Saturday, 30 November 2013

Moçambique/LAM: Queda fez desaparecer avião do radar - relatório preliminar

O avião das Linhas Aéreas Moçambicanas (LAM) que se despenhou no norte da Namíbia terá iniciado uma descida vertiginosa antes de embater no solo, informou uma página electrónica especializada em desastres aeronáuticos, adiantando que o comandante do voo era um "piloto sénior".

Num relatório preliminar sobre o acidente do voo TM-470 das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), na sexta-feira, na Namíbia, que vitimou 33 pessoas (27 passageiros e seis tripulantes), o sítio "The Aviation Herald" adianta que, antes de desaparecer do radar, a aeronave Embraer ERJ-190 iniciou, "de repente", uma descida a uma velocidade de cerca de 5.000 pés (1.500 metros) por minuto.
"Fontes de aviação informaram que, de acordo com dados do radar, o avião começou, de repente, a descer a cerca de 5.000 pés por minuto, até que desapareceu do radar", lê-se no relatório.


Sapo

COMUNICADO DA LAM SOBRE O VOO TM-470 COM DESTINO A LUANDA

É com grande tristeza e pesar que a LAM informa sobre o trágico acidente que resultou no despenhamento do avião Embraer 190, voo TM 470, com destino a Luanda que resultou na destruição da aeronave e na morte de todos os passageiros a bordo.
Este acidente foi confirmado pela Autoridade da Aviação Civil da Namíbia, indicando que a equipa ...de busca e inspectores localizou e identificou os destroços da aeronave numa localidade no Norte da Namíbia.
A LAM manifesta a sua solidariedade para com as vítimas e familiares dos passageiros e tripulantes a bordo da aeronave. Para assegurar a devida assistência aos familiars dos passageiros perecidos, a LAM estabeleceu centros de apoio nos aeroportos de Maputo e Luanda.
Este voo transportava a bordo 27 passageiros e seis tripulantes. As nacionalidades dos passageiros sao as seguintes:

Mocambique-(10)
Angola- (9)
Portugal- (5)
França – (1)
República Popular da China – (1)
Brasil –(1)

A tripulação era constituida de dois Pilotos, três Comissários de Bordo e um Técnico de Manutenção.
A LAM informou da ocorrencia aos familiares dos passageiros e tripulantes e, em relacao aos passageiros estrangeiros, a informacao foi dada as respectivas representacoes diplomaticas em Maputo.
Para atender os familiares dos passageiros perecidos foram estabelecidas as seguintes linhas telefonicas: +25821468778/9
Informacao adicional sobre este tragico acidente sera publicada assim que esta estiver disponivel.
A LAM activou uma equipa de resposta que foi enviada para a Namibia esta tarde para assistir e providenciar apoio as Autoridades que irão fazer a investigação deste acidente.
Nao existe ainda informação das circunstâncias que ocasionaram o acidente. Os investigadores devem ter o tempo e espaco necessários para realizar o seu trabalho sem qualquer interferência.
O aviao acidentado e um Embraer 190 fabricado em 2012 e equipado com motores da General Electrica CFM34-10. Desde a sua entrada ao servico da LAM em 17 de Novembro de 2012, a aeronave ja realizou 2905 horas de voo e 1877 ciclos de aterragem.
A LAM ira colocar a informacao actualizada sobre o acidente na sua pagina da internet – www.lam.co.mz
Gostariamos de agradecer as entidades da Namibia, Angola, Botswana e Africa do Sul pela disponibilizacao de recursos para as equipas de salvamento.

Queda de avião da LAM: tudo o que precisa de saber sobre a catástrofe

Todos os ocupantes que seguiam no avião das Linhas Aéreas Moçambicanas morreram no incidente que ocorreu na sexta-feira.




O aparelho estava desaparecido desde sexta-feira e foi encontrado este sábado num parque do Nordeste da Namíbia. Não foram encontrados sobreviventes. O aparelho levava 34 pessoas a bordo, sendo que 10 eram moçambicanos, 9 angolanos, 6 eram portugueses, um francês, um brasileiro e um chinês, além da tripulação. 
Este avião Embraer 190, com 28 passageiros e seis tripulantes, desapareceu na fronteira do Botsuana com a Namíbia, quando fazia a ligação Maputo-Luanda.
"O avião estava completamente queimado e não há sobreviventes”, contava um oficial da polícia namibiana citado pela agência Reuters.
Quanto a declarações oficiais, a administradora-delegada das Linhas Aéreas Moçambicanas (LAM) admitiu que o avião que fazia a ligação Maputo-Luanda estava “desaparecido” desde o início da tarde de sexta-feira, altura em que sobrevoava o norte da Namíbia, numa zona perto do Botsuana e de Angola, onde se verificaram chuvas muito fortes. 
Em declarações aos jornalistas, no aeroporto de Maputo, Marlene Manave, adiantou ainda que as autoridades moçambicanas contactaram a Namíbia para terem início busca quando houve falta de contacto rádio com a aeronave.



As primeiras reacções:


Entretanto,  Armando Guebuza convocou um Conselho de Ministros extraordinário para avaliar a situação depois do sucedido.
Já as autoridades angolanas criaram um centro de controlo e resgate, no Aeroporto Nacional 4 de Fevereiro, em Luanda, para acompanhar o acidente com um avião das linhas aéreas moçambicanas (LAM), disse hoje à Lusa fonte da aeronáutica civil angolana.
Em Portugal, o Presidente da República enviou no este sábado, dia 30, uma mensagem de condolências às famílias das vítimas do acidente do avião das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), na Namíbia, manifestando a sua "grande consternação" pelo ocorrido.
A nota presidencial portuguesa refere ainda que serviços diplomáticos e consulares nacionais têm estado em contacto com as respetivas famílias e com as autoridades dos países envolvidos, com vista a seguir todos os acontecimentos de "forma muito próxima".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português revelou, em comunicado, que já foram contactaram os familiares de quatro dos portugueses que viajavam no voo TM470, entre Maputo e Luanda, em ‘codeshare” com a angolana TAAG.


