Saturday, 2 April 2016

Renamo justifica adiamento da tomada de poder em seis províncias moçambicanas com crise militar

 

Maputo, 01 abr (Lusa) - A Renamo justificou hoje o adiamento do prazo do fim de março, dado pelo presidente do maior partido da oposição em Moçambique, para a tomada do poder no centro e norte do país com o agravamento da situação militar.
"Os planos mantêm-se mas agora há ofensivas muito sérias, confrontos muito sérios na Gorongosa desde quarta-feira", disse à Lusa o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), em relação ao objetivo do líder do seu partido, Afonso Dhlakama, de tomar o poder em seis províncias (Nampula, Niassa, Zambézia, Sofala, Tete e Manica) até ao fim de março.
Segundo António Muchanga, o líder da oposição mantém-se na serra da Gorongosa, província de Sofala, mas sem precisar o local exato, numa região, que, segundo a Renamo, tem sido severamente bombardeada nos últimos dias pelas Forças de Defesa e Segurança.
"A principal preocupação agora é ver o que se pode fazer para salvar vidas", observou o porta-voz.
Fontes locais do braço armado da Renamo ouvidas pela Lusa dão conta da utilização de armamento pesado na serra da Gorongosa nos vários dias.
"Hoje, das 09:00 às 14:00 tinham sido disparados pelo menos 20 morteiros", descreveu à Lusa uma das fontes a partir da Gorongosa.
Um jornalista local disse por sua vez que os bombardeamentos eram escutados na vila da Gorongosa, adiantando que se instalou o medo em vários bairros.
A Lusa tentou ouvir as autoridades provinciais das Forças de Defesa e Segurança, mas sem sucesso.
Os últimos dias têm sido acompanhados de uma intensificação dos apelos para a paz e para o diálogo por parte do Governo moçambicano, pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, organizações de sociedade civil e corpo diplomático acreditado em Maputo.
A Renamo não reconhece os resultados das eleições gerais de 2014 e ameaça tomar o poder nas seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio, tendo apontado março como o mês em que ia assumir a governação naquelas regiões.
As últimas semanas têm sido marcadas por um agravamento da situação militar, com registos de confrontos entre as duas partes e de emboscadas atribuídas a homens da Renamo nas principais estradas do país, atingindo viaturas militares e civis.
As autoridades determinaram em fevereiro a criação de escoltas militares obrigatórias em dois troços na província de Sofala da N1, a principal estrada do país, enquanto ao vizinho Malaui o número de refugiados em fuga da província de Tete ascende a pelo menos 11 mil.
A Renamo sujeita a retoma do diálogo à mediação da África do Sul, União Europeia e Igreja Católica, mas sugere que eventuais negociações não pararão a ameaça de tomar as províncias do centro e norte do país.





Lusa

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