Thursday, 3 August 2017

Ordem dos advogados moçambicana averiguou cenas "desumanas, degradantes e macabras" de tortura em mina de rubis



Maputo, 02 ago (Lusa) - A Ordem de Advogados de Moçambique classificou hoje de "desumanas, degradantes e macabras" cenas de tortura perpetradas pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR) a garimpeiros numa mina de rubis no norte do país.
"A Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados acompanhou os macabros, degradantes e desumanos atos de tortura e inusitada violência perpetrados por elementos da UIR", refere a entidade, num comunicado distribuído hoje à imprensa.
A polícia de Moçambique confirmou que membros da UIR, unidade antimotim, torturaram garimpeiros em Montepuez, que, segundo os media, tem como acionista um general e histórico da Frelimo, partido no poder.
No seu comunicado, a Ordem de Advogados de Moçambique diz que foi enviada uma delegação ao terreno para averiguar a veracidade das imagens captadas e constatou que os vídeos, que circulam nas redes sociais, são de 2013 e 2014.
" A Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados apurou que aquele tipo de reação, realizada pelas forças de segurança pública e privada, é uma prática que existe desde a descoberta de rubis em 2009", acrescenta o comunicado.
De acordo com a Ordem, as populações locais queixam-se de que a exploração da mina não está a criar benefícios à comunidade, acusando até que a empresa Montepuez Ruby Mining (MRM) tem destruído casas e campos agrícolas dos habitantes, alegando que quer expulsar garimpeiros ilegais.
Vários órgãos de comunicação social em Moçambique referem que as cenas relatadas se deram na mina de Namanhumbir, situada a cerca de dois mil quilómetros de Maputo, onde a Montepuez Ruby Minging extrai esmeraldas e rubis, o que a empresa nega.
A Montepuez Ruby Mining é detida pela multinacional Gemfields e pela Mwiriti Limitada, cujo acionista maioritário é Raimundo Pachinuapa, um general e militante histórico da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, ao qual se juntou ainda antes do início da luta contra o colonialismo português, em 1964.
De acordo com Gopal Kumar, entre junho de 2016 e a junho de 2017 a Montepuez Ruby Mining arrecadou 90 milhões de dólares com a venda de rubis.



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