LAM banida de voar em espaço europeu:

Desde 2011 que a empresa está banida de voar no espaço europeu, o que provocou o fim do voo para Lisboa, a única ligação que mantinha com este continente, “por deficiências de segurança”.
O aparelho acidentado, de fabrico brasileiro, é um dos modernos aviões escolhidos pela LAM para a renovação da sua frota, anteriormente constituída por aparelhos Boeing.
Para além do 190, a LAM utiliza os modelos 120 e 145 da Embraer, Q 400 da canadiana Bombardier e um Boeing 737-500, produzido nos Estados Unidos.
A LAM tem tentado, sem sucesso, convencer as instâncias europeias da eficácia das medidas que tomou para resolver a situação.
Já antes, no início do século XXI, a LAM tinha estado temporiamente proibida de voar para a Europa.
Actualmente, a companhia de bandeira moçambicana assegura voos internos para todas as capitais provinciais com aeroporto e ligações regionais para Dar es Salaam (Tanzânia), Harare (Zimbabué), Luanda (Angola) e Joanesburgo e Durban (África do Sul).
A LAM, criada em 1980, e que emprega 695 trabalhadores, é a herdeira da DETA, surgida em 1936, no período da administração colonial portuguesa.


Voo TM 470 das LAM continua desaparecido, "terá feito uma aterragem forçada ou ter-se-á despenhado" na Namíbia

O voo TM 470, das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que partiu as 11h26 desta sexta-feira (29) do aeroporto internacional de Mavalane, na capital de Moçambique, e que não chegou a Luanda, capital angolana, no horário previsto, 14h10 do mesmo dia, continua desaparecido.
Segundo fonte do Gabinete de Comunicação das LAM, contactada esta manhã telefonicamente, ainda se aguarda informação das buscas que as autoridades da Namíbia realizam, desde a noite passada, numa região florestal próximo da sua fronteira com o Botswana, de onde se teve o último contacto com a aeronave das LAM que transportava 28 passageiros e seis tripulantes. O último contacto mantido com a aeronave, um Embraer 190 de fabrico brasileiro com a matrícula C9-EMC, aconteceu as 13h30 de sexta-feira.
Numa primeira informação à imprensa as LAM davam conta que a aeronave poderia ter feito uma aterragem de emergência em Rundo, uma região no norte da Namíbia, próximo da fronteira com Botswana e Angola.
Entretanto, falando à imprensa na noite desta sexta-feira, a Administradora-delegada das LAM, Marlene Manave, afirmou que a companhia aérea não tinha, até cerca das 22 horas, informação sobre o paradeiro do avião.
Segundo a fonte que chove intensamente na região onde o avião poderá ter aterrado de emergência o que está a dificultar as operações de buscas por parte das autoridades do Botswana.
Um comandante da polícia, da região de oeste de Kavango - de onde se teve o último contacto com a aeronave das LAM-, identificado pelo nome de Olavi Auanga, confirmou as buscas à agência de notícias AFP "Estamos ocupados nas buscas. Está escuro o que torna difícil o nosso trabalho."
Entretanto, segundo a mesma agência de notícias, citando um oficial da aviação não identificado, o voo TM 470 poderá ter caído no parque nacional de Bwabwata a cerca de 200 quilómetros a este de Rundu, na Namíbia.
Ainda na noite desta sexta-feira o Ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Gabriel Muthisse, confirmou o desaparecimento do voo TM 470 e não descartou o pior cenário "...dos contactos estabelecidos com os governos dos países que terão sido sobrevoados pela aeronave obtivemos a informação de que o avião terá feito uma aterragem forçada ou ter-se-á despenhado numa àrea florestal na região fronteiriça entre a Namíbia e o Botswana."
Segundo o governante "a falta de uma informação definitiva se deve ao facto de a região estar a ser fustigada por mau tempo (...) os aviões da Força Aérea enviados pela Namíbia para averiguar o que se terá passado não conseguiram resultados positivos também devido a escuridão que se faz sentir no local" onde se acredita que a aeronave esteja.
Este local onde se acredita que a aeronave das LAM se encontra está fora da rota normal inicialmente traçada para esta viagem - como se pode ver nesta de satélite com projecção do sítio especializado em aviação the aviation herald - e não existem ainda informações sobre o que poderá ter originado esta mudança na rota.
Gabriel Muthisse acrescentou que especialistas aeronáuticos moçambicanos vão se juntar as autoridades da Namíbia no esclarecimento das circuntâncias e detalhes do incidente.
Até ao momento não foi possível apurar a nacionalidade dos 34 ocupantes da aeronave desaparecida, contudo há indicação que um dos passageiros é uma criança.
Esta aeronave Embraer ERJ-190AR (ERJ-190-100 IGW), denominada Chaimite, entrou ao serviço da companhia aérea moçambicana em Novembro de 2012, ano em que foi fabricada, e tem capacidade para transportar 98 passageiros.

"Provavelmente foi fatal para todos"

Um piloto moçambicano com larga experiência de voo, que falou com @Verdade mas prefere manter anonimato, esclareceu que a falta de informação oficial sobre o que terá acontecido com o voo TM 470 é sinal de que o Embraer das LAM despenhou-se e a falta de contacto indica que poderá ter sido fatal para todos ocupantes.
"A informação que tenho é que o avião desapareceu do radar a 5 mil pés por minuto portanto vem a cair não vem a descer normalmente, é uma descida quase que em queda (...) e ali naquela região não há nenhuma pista portanto não deverá ter feito aterragem de emergência".
Segundo a fonte, na última comunicação que a aeronave manteve com a torre de controle com quem estava em contacto deve ter informado o que se estava a passar "dá sempre tempo de informar o que está acontecer, por isso há dois pilotos, um que está a voar e outro que está a comunicar. Logo que sentem emergência o piloto tem a frase mayday mayday porque está a pedir ajuda, está a declarar emergência."
Por outro lado, segundo o piloto, mesmo em caso de uma aterragem de emergência já passou tempo demasiado sem haver nenhum contacto nem mesmo com os passageiros "hoje em dia a maioria das pessoas tem um telemóvel com roaming, e mesmo que a zona seja remota haverá um telefone fixo e já teriam comunicado por isso que digo que provavelmente foi fatal para todos."



