Saturday, 21 June 2014

Políticos obrigam o país a comemorar 39 anos de independência em guerra


 Próxima sessão do diálogo talvez na sexta ou sábado da próxima semana

- O Conselho Nacional da Renamo, a ter lugar de segunda a terça-feira, vai mesmo acontecer sem Afonso Dhlakama, mas este será ratificado e proclamado candidato presidencial


Contra o desejo e expectativa de milhares de moçambicanos, uma vez mais o país vai comemorar mais um aniversário da proclamação da Independência Nacional ao som de tiroteios, particularmente na região centro do país e mais concretamente na Estrada Nacional Número Um (EN1) e distrito da Gorongosa.
Depois de alguma pressão feita ao longo dos últimos dias para a assinatura do “documento final”, inicialmente previsto para esta segunda-feira (16), as partes não conseguiram rubricar o esperado acordo porque há última hora, a delegação governamental cancelou a reunião. As razões para o cancelamento de última hora não foram devidamente clarificadas.
Na verdade, nos últimos dias, a Renamo tinha razões adicionais para pressionar o governo a assinar o acordo, tendo em conta a realização, a partir da segunda-feira (23), do Conselho Nacional deste partido, na cidade da Beira. A ideia da Renamo era que tudo fosse feito no sentido de assegurar a assinatura dos acordos e, deste modo, permitir a saída de “parte incerta” do seu líder, Afonso Dhlakama.
Saindo da mata, Dhlakama devia seguir directamente viagem para a cidade da Beira onde iria presidir a reunião do Conselho Nacional que, ao que tudo indica, pela primeira vez, irá acontecer sem a presença de Afonso Dhlakama.
Num curto contacto com o media mediaFAX na tarde de ontem, o porta-voz da Renamo, António
Muchanga, lamentou o facto de os políticos não terem conseguido assegurar que os moçambicanos pudessem festejar mais um aniversário da independência em ambiente de paz e tranquilidade efectivas.
Puxando a sardinha à sua brasa, o porta-voz da Renamo entende que de tudo a Renamo fez para devolver a paz aos moçambicanos, mas a contra-parte governamental não teve a mesma sensibilidade, daí a razão do actual estado de coisas.
“Lamentamos. Isso é mau para o país mas não há outra maneira.
Fizemos aquilo que nos competia para devolver a paz aos moçambicanos mas parece que a outra parte não tem a mesma flexibilidade, sensibilidade e interesse. Quando uns têm vontade e os outros não têm é complicado”- lamentou Muchanga.



Reunião sem Dhlakama



Está também confirmado que a reunião do Conselho Nacional da Renamo, a decorrer na cidade da Beira de segunda a terça-feira, irá acontecer sem a presença do presidente deste partido, Afonso Dhlakama.
Segundo soubemos, quatro pontos constituem agenda principal da sessão que deverá ser orientada pelo Secretário Geral, Manuel Bissopo. O primeiro ponto da lista indica a análise e discussão da situação social e política do país e em segundo lugar, a Renamo vai discutir o programa de governação da Renamo caso saia vencedor das eleições previstas para 15 de Outubro.
O terceiro ponto tem a ver com a ratificação e proclamação do candidato presidencial e ainda apreciação e aprovação dos relatórios das conferências locais de eleição dos candidatos tendo em conta as legislativas e assembleias provinciais.



 Diálogo só na sexta ou sábado


Depois de o governo ter cancelado a reunião de segunda-feira desta semana, a Renamo fez uma contra proposta para a necessidade da realização da reunião ainda ao longo desta semana, tudo na perspectiva de assegurar a assinatura do “documento final” ainda dentro desta semana. A assinatura do documento iria criar condições para a participação de Afonso Dhlakama no Conselho Nacional, na Beira.
Entretanto, o governo respondeu a exigência da Renamo informando que definitivamente esta semana não estaria disponível, só mesmo na segunda-feira (23).
Já na manhã de ontem, a Renamo mandou uma carta ao governo informando que o partido não está disponível para a sessão de segunda-feira, tendo em conta a realização do Conselho Nacional. Ao mesmo tempo informou que só estaria disponível depois do seu Conselho Nacional, marcando assim, a próxima sessão do diálogo político para sexta ou sábado da próxima semana. O governo ainda não respondeu se estaria ou não disponível para as datas propostas pela Renamo. Caso não mostre disponibilidade, a próxima sessão só terá lugar na segunda feira do dia 30 de Junho corrente.

 

  MEDIAFAX – 20.06.2014

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