Relógios públicos em desuso
Actualmente, estes cronómetros estão fora de uso. Não por vontade ou desejo do cidadão, mas porque andam avariados e não se pensa, sequer, na sua reparação, muito menos na sua importância.
Para algumas pessoas, mesmo possuindo o relógio de pulso, o sino dos cronómetros públicos despertava nelas a ânsia de se situar no tempo e no espaço e cada um em função da sua agenda.
Grosso modo, segundo constatou a nossa Reportagem, aqueles aparelhos avariaram devido à falta de manutenção nalguns casos, para além da ausência de pessoas capazes de mantê-los.
Neste momento, os relógios colocados nos edifícios da Sé Catedral, Notário do Alto-Maé, Correios de Moçambique e Porto de Pesca, na cidade de Maputo, estão fora de uso devido às diversas avarias. Em funcionamento existe apenas o cronómetro público instalado no edifício sede da empresa Portos e Caminhos-de-ferro de Moçambique (CFM), na baixa da cidade.
FALTA DE TÉCNICOS PARALISA A “CATEDRAL"
A FALTA de pessoas qualificadas para garantir a manutenção do relógio montado na Sé Catedral é sinal de preocupação para muitas pessoas que sempre o usaram para consultar as horas. Devido à falta de pessoas qualificadas o relógio instalado neste local não está a funcionar.
Ele é manual e foi encomendado da Suécia 1940. Depois da sua montagem funcionou em pleno até à independência nacional. Segundo nossas fontes, os sinos do aparelho tocavam em cada 15 minutos. Com a Praça da Independência a acolher comícios, o Governo, na altura, mandou parar de tocar e por muito tempo ficou paralisado o que teria ocasionado a sua avaria por desuso. Depois de longos anos de paralisação, aquele cronómetro voltou a ecoar em 1988.
A LIGAÇÃO COM OS CFM
ÃO se pode falar do relógio dos CFM, sem se mencionar o historial da construção do seu edifício, segundo fontes daquela instituição. O edifício da Estação Ferroviária de Maputo, localiza-se na Praça dos Trabalhadores, onde ficavam as antigas casernas do baluarte da velha linha de defesa da povoação. É ainda hoje motivo de atracção de citadinos e turistas estrangeiros, marcando de forma indelével a face da cidade.
O projecto da sua construção iniciou em 1905 e sem dúvidas estava prevista a colocação de um relógio que não só daria estética ao edifício, como também serviria ao público.
Portanto, aquele cronómetro existe desde os primeiros anos da implantação do edifício, e de lá a esta parte tem vindo a funcionar graças à manutenção que é garantida por um trabalhador reformado.
Segundo fontes daquela companhia, sempre houve alguém cuja tarefa específica era cuidar do relógio. Esse é o segredo da manutenção pois, mesmo com avarias, o problema era imediatamente resolvido. As pessoas iam-se transmitindo a experiência.
A nossa fonte reconhece não ser fácil manter aquele tipo de aparelho tendo em conta o seu ano de fabrico, e a ausência de peças no mercado o que dita vezes sem conta que os técnicos tentem adaptá-las.
O relógio dos CFM é manual e, assim sendo, semanalmente há quem deve dar a corda para garantir o seu funcionamento. A fonte disse ainda que vezes há em que adianta ou atrasa por alguns minutos, mas sempre há um esforço de pô-lo a funcionar plenamente o que acontece graças a um trabalhador reformado.
REABILITAÇÃO DO PORTO DE PESCAS DITA A PARALISAÇÃO DOS PONTEIROS
A REABILITAÇÃO parcial das instalações do Porto de Pesca de Maputo paralisou os ponteiros do relógio público ali instalado. Segundo o chefe de manutenção daquela instituição, Miguel Timane, o relógio não avariou. Parou desde o princípio deste ano devido às obras de reabilitação em curso.
De acordo com o nosso interlocutor, o relógio público montado nas instalações do Porto de Pesca de Maputo, existe deste 1982. Desde lá é mantido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM).
“Desde a instalação deste aparelho quem garante o seu normal funcionamento é o INAM e com o tempo foi se desligando dessa função e nós identificámos um que trata do relógio”, disse Timane acrescentado que “logo que as obras terminarem faremos a reposição, cientes da importância que tem para o público”.
Entretanto, Manuel Morreira, supervisor de manutenção no edifício da empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM), num breve contacto com a nossa Reportagem, disse que tudo dependia da identificação de um técnico para repará-lo porque está a fazer muita falta aos citadinos.
A fonte disse não ter um historial do relógio, mas garantiu que o mesmo está em desuso há mais de dez anos e a direcção daquela instituição está a trabalhar para pô-lo a funcionar.
- Alcídio Walter
Adoro a estação dos CFM.
ReplyDeleteO relógio deve ser uma grande preciosidade, representa parte da história dos CFM, acho bem que seja reparado...
Maria Helena
A Estação é um dos meus locais preferidos em Maputo.
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