Monday, 22 September 2014

As sementes da fraude germinam na comunicação social


Sociedade civil subserviente cala-se e nada vê



 Onde estão as organizações da sociedade civil moçambicanas neste momento em que o partido no poder monopoliza os meios de comunicação sociais públicos a favor do seu candidato?
Onde estão aquelas pessoas que andam de chancelaria em chancelaria solicitando fundos para promover marchas pela PAZ?
Onde estão os “analistas de serviço” que não se cansam de apelidar o outro de beligerante? Onde param os famosos analistas que diariamente descarregam a sua raiva contra quem se mostra da oposição?
Onde está o chefe-mor dos “imperativos nacionais”?
Inclinar os pratos da balança e depois pretender que tudo isso é normal é catalisar a fermentação de algo que os moçambicanos não desejam nem aceitarão.
É de fraude antecipada que estamos falando, quando não se observa equidade no acesso à comunicação social pública para efeito de propaganda eleitoral.
Os que se mostram ou se fazem de cegos face ao que acontece diariamente na RM, TVM, “Notícias”, “Domingo” fazem parte do exército encarregue de manter o poder a qualquer custo.
Isto é batota, que deve ser sancionada pelos órgãos competentes.
Não queremos que o Conselho Constitucional venha amanhã dizer que “recomendou” à CNE para alterar a sua forma de proceder.
Não é preciso que o “Carter Center” ou a União Europeia venham depois produzir relatórios daquilo que poderia ter sido evitado.
Recomenda-se a intervenção urgente do Conselho Superior da Comunicação Social para travar o tratamento ilícito protagonizado pelos órgãos de comunicação social públicos em relação ao acesso equitativo a que os partidos políticos têm direito conforme a lei da República de Moçambique.
Somos um país em construção, e as suas bases devem primar pelo respeito escrupuloso da lei.
É táctica suja e vil promover campanhas eleitorais à custa do erário público em regime de exclusividade.
A pompa e o suposto músculo financeiro de uma campanha que vem a ser levada a cabo há bastante tempo com fundos do Estado requerem abordagem hoje e não amanhã.
Face à escalada de abusos, importa que as autoridades eleitorais e judiciais intervenham e condenem com vigor estes procedimentos.
Não se pode ir a votos quando um dos jogadores parte em vantagem devido a uma série de ilicitudes.
Favorecer a fraude compromete a justiça eleitoral e constitui factor para a emergência de conflitos pós-eleitorais.
O sentido de Estado, de que convenientemente alguns falam, deve ser algo prático e visível. De retórica e demagogia estão os moçambicanos fartos.
O tempo de agir para a criação de um ambiente propício a eleições justas, livres e transparentes é hoje e não amanhã, quando “o caldo estiver entornado”.
É perigoso “brincar com fogo” e partir de considerações ou visões míopes num panorama ainda bem fresco de confrontação político-militar.
A apatia e precariedade do debate político no país propicia o surgimento de focos de manipulação política de consequências desconhecidas e de aproveitamentos também desconhecidos.
Aos políticos e aos seus partidos pede-se comportamento cívico e responsável que ultrapasse agendas de conquista do poder.
Moçambique e os moçambicanos precisam de reconciliação, de combate cerrado contra as assimetrias, de promoção de uma sociedade justa e respeitadora das leis.
Os “slogans” e qualquer outra mensagem que os partidos tenham para passar na comunicação social pública devem receber e merecer o mesmo tratamento.
O bombardeamento mediático eleitoralista seja feito dentro das regras pré-estabelecidas e nunca inclinado para uma das partes concorrentes.
Denunciar hoje os comportamentos ilícitos significa responsabilidade e aquele sentido de Estado salutar.
Outubro e os resultados que se alcancem não devem significar morte dos adversários políticos.
Este apelo inclui também a PRM e a FIR, no sentido de que estas forças devem manter uma equidistância em relação aos acontecimentos eleitorais e proceder no restrito respeito da lei.
Pacificar Moçambique é mais do que retórica, é uma necessidade urgente que implica todos e com consequências para todos.




(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

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