Monday, 20 February 2017

Até quando vamos adiar o futuro do país?

Um mero olhar sobre os acontecimentos do país é notório que estamos longe de ser um país normal, onde os moçambicanos gozam os seus direitos de forma plena e têm a liberdade de fazer as suas escolhas. É bom que se diga que a insana ambição declarada de alguns moçambicanos, particularmente frelimistas, em reduzir o esforço dos moçambicanos à insignificância, propalando a ideia segundo a qual os indivíduos que têm opinião contrária ao regime da Frelimo é inimigo e perseguem interesses obscuros ou estão simplesmente ao serviço de estrangeiros empenhados em empurrar a bela “Pérola do Índico” para o abismo.
É preciso que se compreenda que a diversidade é um factor que enriquece uma sociedade, ou um país. E os que pensam de modo diferente não são, de modo algum, inimigos. Porém, infelizmente alguns moçambicanos ainda não compreenderam isso. Não deveria haver dúvidas que as posições que assumimos são parte fundamental do esforço colectivo de edificação desta pátria. Todos queremos uma nação justa e próspera. Uma nação em que ninguém tenha de ficar preocupado se a Justiça ou a Polícia vira defendê-lo ou condená-lo com base nas suas cores políticas.
Este comportamento, digamos demente, encontra fundamento na seguinte situação: grande parte dos moçambicanos cresceu ou foi criado debaixo da árvore do monopartidarismo; desde a infância, centenas de milhares de moçambicanos nutriram-se (e continuam a nutrir-se) de discursos demagógicos segundo os quais quem tiver ideias diferentes é inimigo, está contra o desenvolvimento, não pode ser patriota e deve ser veemente combatido.
Ontologicamente, por razões históricas, alguns moçambicanos acreditam que apenas um partido tem o direito legítimo de conduzir a nau desta nação. É dentro dessa realidade que assistimos impávidos à partidarização do Aparelho do Estado, da sociedade moçambicana e, consequentemente, resulta na intolerância política, para além de vermos atitudes como a do Serviço Nacional de Salvação Pública que forneceu à residência do água ao ex-comandante-geral da Polícia, numa altura em milhares de moçambicano debatem-se com a crise do precioso líquido.
É, diga-se em abono da verdade, caricato o facto de a Procuradoria-Geral da República comunicar o adiamento do resultado da auditoria internacional às dívidas escondidas contraídas por Armando Guebuza e seus títeres do partido Frelimo, com a desculpa de que se pretendia desenvolver o país.
Os moçambicanos, erradamente, têm sido levados a acreditar em tudo que reluz como sinal de desenvolvimento, quando na verdade reflecte o sucesso material de um indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes a Frelimo. O desenvolvimento, portanto, de um país não se mede pelo sucesso de meia dúzia de empresários ligados ao poder, mas pelo desenvolvimento sócio-cultural da população, pela capacidade dela organizar-se para ser protagonista e quando é dotada de consciência crítica.


Editorial, A Verdade

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