A Verdade

Conferência de Imprensa do ministro não esclareceu paradeiro do avião da LAM

Maputo (Canalmoz) - À meia noite e meia de de hoje, o Ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse, falou à Imprensa e deu informação inconclusiva quanto ao paradeiro do avião da LAM que desapareceu dos radars às 13h30min de ontem, quando sobrevoava o norte do território angolano, partindo de Maputo com destino a Luanda.
Gabriel Muthisse disse que a primeira hipótese é de que o avião tenha feito uma aterragem de emergência, mas levantou também a segunda hopótese de que pode ter havido um “acidente”, ou seja, o avião despenhou-se.
A região onde possa se encontrar o avião é uma àrea florestal, a 200 km do Rundo, a Norte da Namíbia.
O ministro repetiu as palavras da administradora delegada da LAM quanto à falta de informação precisa sobre o assunto. Disse que deve-se ao facto de a região estar a ser fustigada por chuvas intensas.
Muthisse anunciou ainda que especialistas da LAM e do Instituto Nacional de Aviação Civil deslocar-se-ão à Namíbia para continuarem com a busca do aparelho.

Friday, 29 November 2013

LAM ainda sem informação do paradeiro do avião

Maputo (Canalmoz) - A administradora-delegada da LAM, Marlene Manave, acaba de confirmar agora à Imprensa que a companhia aérea ainda não tem informação sobre o paradeiro do avião que partiu no final da manhã de hoje de Maputo com destino a Luanda.
Marlene Manave disse que a última vez que se manteve comunicação com a tripulação do voo TM 470 foi às 13h30'.
Diz que neste momento chove intensamente na região onde o avião desapareceu, o que dificulta a sua procura. As autoridades da Namíbia ainda não confirmaram a aterragem de emergência do voo, que foi avançada em comunicado de há momentos da LAM.

MDM altera xadrez político em Moçambique

 
Os resultados intermédios das eleições autárquicas do passado 20 de novembro confirmam que o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ganhou força política e expressão no escrutínio de 20 de novembro de 2013.
Embora tenha havido bastantes indícios de fraude nas eleições, os resultados eleitorais, agora em fase de requalificação dos votos nulos, são claros: o MDM vai conseguir assentos em todas as assembleias municipais das 53 autarquias com a excepção de Nyamayabue, Tete. Mas é nas grandes cidades que esta formação política ganha maior número de mandatos, nomeadamente em Maputo (capital), Matola (capital económica), Beira (segunda maior cidade e capital do centro do país) e Quelimane.
Em Nampula, a terceira maior cidade e capital de norte, o processo eleitoral realiza-se no domingo, 1 de dezembro. 
Em Maputo e Matola, de acordo com os dados intermédios, o MDM obteve 27 e 24 assentos nas assembleias municipais, contra 37 e 29 da Frelimo, respetivamente. Já na Beira e Quelimane, a Frelimo nem sequer conseguiu um terço dos mandatos. O MDM arrebata 30 e 26 dos 44 e 39 assentos, respectivamente, cabendo à Frelimo os restantes lugares.
Os dados destas eleições mostram igualmente que o MDM está a conseguir inserção até em municípios onde a oposição nunca tinha conquistado sequer um membro na assembleia municipal, como é o caso da província de Gaza, onde terá em cada autarquia pelo menos um assento.
A maior surpresa de Nampula foi a Associação para Educação Moral e Cívica na Exploração dos Recursos Naturais (ASSEMONA), que foi o principal adversário da Frelimo, em Nacala-Porto, onde obteve seis assentos, com um do MDM e 24 da Frelimo. 
 
Excelente desempenho 
 
Uma outra formação política que teve um excelente desempenho em Pemba foi o Partido Humanitário de Moçambique, de Filomana Mutoropa, que alcançou cinco mandatos, contra oito do MDM e 26 da Frelimo. Neste município, comparativamente aos resultados eleitorais de 2008, a Frelimo perde oito assentos a favor da oposição.
No cômputo geral, esta formação política, que tem apenas quatro anos de existência formal, vai ter o melhor desempenho ao nível das assembleias que a Renamo (segunda força da oposição a nível nacional) em 2008.
A Frelimo mostrou-se bastante forte nos municípios de Nampula, bastiões da Renamo, além de Gaza e Inhambane. O politólogo moçambicano Sérgio Chichava referiu que o MDM não se desenvolveria enquanto não conseguir "agarrar a base social rural da Renamo: já ficou demonstrado que o MDM pode captar uma pequena parte do eleitorado frelimista (classes médias e urbanas)".
Mas isto nunca será suficiente. "Para vencer a Frelimo, ou impor-se politicamente, será preciso que o MDM se transforme numa 'máquina' política bem organizada, estruturada e disciplinada e com militantes bem formados que, não podendo ser pagos, sejam dedicados e capazes de resistir aos "sete milhões" ou a outro tipo de benesses oferecidas por outros partidos".
Estas eleições vieram confirmar que o MDM está a conseguir, não só captar o eleitorado da Frelimo e da Renamo, como também os votantes jovens e de classe média e intelectual.

