Wednesday, 18 June 2014

Terrorismo verbal, guerra de baixa intensidade, retórica demagógica


Mistura explosiva conducente à guerra generalizada?

Beira (Canalmoz) – Não queremos que amanhã nos chamem “apóstolos da desgraça”. Os factos falam por si, e, se alguém tinha dúvidas, tudo está claro e definido na tela que é o país.
Quando se procura ou se envereda pela política de eliminação do outr...o duma maneira insidiosa e persistente, convém descobrir as razões de tais exercícios. Quando um partido político só consegue fazer políticas na ausência dos outros, é estranho e característico de quem não se sente bem em democracia.
Quando um partido político se socorre da Polícia e da PGR e tribunais como ajudantes permanentes nos pleitos eleitorais, é uma aberração quanto ao que significa democracia.
Quando os parceiros de cooperação internacional se calam e não manifestam desconforto com a afronta que fere os preceitos democráticos de maneira repetida e continuada, há que desconfiar desses parceiros.
Quem opta pelo rearmamento a todo o gás e ao mesmo tempo advoga soluções pacíficas para uma crise que os moçambicanos acreditam e manifestam que foi causada por quem não conseguiu ser honesto e cumprir com o AGP, só pode ser por desespero de causa e conclusão de que uma outra via seria a derrota eleitoral e política.
Em Moçambique, tanto os discursos como os factos falam por si, sem que seja necessário afinar a lupa para ver o que querem uns e o que negam os outros.
Há uma negação cada vez mais notória e vibrante duma política governamental baseada na exclusão. Ninguém está disposto a continuar aceitando migalhas como os fundos de desenvolvimento distrital, enquanto um grupinho de indivíduos abocanha a parte de leão do que são os recursos naturais do país.
Este país não é composto por sábios, dum lado, e, do outro lado, larga maioria de ignorantes e insensíveis, analfabetos e gente que não tem necessidade de comodidade, conforto, boa comida, transporte condigno, emprego com salário decente, cidadãos de segunda e de terceira.
Este país não pode ser um conluio entre quem se considera “libertador”, não é propriedade individual de tal grupo, mesmo que todos reconheçamos que merecem o nosso respeito pelos sacrifícios consentidos. Também sabemos que alguns dos maiores beneficiários das mordomias e regalias, pensões de reforma e outros privilégios são pessoas que jamais “deram o litro” pela libertação do país.
Chefia de delegações do movimento de libertação no estrangeiro, colecta de apoios externos, coordenação diplomática e outros exercícios enquadrados na luta anticolonial fora do teatro operacional foram importantes para fazer conhecida e sentida a aspiração dos moçambicanos à Independência, mas jamais deverão ser critério para que tais indivíduos constituam uma classe especial de cidadãos, impunes e todo-poderosos. As suas famílias ou descendentes não devem por associação com eles ser um rebanho especial de indivíduos, destinado a brilhar e a receber títulos de que se desconhece a origem.
Não se constrói um país com base na discriminação dos seus cidadãos. Não se constrói um país sem trabalho e distribuição justa dos resultados de tal trabalho.
A corrida galopante aos recursos naturais feita a favor dum grupo de “eleitos” é um assunto de interesse nacional e com potencial de servir de incubador de novas crises. Não se pode considerar que o silêncio da maioria seja definitivo ou garantia de que os assaltos obscuros ao bem comum tenham sido aceites pelos moçambicanos.
O PR deve compreender de uma vez por todas que temos capacidade de compreender os seus discursos e também o que nos diz nas entrelinhas.
Uma barragem de artilharia, por mais poderosa que seja, não significa vitória definitiva sobre o inimigo, como se pode ver no Iraque de hoje.
É tempo de se abandonarem subterfúgios e manobras legalistas encobertas por um manto de suposta luta pela soberania.
Cada dia de atraso na conclusão do processo negocial de Maputo é grave e perigoso.
Ninguém está pedindo que o Estado, representado pelo Governo, abdique das suas prerrogativas constitucionais, mas pelo contrário.
Mesmo que se tenha tentado esconder para a maioria, sabe-se hoje que a manobra de implementação parcial do AGP foi uma estratégia visando concentrar o poder de decisão sobre os assuntos nacionais nas mãos dum pequeno grupo de indivíduos, que jamais se reviu em circunstâncias de partilha do poder.
Tenhamos a coragem de chamar Joaquim Chissano ao Centro de Conferências “Joaquim Chissano” para que, com os seus dotes de exímio negociador, esclareça aos interlocutores todo o pacote pendente do AGP. Escusam os especialistas e analistas de ocasião de continuarem a enganar os moçambicanos com teses estereotipadas e incongruentes.
Aqueles que eram considerados cidadãos de segunda pelos “sábios e comissários políticos” acordaram da sua hibernação.
É uma questão até básica, a César o que lhe pertence, e a Deus o que é de Deus…
Democracia efectiva, com separação clara dos poderes democráticos, Exército republicano apartidário, Polícia nacional apartidária, SISE, de facto, segurança do Estado, em que todos os cidadãos se revêem, política económica e financeira atendendo às necessidades e aspirações de vida condigna dos moçambicanos, não aos favores que os moçambicanos estão pedindo a algum ente superior. São direitos inalienáveis de todos os moçambicanos. Essa é a fórmula da PAZ.




(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

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