Wednesday, 21 December 2016

Frelimo quer que a Renamo perca a cabeça e aja em desespero, diz Dhlakama


O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, acusou hoje a Frelimo de pretender levar o principal partido de oposição no país a perder a cabeça e a agir no desespero, ao promover assassínios políticos. 


"[A Frelimo) quer levar a Renamo a perder a cabeça e agir no desespero. Que a Renamo diga que isto é brincadeira e que nós já não queremos mais", afirmou o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, em entrevista ao semanário Canal de Moçambique.
O líder do principal partido de oposição declarou que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) não quer as negociações de paz, acusando o partido no poder de ser responsável pelo homicídio em Outubro de Jeremias Pondeca, negociador da Renamo no actual processo de paz.
"Por isso mesmo, quando assassinaram Jeremias Pondeca, todo o mundo ficou com medo de que [Afonso] Dhlakama poderia romper as negociações, mas fiz declarações à imprensa a dizer que não, embora tenha acontecido isso", afirmou o dirigente da Renamo.
Reiterando a acusação de que a Frelimo não está a ser séria no processo negocial, Afonso Dhlakama assinalou que a alternativa é continuar o diálogo político e que essa é a via para vingar Jeremias Pondeca.
"Eu, Afonso Dhlakama, acredito que um dia isto vai terminar e poderei sair daqui. Nós não vamos aceitar perder a cabeça, como eles querem", acrescentou Dhlakama.
O líder do principal partido da oposição afirmou que o Governo e a Renamo estavam próximos de um entendimento para o fim da violência militar, imputando ao executivo pelo impasse, nas negociações, por ter apresentado a proposta de constituição de um grupo especializado sobre a questão da descentralização, que iria funcionar sem a presença dos mediadores internacionais.
"O que aconteceu é que a Frelimo trouxe uma proposta, há duas semanas, que surpreendeu toda a gente. A Frelimo queria que houvesse uma comissão dentro de uma comissão. (…) A Frelimo queria afastar a mediação internacional, a influência da mediação internacional neste grupo", afirmou Afonso Dhlakama.
Durante a entrevista, Dhlakama não confirmou se se terá encontrado com Jonathan Powel, membro da equipa de mediadores internacionais, na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro de Moçambique.
"Não sei, não me lembro bem, vamos deixar essa parte de lado", disse o líder da Renamo.
O centro e Norte de Moçambique estão a ser assolados pela violência militar, na sequência da recusa da Renamo em aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, considerando que a Frelimo viciou o escrutínio para se manter no poder.
Os trabalhos da comissão mista das delegações do Governo e da Renamo pararam na semana passada sem acordo sobre o pacote de descentralização exigido pela Renamo para cessar a crise política e militar em Moçambique e os mediadores abandonaram Maputo, referindo que só regressarão se forem convocados pelas partes.
O Presidente moçambicano disse na segunda-feira que propôs à Renamo a criação de um grupo de trabalho especializado, "sem distinção política" nem a presença do actual grupo de mediadores para discutir o pacote de descentralização e um acordo de paz com o maior partido de oposição.



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