Sunday, 27 April 2008
Paulina Chiziane: O Alegre Canto da Perdiz
Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance (Balada de Amor ao Vento, 1990), mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte. Nasci em 1955 em Manjacaze. Frequentei estudos superiores que não concluí. Actualmente vivo e trabalho na Zambézia.
Paulina Chiziane
As obras de Paulina Chiziane encontram-se traduzidas nos seguintes países:Alemanha, Espanha, EUA, França e Itália
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística, em Maputo. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), e é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana.
Delfina é uma mulher bonita, «uma negra daquelas que os brancos gostam». A história de vida desta Delfina, «dos contrates, dos conflitos, das confusões e contradições», é a história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho. Esta mulher debate-se entre «escolher o caminho do sofrimento», o amor que sente por José dos Montes, e eliminar a sua raça para ganhar a liberdade», procurando o homem branco que lhe dará o alimento e o conforto que deseja. Mas o que é o amor para a mulher negra? Na terra onde as mulheres se casam por encomenda na adolescência? O problema arrasta-se ao longo do livro, aparentemente sem solução: «viver em dois mundos é o mesmo que viver em dois corpos, não se pode. Tu és negra, jamais serás branca». Mesmo assim a mulher negra «procura um filho mulato, para aliviar o negro da sua pele como quem alivia as roupas de luto».O sufoco das palavras outrora silenciadas, a valentia e a frontalidade gritam alto nos romances de Paulina Chiziane. Neste diálogo consigo própria, a conhecida escritora moçambicana, mistura imaginação, fantástico, misticismo, num retrato poderoso e peculiar da sociedade e da mulher africanas.
(Tirado da Internet)
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