionários afectos aos serviços de Migração. Continuava-se a enveredar pela lentidão, o contentamento pelas longas filas, com pessoas a murmurar pelos maus serviços e os funcionários a sentirem-se donos e senhores de si próprios.

Do lado do aeroporto, há muita gente que reclamava pelo facto de não se instalar scanners nas salas de desembarque, sobretudo para o lado dos voos internacionais. É que, e faz lógica, depois de longas horas em que a pessoa viajou, passando por modernos aeroportos, chega a Maputo e encontra funcionários a abrir malas dos passageiros, meterem as mãos para vasculhar até de forma irritante. Entendo que aquele é um exercício que se pode fazer no caso de suspeita, mas seriam os scanners uma grande ajuda para vigiar seja o que for, tal como em muitos aeroportos.

Penso que não é preciso importar nada, nem mesmo conhecimentos, com vista a estabelecermos mudanças no nosso seio, porque esse exercício tem que ser feito por nós e somente por nós.

  • Mubêdjo Wilson

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