O Presidente da República, Armando Guebuza, na sua mensagem dirigida à Nação, pela ocasião dos 33 anos da Independência Nacional, disse que a pobreza é um fenómeno vencível. Nenhum ser humano nasce predestinado a ser pobre. A pobreza resulta de políticas e comportamentos inadequados. A incapacidade de políticas públicas exequíveis leva à pobreza a maioria do povo, situação pela qual mais de metade dos moçambicanos. Não há fatalidade quanto a esta questão. Não temos dúvidas e Deus não vai socorrer aos que ficam à espera de chuva ou do sol para produzir. O tempo de milagres passou.
Ou trabalhamos para a gente sair da miséria, condenamos a pedir tudo. Políticas erradas e ausência da cultura de trabalho árduo individual e colectivo levam Moçambique a quedar-se no fundo do túnel da pobreza. O nosso país pode produzir o suficiente de modo a evitar importar vários produtos agrícolas que inundam os mercados. Países mais sofridos que o nosso, como o Vietname que produz arroz para a nossa mesa e não só, venceram a pobreza.
O Japão é um país montanhoso, mas, produz arroz e trigo para todo o mundo. Israel situa-se num deserto, porém, não anda a mendigar comida. A Jordânia tem, apenas, cinco porcento do seu território arável, todavia, exporta produtos alimentares de origem agrícola para mais de 36 países da Europa, Ásia e América Latina. Porém, Moçambique com 36 milhões de hectares de terra arável, não produz o suficiente para se alimentar. Não é auto-suficiente de nenhum cereal ou grão.
Uma nação é respeitada pelos discursos dos seus políticos, mas, pela determinação do seu povo e clarividência das políticas governamentais. Nós, também, podemos vencer se formos abnegados no trabalho e houver políticas públicas convincentes. Enquanto se continuar a pedir o que muito bem poderia ser produzido no nosso país, ninguém nos vai respeitar. É difícil respeitar a um incapaz.
O sistema do regadio do Chokwe foi reabilitado e abandonado. O complexo de Angónia produzia batata e muita fruta, mas, agora é tudo mato. Como se pode matar a pobreza sem produzir? O complexo de Inguri deixou de existir, as grandes machambas de Sussundenga desapareceram para dar lugar as matas onde as ratazanas se procriam. Em termos globais, por cada ano que passa, o País produz cada vez menos.
Sem uma indústria para transformar os nossos produtos agro-pecuários, a pobreza vai continuar instalada no seio do povo. Sem uma agricultura de rendimento, sonhar em vencer a pobreza será, apenas, uma miragem, um discurso de boas intenções. A revolução não é um slogan atrás da qual se escondem aqueles que deveriam pensar como produzir mais e melhor. Sem acesso a financiamentos bancários e sem aprendizagem de técnicas modernas de produção, o combate à pobreza será uma simples canção para entreter os mais distraídos. Continuaremos na esquina, de mão estendida, para a caridade da comunidade internacional.
A pobreza será vencida quando os tribunais e a Procuradoria estancarem a corrupção. Não é perseguindo o professor primário que pede matabicho ao seu aluno para facilitar uma nota que se diz estar a lutar contra a corrupção. Não é, de modo algum, sendo rígidos e céleres no julgamento dos processos contra jornalistas e elementos da oposição, apanhados em manifestações, que se luta contra a corrupção.
( Edwin Hounnou, em “ A TribunaFax”, de 03/07/08 )
NOTA DO JOSÉ = É impressionante como este texto, apesar de não ser recente, continua bem actual!
Sempre actual, de facto!
ReplyDeleteO tempo em Mocambique anda pra traz.
ReplyDeleteOs que estao parados estao actualizados, os que andam pra frente, estao avancados, e os que andam pra traz somos nos.
O texto esta actual, mas tambem a situacao esta pior.
Estamos mais pobres que ontem.
Ilustre Gil, vem aí a Parte 2 e a Parte 3.
ReplyDeleteEstimado Karim, é extremamente frustrante que estes textos continuem actuais!
ReplyDeleteO Edwin Hounnou é eloquente na apresentação dos problemas e das soluções.