Wednesday, 22 January 2014

Depois de Sofala, Nampula e Inhambane


 Presença de supostos homens armados da Renamo deixa Tete em alvoroço (#canalmoz)

“De facto, há movimentação de homens da Renamo, desde a passada sexta-feira” - porta-voz da PRM em Tete, José Núbias

Tete (Canalmoz) – Informações dando conta da presença de homens armados, supostamente da Renamo, na província de Tete, estão a deixar a província em alvoroço. A população está em pânico porque, segundo contam desde a passada sexta-feira (17), homens supostamente ligados à Renamo circulam na localidade de Nkondedzi, Distrito de Moatize, na província de Tete. Os referidos homens andam em grupos, munidos de armas de fogo.
O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Tete, José Nubias, confirma a presença dos referidos homens armados e fala em reforço das forças governamentais para fazer face à situação. Tete torna-se, assim, a quarta província do País com a presença de homens armados, depois de Sofala, Nampula e Inhambane.
Informações colhidas pelo Canalmoz indicam que até aqui não houve nenhum ataque. “Desde que, eles chegaram, não houve nenhum ataque, mas eles estão aqui nas matas, a circularem. Quando amanhece começam a movimentar-se”, contam cidadãos que receiam que o seu objectivo seja assaltar o quartel da força da Guarda Fronteira que está ali estacionada.

“Não vamos maltratar a ninguém, fiquem calmos”

Segundo o chefe da localidade de Nkondedzi, Orlavino Supinho, os homens armados, supostamente pertencentes à Renamo, dizem que não tencionam fazer mal aos populares das comunidades por onde passam, mas deixam claro que, se as forças governamentais provocarem, aí sim, haverá ataques.

Suspeita-se que Nsungudzi tenha sido a porta de entrada

Segundo o chefe da localidade, os homens armados entraram das localidades de Nkondedzi no dia 17 de Janeiro, sexta-feira. No mesmo dia os homens escalaram o povoado de Khungoza na zona de Nankoko. No dia seguinte, sábado, escalaram os povoados de Ndhaka, Changa, Madzibawe, Ntambe, em Ndande onde foram acampar na zona de Cabango montando uma cancela de entrada e saída de pessoas.
“Entraram via Samoa, onde têm a base e, em relação à sua proveniência, admito terem vindo de comboio descendo em Kambulatsitsi e caminhando até Samoa”, contou.

Polícia confirma movimentações e reforça efectivo

O porta-voz da PRM em Tete, José Nubias, confirma a presença de homens armados. “De facto, há movimentação de homens da Renamo, desde a passada sexta-feira.”
Nubias diz que uma força composta pela PRM, Força de Intervenção Rápida (FIR) e Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) “está no terreno a ver a situação.” E fala de envio de mais elementos da Polícia e das FADM. “Nós como força, devido à situação enviámos mais efectivos, nas várias especialidades”, disse Nubias ao Canalmoz.

Garimpo paralisado e comércio funciona a meio gás

Para além da população que abandonou as residências em massa, os garimpeiros provenientes da cidade da Beira e Chimoio tiveram que deixar o povoado de Lizinge, temendo possíveis ataques. O mesmo sucede com o comércio informal que está a funcionar a meio gás. São poucas as bancas abertas para a venda de produtos básicos. Populares ouvidos afirmam que algumas pessoas encontram-se na unidade sanitária local, tida como segura.
O Canalmoz apurou que a campanha de pulverização interdomiciliária foi condicionada devido à presença dos tais homens armados. Mais de 20 famílias, já deixaram suas residências e refugiaram-se no país vizinho, Malawi.
A localidade de Nkondedzi fica a 70 km da vila de Moatize, sede do distrito e 90 km da cidade de Tete.
Refira-se que nas zonas, onde se fala da presença de supostos homens da Renamo, funcionaram bases daquela formação política durante a guerra dos 16 anos.

(José Pantie, Canalmoz)

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