Frelimo obrigada a negociar com o MDM 

A primeira implicação da forte presença do MDM nas assembleias municipais tem a ver com a mudança de relação de forças entre a Frelimo e a oposição. Nas grandes cidades, como Maputo e Matola, a presença da oposição era tão insignificante que não lhe permitia propor projetos nem travar qualquer proposta da Frelimo. A partir do próximo mandato - inicia em janeiro com a tomada de posse dos novos membros - a oposição passa, nestas duas cidades, a ter uma palavra a dizer nas assembleias municipais.
A Frelimo já não pode aprovar os orçamentos municipais (Maputo e Matola) sem negociar com o MDM, uma situação que é histórica. O MDM já pode, a partir do próximo mandato, aprovar todos os programas, nos municípios da Beira e Quelimane, sem necessitar de negociar com a Frelimo, algo que não acontecia no mandato transato, em que dependia da vontade da Frelimo e da Renamo, os únicos que tinham membros nas duas assembleias municipais. 
Outra consequência para o MDM, tendo em conta que os assentos são empregos, é o partido ter oportunidade de criar e alimentar a sua elite, situação que já não irá acontecer com a Renamo, que vê os seus pouco mais de 200 membros no desemprego. Por seu turno, a Frelimo também irá perder cerca de 50 assentos nesses quatro principais municípios.

Sinais de fraude

Estas eleições foram marcadas por vários incidentes, violência e fraude eleitoral. A Comissão Nacional dos Direitos Humanos anunciou esta semana que, durante este processo, sete pessoas foram mortas, centenas feridas e houve dezenas de detidos, na maioria membros da oposição. O cenário de violência já era previsível na medida em que o comandante-geral da Polícia, Jorge Khalau, fez uma digressão pelo país para avisar os agentes da polícia para que "votarem na Frelimo", sinal de que haveria tratamento desigual durante as eleições.
Um dos indícios de que houve fraude, segundo a imprensa moçambicana e observadores eleitorais, é a existência de elevado número de votos nulos - invalidados de propósito pelos membros de membros das Assembleias de voto - maioritariamente selecionados nas sedes da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), o braço juvenil da Frelimo.
Isso aconteceu sobretudo em municípios onde houve maiores disputas como Chimoio, Marromeu e grande parte dos municípios da Zambézia e na cidade de Maputo. Nesta, registaram-se mais de 11 mil votos nulos e em branco, suficientes para dois assentos na Assembleia Municipal. Em Chimoio houve ainda a duplicação de cadernos eleitorais. A Comissão Provincial de Eleições justificou o sucedido como "um erro informático".
Em Milange, um fiscal do MDM foi aliciado pelos membros da Frelimo para vender três sacos de votos do candidato do MDM por 250 mil meticais (cerca de 5000 euros). O indivíduo foi detido, mas os votos estão ainda em parte incerta.
Na cidade de Maputo, um membro da mesa de assembleia de voto assumiu, em entrevista ao canal de televisão privada TIM, que receberam valores monetários por parte da Frelimo para mudar os editais e que o MDM e o seu candidato tinham vencidos no distrito KaMubukwane.
"A Frelimo mudou os editais que nós colámos. Deram-nos dinheiro para os mudarmos. Concluímos o apuramento até às 0h, mas ficámos até às 6h a negociar. Obrigaram-nos a desselar os sacos de votos e fazermos as descargas dos eleitores que não vieram votar. E fizemo-lo", denunciou o jovem. Em consequência, o MDM já anunciou que vai contestar os resultados.

       


Lázaro Mabunda, EXPRESSO

Comissão dos Direitos Humanos conta sete mortos devido a violência eleitoral



 Maputo, 28 nov (Lusa) - A Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique (CNDH) disse hoje que sete pessoas morreram em consequência da violência relacionada com as eleições municipais do dia 20, acusando a polícia de uso excessivo da força durante a votação.
"Os representantes da lei e ordem, ao tentarem conter os ânimos dos eleitores, chegaram a usar excessivamente da força, o que resultou em pelo menos 7 mortos, centenas de feridos e dezenas de detidos", afirma a CNDH, organismo, constituído por representantes do Governo, partidos políticos e sociedade civil, em comunicado sobre a missão de observação eleitoral que levou a cabo em vários municípios.
Enfatizando que o seu trabalho durante a votação visava observar a existência de condições de exercício do direito de voto para os deficientes, a CNDH refere que a forte presença policial nas assembleias de voto manchou o processo eleitoral.

Um boato chamado Governo de Guebuza!

