Friday, 21 March 2014

Um País não se funda com mentiras e subterfúgios


Está a ficar evidente que os conflitos e crises têm essa génese…

Beira (Canalmoz) – Desde as crises primordiais que caracterizaram a evolução da Frelimo tem-se evidenciado algum carácter pérfido por parte de alguns de seus intervenientes. Há crise quando os interlocutores não se entendem ou conside...ram que não existem condições para criação de consensos operacionais.
Logo após a independência nacional o processo convulsões internas não deixou de se fazer sentir e as crises, embora mudando de forma, continuaram.
Num processo permanente de eliminação dos que não concordavam com directivas e supostas linhas correctas viu-se um país crescendo para a crise. Diriam que uns que é assim que crescem os países e os processos políticos.
Mas algo atípico caracteriza a nossa situação.
Nossa república parece que tem sido dirigida por demagogos por excelência. Discurso livre, corrido, até profundo e cheio de significado quando na prática pouco ou nada significa. Tudo se resume ao poder em si. A sua conquista e manutenção acima de qualquer outra perspectiva. Desde que esse almejado poder esteja nas mãos de gente do grupo a que se pertence nada mais conta.
É assim que se tem visto a crescer o jogo sujo, a mentira, o formalismo, o envernizamento da estultícia no lugar da sensatez, da honestidade, do senso mais básico.
A venda ao desbarato do discurso da Unidade Nacional como se de ofensiva de um comissariado político se tratasse que resultados teve em concreto? Se nos primeiros anos após a Independência isso ainda fazia as pessoas acreditarem ou reflectirem hoje as pessoas “fecham os ouvidos” para não ouvirem repetições doentias de palavras gastas e sem sentido. A Unidade Nacional não enche a barriga de ninguém.
Outro aspecto que parece tabu é o dos “heróis moçambicanos”. Que existam e tenham existido cidadãos excepcionais, que deram o melhor de si para a causa nacional nas mais diversas esferas, ninguém tem dúvidas. Mas que essas pessoas tenham todas que ser aquelas que a direcção da Frelimo designa, já não colhe nem é consensual.
Teimosamente a governação neste país tem sido feita com base em slogans enquanto nos corredores do poder se produzem alianças concretas para o controlo dos dossiers económicos e privados.
A agora famosa “parceria público-privada” surge como fórmula mágica para assegurar a manutenção das regalias e dos privilégios.
Quando se fala de desenvolvimento, alguns tentam apontar alguns projectos de sucessos mas na realidade, tais projectos, embora existam em solo e subsolo moçambicano, tendo em conta o nível de proventos que deixam no país, melhor seria que não tivessem sido implementados.
Criar uma classe média com base na corrupção e no nepotismo é trazer doenças sociais de difícil cura. A elite da capital do país, habituada a lucrar com suas intervenções nos corredores do poder jamais aceitará a dura realidade que o trabalho significa.
Os que batiam pelo poder discricionário, pela impunidade e continuação de regime de funcionamento de órgãos eleitorais longe do escrutínio público e dos partidos são indivíduos com plena consciência de que o nivelamento do campo trará desafios intransponíveis para quem nunca se habituou a trabalhar.
O calor e a humidade em geral têm os seus efeitos tanto para o Homem como para a própria natureza. A oxidação natural da mentira e história oficiais deixam a nu aquilo que é verdade. Escondida mesmo por muitos anos, hoje, os moçambicanos são confrontados com dados e versões diferentes de seu passado e presente. Com o advento das TIC torna-se cada vez mais difícil esconder. Os arquivos internacionais são acessíveis e de lá extraem verdades incómodas a quem se havia habituado a governado sem prestar contas aos governados.
Através de um combate implacável pela recuperação dos direitos políticos dos moçambicanos, protagonizados por partidos políticos, sociedade civil e organizações religiosas, Moçambique começa a sonhar com a possibilidade de realização de eleições presidenciais, legislativas e para as assembleias provinciais num ambiente justo transparente e livre.
Os detractores da democracia e da justeza da luta dos moçambicanos aquartelados em gabinetes de comunicação social e em alguns centros de pensamento sofreram uma inegável derrota nos seus desígnios de denegrirem os que se batiam pela democracia real e efectiva.
A construção da moçambicanidade é um projecto permanente. A soberania que queremos e os órgãos de sua defesa devem reflectir os pontos de vista dos moçambicanos e não o que uma elite parasita desenhe. Ninguém tem direitos especiais neste país chamado Moçambique….



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

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