Tuesday, 14 October 2014

Partido Frelimo usa salários para para aliciar funcionários públicos



Uma fonte sénior da Direcção Nacional do Orçamento no Ministério das Finanças disse ao “Canalmoz” que o partido Frelimo ordenou às Finanças para pagarem aos funcionários até à passada sexta-feira, 11 de Outubro, os salários referentes ao mês de Outubro. O pagamento é feito antes do meio do mês para que chegue o dia da votação com os salários pagos a todos os funcionários públicos, como forma de aliciá-los para votarem na Frelimo e no seu candidato.
Na semana passada, quase todos os funcionários públicos já tinham recebido os salários referentes ao mês de Outubro. Na função pública, os salários começam a ser pagos normalmente nos dias 18 e 19, até ao dia 5 do mês seguinte. Mas, neste mês de Outubro, mês das eleições, até à passada segunda-feira, dia 8, alguns funcionários, como, por exemplo, da Educação, da Saúde e da Polícia, já tinham os seus salários do mês de Outubro. O “Canalmoz” confirmou, com vários professores, enfermeiros e Polícias, que estes já tinham os salários de Outubro no dia 8. O sector da Justiça teve os seus salários na passada quinta-feira, 9 de Outubro, segundo garantiu o dirigente do Ministério das Finanças que participou da operação “salário para votos”.
“Há uma sensação generalizada de que este ano o partido Frelimo pode perder as eleições. Os próprios dirigentes do partido Frelimo estão cientes de que estas eleições são difíceis. E os funcionários públicos são em bom número, e a Frelimo pode aliciá-los com salários mais cedo, para um efeito psicológico a curto prazo, até ao dia das eleições”, comentou aquele dirigente do Ministério das Finanças. A mesma fonte disse também que os dirigentes das instituições do Estado reúnem aos sábados, em coordenação com o Ministério da Função Pública, para pressionarem os funcionários para “votarem bem”. “Votar bem”, segundo nos disse a fonte, é votar na Frelimo. “Nunca estivemos numa situação tão complicada quanto a destas eleições. Está tudo muito apertado, e pode acontecer uma tragédia”, disse-nos a fonte, explicando que “tragédia” seria uma pesada derrota do partido Frelimo. Sobre a operação “salário para votos”, o “Canalmoz” tentou ouvir o director nacional do Orçamento, para saber o critério que foi usado para pagar os salários no dia 8 de Outubro, mas a tentativa foi infrutífera.


(Matias Guente, Canalmoz)

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