Maputo (Canalmoz) – Quando Armando Guebuza chegou ao poder em 2005, há um fenómeno muito estranho que começou a ter lugar a olhos vistos. É que todos os filhos mais preguiçosos e incompetentes que o País foi criando nestes todos anos de independência, salvo raras e honrosas excepções, começaram a merecer um tratamento especial. Tenho dificuldades de dizer com exactidão se foi por selecção via pauta classificativa de incompetência e preguiça, ou por mera coincidência de indicação. Mas o facto é que, Guebuza salvou muitos os preguiçosos e incompetentes dos seus merecidos destinos. Bem-haja Guebuza para estes. Isto é uma assinalável obra que a ciência mais tarde deveria se encarregar de estudar as suas motivações.
Chamo a ciência à colação porque quando se aposta em incompetentes e preguiçosos, se propõe a desafiar uma das mais elementares normas da existência humana: a selecção natural. Charles Darwin já havia teorizado na sua “selecção natural” aquilo que viria a ser a convivência humana sob o escopo da competitividade e de aptidão. Mais tarde esta teoria viria a ser secundada por Thomas Malthus. É muito simples. É que segundo Darwin, na convivência das espécies e dada a disparidade da dose de aptidão em cada uma delas, as mais aptas devem por ordem natural singrar em relação às fracas ou às espécies menos aptas. A isto Darwin chamou de selecção natural. Os aptos devem, por ordem natural, singrar.
Mas cá entre nós, por alguma razão, a teoria proposta por Charles Darwin tem sido executada em sentido contrário. Ou seja: os mais fracos, os inaptos, os incompetentes preguiçosos e outros de qualidades equiparadas, são os que tendem a pontificar e singrar para o desespero da justiça entre os homens.
Os acontecimentos dos últimos dias, mostram claramente que há algo de muito grave que se está a passar no Governo. Ninguém está a governar e ninguém tem a mínima vontade de governar. Estão a acontecer coisas graves no nosso País e quando se espera que o Governo traga resposta ou manifeste alguma preocupação, eis que somos brindados com um número teatral da mais refinada irresponsabilidade.
Mas isso tem a sua explicação: é a incompetência e a preguiça de que falei antes, que está a reivindicar o seu estatuto público. O Governo decidiu por concertação aumentar mais um vocábulo aos seus chavões. O boato. A par do combate a pobreza, a palavra boato passou a fazer parte, do vocabulário político da nossa governação. Tal como o combate a pobreza repetidamente anunciado para responder qualquer questão, o boato também passou a ser evocado para responder a qualquer crise. O boato funciona como pré solução, se não mesmo solução definitiva de muitos problemas. Quando o Governo é confrontado com qualquer crise a saída é única: chamar jornalistas e informar que é “boato”. Esta afirmação é feita como primeira acção da “resolução” da crise. É um modelo de governação. A investigação ou apuramento funciona como acessório. O importante é avançar o boato e ficar a gerir a incompetência. E se a crise resultar em mortes por excessiva actuação policial, a responsabilidade é transferida para os cidadãos e logo baptizados como boateiros.
Se estamos bem recordados, muito recentemente, um grupo de delinquentes (G20) semeou terror nos subúrbios de Maputo e Matola, quando à busca da satisfação com que alimentavam a sua delinquência, passavam a ferro de engomar as pessoas à calada da noite. Quando quisessem, roubavam bens e violavam sexualmente toda a família desde o marido até aos filhos. Numa clara incapacidade criada pela incompetência de que me referi, o Governo simplesmente veio a público dizer que “é boato”. Não investigou, nem se preocupou em fazer patrulhas nocturnas junto dos populares. Simplesmente e de forma irresponsável, ignorou os factos porque era mais fácil dizer que era boato. Lembro-me que no período áureo do famigerado “G 20” um colega nosso aqui na redacção mandou a esposa e filhos para casa dos pais, após seu vizinho (a esposa e filhos) terem sido violados sexualmente e engomados no bairro do T3. No dia seguinte, o nosso colega quase que dormia na redacção com medo de que lhe acontecesse algo similar ao que acontecera ao vizinho. Era para o Governo um boato. A população saiu a rua e à sua maneira colocou a sua “ordem”. Inocentes perderam a vida confundidos com malfeitores. Mas para o Governo era tudo boato.
Depois seguiu-se a vaga de raptos e em tempo oportuno o Governo foi alertado que havia um sindicato que estava a raptar mais de duas pessoas por dia nas cidades de Maputo e Matola. Empresários começaram a abandonar o País. O Governo chamou pela preguiça e incompetência e apelidou de agitação e boato. Dias depois e já quando o sindicato começou a agir sem reservas, tendo subido o número de raptos por dia, o Governo apercebeu-se que afinal não era boato e que as pessoas estavam mesmo a serem raptadas. Mas antes, era tudo boato.
Hoje é o recrutamento compulsivo de jovens iniciado no dia 25 de Novembro na cidade da Beira, para entrarem nas fileiras das FADM e consequentemente, na guerra que irresponsavelmente Armando Guebuza está a mover contra a Renamo. As pessoas viram seus familiares e amigos sendo recrutados nas ruas. Os jovens enfurecidos saíram a rua e à sua maneira “defenderam” a liberdade. Há mortos e tantos outros feridos. O Governo diz que é boato. Até dá conferências de imprensa para institucionalizar a sociologia governamental do boato.
Esta quinta-feira foram disponibilizados vídeos que provam que há de facto recrutamento compulsivo para o exército, e do nada mudou-se o discurso. “Vamos investigar”. O que se pretende afinal investigar, se tudo não passa de boato? Quem no Governo tem uma pós graduação em “boato”?
Portanto, a sociologia governamental do boato, não é nada mais nada menos que um corolário de excesso de incompetência e preguiça que pontifica neste Governo. O País não pode continuar a acarinhar os filhos mais incompetentes, os mais preguiçosos e inaptos, muito menos coloca-los a governar uma nação. Isso tem consequências fatais.
Hoje o Governo anda desavergonhado tentando explicar o escândalo dos barcos de 300 milhões de euros, cujos contornos repousam na almofada do crime organizado em que o regime se tornou. Se a imprensa internacional não desmascarasse o negócio, certamente que seria também um boato. Ficamos com a impressão de que este Governo nada mais faz, se não criar boatos que são verdades. Portanto, em últma análise, boato é este Governo. Em nenhum País civilizado há um Governo que destila tamanha irresponsabilidade quanto o moçambicano. Este Governo, como se diz na gíria popular, “não existe”. É mesmo um boato. Um boato que nos está a sair muito caro. É da mais elementar urgência desfazermo-nos deste boato que se chama Governo.




(Matias Guente, Canlmoz)

Thursday, 28 November 2013

Um morto e 34 feridos em resultado de tumultos na Beira

Um morto e 34 feridos em resultado de tumultos na Beira


As autoridades médicas da província de Sofala, na cidade da Beira, confirmaram hoje, a morte de um cidadão e entrada de 34 feridos no Hospital Central daquela cidade, em consequência dos tumultos verificados ontem, devido a boatos de recrutamento compulsivo para o Serviço Militar Obrigatório.
De acordo com César Macome, citado hoje pela STV, uma pessoa perdeu a vida ontem, no Hospital Central da Beira e outras 34 pessoas deram entrada no mesmo hospital, em consequência da manifestação de populares daquela autarquia em protesto a suposto recrutamento compulsivo.
Dentre os feridos, Macome explicou que “um dos pacientes encontra-se em estado grave”, contudo, avançou que “continuaremos a acompanhar a evolução do estado dos pacientes”.
Por outro lado, a fonte explicou que a maioria dos pacientes que deram entrada naquela unidade hospitalar foram atingidas por objectos contundentes “um e outro indica que tenha havido a utilização de projécteis disparados por armas, não podemos confirmar que tipo de arma foi utilizado”, disse.



