Thursday, 6 August 2009

Família Mugabe apodera-se de fazendas confiscadas a agricultores privados






Pretoria (Canalmoz) - É por demais conhecido o papel desempenhado por Robert Mugabe na desarticulação de uma das mais prósperas economias agrícolas de África. Superior à da África do Sul, a tecnologia agrícola herdada pelo governo de Mugabe por altura da independência colocava o país na posição privilegiada de poder auto-abastecer-se em alimentos essenciais da dieta do povo zimbabueano, para além de garantir receitas com as exportações de bens produzidos pelo sector agro-pecuário, em particular a carne, que era consumida em mercados europeus muito antes da introdução do regime de contingentação no âmbito da Convenção de Lomé. Esta a realidade económica do Zimbabwe em Abril de 1980, não obstante os esforços envidados pela guerrilha do ZANLA em debilitar o sector agrícola da então Rodésia, atacando fazendas, destruindo celeiros e, no caso concreto do sector pecuário, cortando tendões a bois e vacas como forma de inviabilizar um sector vital da economia.
Escudando-se numa birra antiga com os antigos colonizadores, Mugabe cedo apercebeu-se de que a chantagem económica era o instrumento ideal para congregar apoios que permitissem a consolidação do seu projecto totalitário, de eternização do poder à custa da repressão sem quartel dos que lhe surgiam pelo caminho. Efectivamente, com apoio da sua milícia particular, convenientemente crismada de “veteranos da luta armada”, Mugabe enveredou por uma campanha sistemática de confisco de fazendas em nome da distribuição de terras a quem não a tinha. Sem se preocupar com as calamitosas consequências económicas que daí adviriam, Mugabe entreteve-se a desmantelar a base da economia do Zimbabwe. A orgia de destruição em que estava empenhado, impedia-o de ver o desemprego, a escassez de produtos, as quebras nas exportações, e a crescente dependência em relação ao estrangeiro, não obstante os alertas periodicamente lançados de dentro e fora do país, avisando-o de que caminhava para o abismo.
Apesar das frequentes declarações públicas de que o programa de reforma de terras destinava-se a dá-las aos sem-terra, Mugabe e os membros da sua família mais próxima apoderaram-se de várias fazendas confiscadas pelo regime da ZANU-PF. Sabe-se hoje que a Família Mugabe é proprietária de pelo menos 10 fazendas comerciais.
Nos princípios do corrente ano, Mugabe, acompanhado de ministros do seu regime, efectuou uma visita à fazenda de produção de leite, a Gushungo Dairy Estates, ex-Foyle Farm. Para além desta fazenda, a família Mugabe é também proprietária da fazenda Highfield Farm nos arredores de Norton. O Estado adquiriu duas fazendas próximas com o objectivo de se criar uma zona tampão em redor da Highfield Farm.
Junto à fazenda Gushungo Dairy Estates, situa-se a Iron Mask Farm, igualmente propriedade da família Mugabe, embora se acredite que esteja registada em nome da esposa do presidente zimbabweano, Grace Mugabe.
Investigações revelaram que a família Mugabe apoderou-se das fazendas Sigaru Farm, Liverdale Farm, Bassil Farm e Mazowe Farm na Província de Mashonaland Central. A senhora Grace Mugabe é referida como estando em vias de se apoderar de uma fazenda na Província de Mashonaland Ocidental, para oferecer a um filho do seu primeiro casamento, Russell Goreraza. Em tempos, o pai de Goreraza, Stanley, havia sido destacado para a embaixada zimbabweana em Beijing como adido militar, numa altura em que Robert Mugabe fazia a corte a Grace.
Um sobrinho de Mugabe, de nome Leo Mugabe, possui três fazendas comerciais, e o irmão mais novo, Patrick Zhuwawo, é dono de duas outras fazendas. Este facto foi revelado no âmbito de uma acção judicial de divórcio litigioso movida pela ex-mulher de Leo Mugabe.
Sabina Mugane, irmã do actual presidente do Zimbabwe, apoderou-se de uma fazenda na região agrícola de Norton durante a campanha de confisco de propriedades agrícolas privadas.

( The Zimbabwean, citado em www.canalmoz.com )

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