O método de chapelada eleitoral observado por jornalistas televisivos na cidade da Beira teve, segundo se tem constatado na revisão de votos lançados como nulos pelas respectivas mesas, uma abrangência regional e um peso quantitativo bastante maiores do que se supunha.
A título de exemplo, só na cidade de Maputo, Deviz Simango terá visto 6.000 votos fraudulentamente anulados através do esquema da dedada de tinta colocada por membros da mesa durante a contagem dos votos.
Afonso Dhlakama ia, ontem com 22.000 votos "dedados" e a Renamo com 23.000, dos quais 17.000 só na província de Manica - o que, a brincar a brincar, lhes estava a dar menos 1 deputado, em benefício da Frelimo.
De onde se conclui:
1 - Não vale a pena estar a fazer já uma análise precisa e fina dos resultados eleitorais. É mais económico esperar pelo fim das surpresas - de que, para já, resultou a alteração dos deputados eleitos por dois partidos.
2 - Mesmo não tendo dependido disso a vitória folgadíssima da Frelimo e de Armando Guebuza, torna-se evidente a existência de uma acção partidária concertada, a nível nacional, de acções de fraude eleitoral.
3 - Juntando à "dedação" (em zonas menos favoráveis) as mesas eleitorais com quase ou mesmo com mais (!) de 100% de votantes (em Gaza e Tete), e juntando-lhes ainda as polémicas actualização do recenseamento e exclusão de listas do MDM, o quadro é muito preocupante. Sobretudo depois do Zimbabwe e das reacções que esse processo mereceu, entre outros, em Moçambique.
Desta vez não. Mas... e se/quando a Frelimo enfrentar, no futuro, um risco real de perder o poder? Como será?
4 - Pelo menos com jornalistas e delegados dos partidos à sua volta, assistindo ao processo, a CNE pode ser um efectivo instrumento de controlo da legalidade democrática e de correcção das chapeladas mais evidentes.
5 - Depois do verbo "rombar", Moçambique parece estar a caminho de encontrar a sua própria palavra, pera substituir essa portuguezisse da chapelada eleitorar.
A dúvida será entre "tintada" e "dedada".
Adenda: segundo informação do Carlos Serra que, infelizmente, tive oportunidade de confirmar, a notícia para onde remete o segundo link deste post foi removida ao início da noite do site do jornal "País".
FONTE: Paulo Granjo, em www.antropocoiso.blogspot.com. Confira aqui:
E' grave
ReplyDeleteEsta é a realidade mais real, ou seja, prova do que se anda(ou) a fazer durante a contagem dos votos.
ReplyDeleteO mais engraçado é que aparecerá sempre alguém, fazendo jus a sua ignorância, a dizer que se trata de um forma de desestabilizar o país. Quanta parvoíce!
Caro Molotov, eu continuo a pensar que esta fraude monumental devia envergonhar todos os moçambicanos, o Povo merece muito mais do que isto!
ReplyDeleteÉ lamentável que queiram festejar as vitórias retumbantes mas não questionam o comportamento dos criminosos.
É nestas horas tristes que se revelam os verdadeiros patriotas!
Estimado Shir, estas fraudes não me surpreendem, pois fazem parte de um processo vergonhoso e desacreditado,mas fico decepcionado com o comportamento de certas pessoas que pretendem que as vitórias retumbantes sejam reconhecidas por todos mas não questionam o processo eleitoral em que essas vitórias acontecem.
ReplyDeleteComo democrata, não tenho problemas em aceitar vitórias, mas de modo algum posso pactuar com a vigarice e a arrogancia.
Continuo à espera que os frelimistas avancem com um discurso conciliatório em que se distanciem dos criminosos fraudulentos!
Um grande abraço!