 Folha de Maputo

Exclusão e intolerância como causas da crise político-militar













O presidente do Partido para Paz Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raúl Domingos, apontou, na sua intervenção, vários factores que estão na origem da actual crise político-militar no país, destacando a intolerância e exclusão como os principais. “Em Moçambique, os partidos políticos sofrem, com dureza, a exclusão, a intolerância e a perseguição política, económica, social e cultural”, disse Domingos.
 Para Raúl Domingos, Moçambique “estava no bom caminho” para implantar a cultura de paz, a cultura de democracia e a cultura de tolerância. Todavia, tal progresso começa a desmoronar a partir de 2005. Desde então, “instalou-se, no país, uma situação política” caracterizada pela “exclusão, intolerância, segregação, discriminação e a partidarização progressiva da Administração e Função Públicas, da Polícia, dos Serviços de Segurança do Estado e das Forças Armadas.”
Nos meios políticos e académicos, foi lançado com alguma insistência um debate, induzindo a sociedade moçambicana a assumir que o Acordo Geral de Paz é um documento extemporâneo e caduco e, por isso, inválido e sem relevância. No entender de Domingos, os protagonistas desta tese nunca indicaram a data a partir da qual se deve considerar o documento da paz sem validade. “Trata-se, como é evidente, de um caso inédito, em que alguém que ama a paz declara a nulidade do único documento que, após décadas de conflito, pôs termo à guerra, mãe de todas as desgraças, e instaura uma paz efectiva para Moçambique”.



O País

Beira “a ferro e fogo”


População acusa militares de recolha compulsiva de jovens para guerra (#canalmoz)

- Ministério da Defesa Nacional desmente o recrutamento compulsivo e diz tratar-se de “boato para desacreditar o cumprimento do Serviço Militar”.

- Fonte sénior do Ministério da Defesa na Beira disse na noite de ontem ao Canalmoz que a operação existe sim, só que visa “capturar” os jovens que abandonaram a guerra e deixaram o fardamento e armas no mato. “Só que a operaçã...o foi mal executada e agitou a cidade. E a juventude mal intencionada e ladrões aproveitaram desta situação para vandalizar a cidade”.

Maputo (Canalmoz) – A cidade da Beira esteve ontem “a ferro e fogo”. Relatos dando conta de recrutamento compulsivo de jovens para engrossar as fileiras das FADM, na guerra que o Governo está a mover contra a Renamo em Sofala, colocaram a cidade em alvoroço. Primeiro se registou uma calma incomum, porque os jovens estavam com medo e não se fizeram às ruas. Depois a cidade ficou agitadíssima, porque os jovens saíram às ruas para protestar e procurar os militares que andam a recrutar as pessoas. Daí os ânimos elevaram-se e numa cidade com fama de “agitada” perdeu-se o controlo de tudo. Em poucos instantes, estava tudo a arder com os jovens de paus e catanas em punho à procura de militares. A situação agudizou-se quando a Polícia e militares saíram às ruas para combater os jovens. Há relatos que nessa agitação há jovens que foram “capturados” para parte incerta.
O Canalmoz tomou conhecimento da operação na segunda-feira, quando um empresário ligou-nos a informar que um dos seus funcionários havia escapado ao recrutamento e refugiou-se nas bancas do mercado de Maquinino. Entramos em contacto com o referido funcionário que nos disse que dois jovens que com ele caminhavam foram capturados naquela manhã. Não os conhecia.
Já nesta terça-feira, recebemos uma mensagem de um cidadão residente na Beira com seguinte teor: “Um grupo de elementos das FADM está a protagonizar operação vulgarmente conhecido como “Operação Tira Camisa”, recrutando compulsivamente jovens para parte incerta sem consentimento dos seus familiares. Esta manhã no mercado de Maquinino mais 45 jovens foram capturados e mandados tirar camisa e confiscados os seus celulares para evitar a comunicação com seus familiares. Neste momento, o mercado de Maquinino está às moscas e não faltaram oportunistas neste processo, muitos bens foram saqueados. Consta que esta operação começou na segunda-feira, os ‘chapas’ são mandados parar e retirados jovens para parte incerta”, lê-se na mensagem enviada por um cidadão residente na Beira para Canalmoz.
Os relatos de recrutamento multiplicaram-se e a cidade ficou às moscas até os jovens decidirem sair às ruas para defender “a sua liberdade”.



MDN desmente o recrutamento


O Ministério da Defesa Nacional (MDN) convocou a Imprensa na tarde de ontem para, através do director nacional de Recursos Humanos, Edgar Cossa, desmentir o recrutamento compulsivo de jovens para as fileiras das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) na Beira.
“Não constitui verdade que o Ministério da Defesa Nacional ou outra Força de Defesa e Segurança esteja a fazer o recrutamento militar compulsivo. Trata-se de boato visando desacreditar o cumprimento deste sagrado dever com a pátria”, disse Edgar Cossa.


É uma operação para recrutar militares que abandonaram a Guerra


O Canalmoz contactou um oficial sénior das Forças Armadas na Beira que disse que a operação existe, mas não é para qualquer jovem. “Realmente havia uma operação da Polícia militar com objectivo de capturar militares que fugiram de vários quartéis inclusive os da Gorongosa, Muchungue e Marínguè. São jovens que abandonaram as operações na Gorongosa com medo de morrer. Muitos deles abandonaram o fardamento e armas nas matas. Só que a operação foi mal executada e agitou a cidade. E a juventude mal intencionada e ladrões aproveitaram esta situação para vandalizar a cidade”, disse-nos o oficial das FADM. Até ao fecho desta edição já havia relato de morte de um menor.
Dados oficiais colhidos junto de uma fonte do Banco de Socorro do Hospital Central da Beira (HCB), indicam que, até as 21 : 30 horas de ontem, haviam dado entrada naqueles serviços, 30 feridos. Deste número, 10 baixaram, quatro estão na sala de reanimação e o restante teve alta.
Dos que estão na reanimação, dois estão em estado grave pois, têm bala no abdomen. Até ao fecho desta edição estavam para entrar na sala de operação com o diagnosticados hemoperitoneu.


