Tuesday, 31 March 2015

MARCO DO CORREIO, por Machado da Graça


Olá Adérito

Como vais, meu amigo? Eu hoje não estou bem.
Champanhe a mais desde domingo está-me a atacar o fígado. Mas que fazer? Não dá para ficar para aqui indiferente...
Mas de quem eu tenho verdadeiramente pena é de Damião e dos 40 lambe-botas.
Damião não fez outra coisa, nos últimos dias, senão vir a público dizer que a sucessão de Guebuza não fazia parte da agenda da reunião e não o fazia porque esse assunto não era um problema para o partido. Ninguém, dentro do partido o sentia como um problema.
E, de repente, mandam-no ir ter com os jorna­listas e informar que Guebuza pôs o seu cargo à disposição e o Comité Central imediatamente aceitou a sua saída.
Eu, se fosse Damião, não ia. Dava parte de do­ente e ia esconder a vergonha para um qualquer canto escuro. Que mandassem outro...
O mesmo se passa com os 40 vendidos. Como ainda não deve ter havido uma contra-ordem sobre utilizá-los continuam a ser chamados, agora para explicar por que razão aconteceu aquilo que eles achavam, por A+B, que nunca iria acontecer. Mas esses já estão habituados. Já lhes pregaram essa partida tantas vezes que já têm uma grande flexi­bilidade na argumentação.
Mas circula no FaceBook que foram bem sova­dos por muitas intervenções no CC e nem uma só voz se levantou para os defender. Tanta ingratidão deve doer!
Mas, voltando ao triste Damião, era interessante ele explicar porque foi que, não sendo a sucessão de Guebuza um problema para o partido Frelimo, quando ele pôs o seu lugar à disposição, os membros do CC não se levantaram, em massa, exigindo que ele ficasse. E porque é que todos eles, menos dois (quem terão sido estes 2?), votaram pela eleição de Filipe Nyusi.
Quanto ao novo Presidente, tenho a sensação de que vai ter de convocar um congresso extraordinário para poder varrer a casa e substituir velhos móveis por outros mais a seu gosto. E não é trabalho pe­queno porque aquilo está cheio, de cima a baixo, ao gosto do anterior proprietário.
A ver vamos como ele se sai...

Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 31.03.2015

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