(Eugénio Bapiro, Canalmoz)

Wednesday, 27 November 2013

Jovens “detidos” por militares na Beira; populares revoltam-se; Polícia mata adolescente

Desde esta segunda-feira (25) vários jovens de ambos os sexos, ao que tudo indica com idade para prestarem Serviço Militar, estão a ser recrutados compulsivamente por grupos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outros agentes militares, alguns mesmo à paisana, na cidade da Beira para a "prestação de serviço militar e ao cumprimento das obrigações militares dele decorrentes" " segundo estabelece a Lei 32/2009 de 25 de Novembro.
@Verdade tem estado a receber centenas de relatos de quem viu amigos, familiares e outros jovens a serem levados por estas "brigadas" que simplesmente abordam os jovens na rua, nos mercados e os colocam em viaturas para serem levados para instalações militares na região. Há relatos de jovens que foram levados mesmo do interior das suas residências em vários bairros periféricos da cidade da Beira.
O nosso jornalista na capital da província central de Sofala presenciou nesta terça-feira, no bairro da Manga, na zona da vila Massane, o recrutamento compulsivo de dezenas de sete jovens. A mesma acção foi desencadeada na Praia Nova e no bairro de Macurungo. Neste último bairro, os jovens já estão a manifestar-se contra a ofensiva.
Outros jovens foram compulsivamente recrutados no bairro de Maquinio, concretamente nas proximidades do mercado. Esta operação tende a estender para além da cidade da Beira, afectando, neste momento, os postos administrativos de Tica e Mafambisse.
Há informações que dão conta de que os tais homens encarregues pelo recrutamento até mandam parar viaturas na via pública para deter jovens. Dois agentes PRM também fora recolhido e posteriormente restituídos à liberdade quando já se encontravam no quartel de Matacuane, na cidade de Beira.
Nesta quarta-feira, um chapa que fazia o trajecto Búzi/Beira não seguiu a viagem por se temer que os ocupantes, por sinal na sua maioria jovens, podiam ser recrutados. A embarcação que faz Búzi/Beira também não leva jovens devido ao medo instalado na zona.
Sobre este facto, o @Verdade ouviu um jurista, o qual explicou que o recrutamento é legal se se tratar de jovens refratários, ou seja, aqueles que foram incorporados para o Serviço Militar e não se apresentaram na devida altura. Segundo o mesmo jurista, para além do recrutamento, se forem mesmo refratários a medida pode estender-se para uma pena de prisão.
De acordo com a Lei que estamos a citar, no seu artigo 2, "Todos os cidadãos moçambicanos dos 18 aos 35 anos de idade, estão sujeitos ao dever de prestação de serviço militar e ao cumprimento das obrigações militares dele decorrentes."
Refira-se que Moçambique está a viver um situação de guerra, envolvendo Forças Governamentais e homens armados alegadamente do partido RENAMO, com incidência nas regiões de Gorongosa e Chibabava, na província de Sofala, e que apesar dos contínuos desmentidos do Governo vários confrontos armados tem acontecido e resultado em muitas baixas nas fileiras das FADM.

Ministério da Defesa desmente

Em comunicado o Ministério da Defesa desmente o recrutamento militar compulsivo "não constitui Verdade que o Ministério da Defesa Nacional ou outras Forças de Defesa e Segurança estão a fazer o recrutamento militar compulsivo para o cumprimento do serviço militar, trata-se de boato visando desacreditar o cumprimento deste dever sagrado para com a pátria pelo jovem".
Segundo o referido comunicado, assinado pela Chefe de Gabinete do Ministro da Defesa de Moçambique, Amelta José Matavel Muiquija, "o Ministério da Defesa Nacional apela a todos os jovens que se sentirem coagidos ou obrigados a ir para o Serviço Militar devem dirigir-se ao Centros Provinciais de Recrutamento e Mobilização ou as forças de lei e ordem públicas locais da sua província a fim de denunciar."
Recorde-se que no ano de 2013 o período oficial do Recenseamento Militar decorreu entre 2 de Janeiro e 28 de Fevereiro.
 


Jovens revoltam-se
 
Inconformados com este recrutamento - que em condições normais deveria ter sido tornado público nos órgãos de comunicação e afixadas listas dos jovens que deveriam apresentar-se para o cumprimento do Serviço Militar -, centenas de jovens armaram-se com paus, pedras, garrafas de vidro e catanas e revoltaram-se com os militares e as "brigadas" que estão a fazer o recrutamento compulsivo.
Depois de se organizarem, nos bairros da Munhava, Manga e Matacuane, os jovens decidiram manifestar-se defronte do Governo Provincial mas encontraram resistência de agentes das Forças de Intervenção Rápida (FIR) na Estrada Nacional nº6, que dá acesso ao coração da cidade da Beira.
Os agentes das FIR dispararam gás lacrimogéneo e balas de borracha para conter a fúria dos populares. Um sector da EN6 está condicionado ao trânsito de automóveis devido a colocação de caixote de lixo, pneus a arderem e outros objectos na via.
No seguimento dos tiros disparados pelos agentes da Polícia da República de Moçambique, que também acorreram para estancar a manifestação dos jovens, há a lamentar uma vítima mortal, um adolescente que foi atingido por mais de dois tiros, na cabeça e na região do abdómen, e jaz sem vida na EN6 entre os bairros da Munhava e dos Pioneiros.
Desde o final da manhã que os munícipes da cidade da Beira abandonaram os seus afazeres normais, as ruas e outros locais públicos estão desertos inclusive os mercados de Maquinino e do Goto, onde o comercio informal quase nunca pára.
No seio dos jovens corre a ideia que este recrutamento compulsivo é uma retaliação do partido no Governo devido a vitória esmagadora do partido da oposição nas eleições autárquicas de 20 de Novembro passado, o Movimento Democrático de Moçambique de Daviz Simango, sobre o partido Frelimo. Até ao momento só temos indicação que o recrutamento compulsivo acontece na cidade da Beira.



A Verdade

Pânico na cidade da Beira

FADM invadem casas para recrutarem jovens para guerra (#canalmoz)

Beira (Canalmoz) - Está a decorrer ao longo desta semana, na cidade da Beira, o recrutamento de jovens nas suas casas e bairros para integrarem o serviço militar, supostamente sem obedecer ao que está previsto na lei que regula a área. A situação está a deixar a população em pico. “não queremos ver nossos filhos a morrer em Muxúnguè”, disse uma senhora da Beira em contacto telefónico com o Canalmoz.
Os pais na cidade da Beira temem que seus filhos sejam recrutados para a sangrenta guerra que se trava na região centro entre as FADM e supostos homens da Renamo.
Estes casos de recrutamento obrigatório de jovens registaram-se em quase todos os bairros daquela cidade, mas os últimos casos de segunda e terça-feira ocorreram nos bairros de Macurungo e Inhamizua, onde, segundo alguns residentes, os homens das FADM entram nestes bairros e recrutaram jovens, uma acção militar igual à que se viveu na Guerra Civil que durou 16 anos.

MDN distancia-se desta acção

O Canalmoz contactou o Ministério da Defesa Nacional (MDN) através do adido de Imprensa, Benjamim Chabualo para ouvir a sua versão. Disse que o processo de recrutamento obedece a Lei 32/29, de 25 de Novembro, e neste momento estão a ser incorporados jovens do terceiro turno. “Se alguém foi procurado no bairro, nós não temos nenhuma informação”.
“Há jovens convocados anualmente e podem ser estes que estão a ser procurados agora. De acordo com a lei respondem em tribunal. É bom procurarem perceber quem está a fazer a busca e para aonde. Porque os militares não têm este mandato de ir recolher pessoas nos bairros”, disse Benjamim.
“As pessoas quando não se apresentam, há mecanismos próprios para comunicar às pessoas que foram chamadas e se não aparecerem incorrem ao crime previsto na lei 32/29”, concluiu Benjamim Chabualo.



(Eugénio Bapiro, Canalmoz)

Fraude escandalosa e vergonhosa: o máximo que uns conseguem

…Estranha democracia imposta pela polícia

Beira (Canalmoz) - Quando a polícia interfere com processo eleitoral fá-lo por ordens de alguém. As perturbações à ordem pública, alegadamente invocadas pelas autoridades para intervenção da PRM, são um exagero e um sinal inequívoco de que existem interesses inconf...essáveis de atropelo e negação da vontade popular expressa nas urnas.
Qual é a necessidade de agentes da polícia apoderarem-se de urnas? Para onde foram as urnas e o que aconteceu com elas? Como de ordena a detenção de delegados de mesa de um partido concorrente ao pleito eleitoral e prosseguem-se às contagens sem a sua presença? Como se admite que delegados de mesa do partido no poder façam-se ao trabalho munidos de mochilas? Que continham tais mochilas? Votos?
Quando a polícia dispara indiscriminadamente e não há inquérito nem sinais de que a cadeia de comando tenha-se mexido para travar esta verdadeira onda assassina, que dirão os cidadãos?
Um governo digno desse nome não pode ficar calado e paralisado num momento que já é grave, perigoso e revelador de um ambiente permissivo com potencial de fazer disparar uma violência pós-eleitoral.
A democracia e eleições vencidas, através da intimidação e da manipulação declaradamente a fraudulenta dos votos expressos ou por via de um enchimento de urnas criminoso, passam de uma forma camuflada de fascismo.
O facto de se viver uma situação atípica e grave, fomentada por pronunciamentos de destacados dirigentes governamentais e partidários no sentido de conquistarem o poder a qualquer custo, é revelador de uma estratégia concertada ao mais alto nível.
E porque todo o sistema judicial está montado e estruturado em “plano inclinado” a favor do partido no poder quase que não vale a pena avançar com reclamações pois nada acontecerá ao contrário do que o STAE relatar e a CNE sancionar.
O que se faz num país deve ser olhado com responsabilidade pois as consequências podem não ser controladas. Uma ordem para disparar balas reais sobre gente desarmada é um crime que deve merecer atenção dos políticos e dos governantes.
As confissões religiosas, as organizações da sociedade civil e todos os moçambicanos de boa vontade devem denunciar encetar mecanismos para responsabilizar os culpados pela morte de inocentes, civis desarmados seja quem for.
Os apóstolos da auto-estima, os bajuladores ajuramentados estão preocupados com o desfecho eleitoral pois para todo o país fica a impressão de que onde a Frelimo venceu teve que recorrer à ajuda do STAE e da PRM/FIR.
Alguns perderam o pio tamanha e “cagada” executada por suas hostes.
Querer o poder é legítimo mas requer que haja contenção, moralidade e ética.
Vencer, sim, mas jogando limpo.
Os inimigos da democracia manifestam-se em momentos como este e ficam poucas dúvidas sobre o que querem certos políticos.
Arregimentar uma corporação policial, instrumentalizar a CNE/STAE, coloca a oposição fora do panorama onde se tomam as decisões de natureza eleitoral é sinónimo de perigo real para a democracia que se quer emergente e aprofundada em Moçambique.
Ninguém pode permanecer calado face aos abusos gritantes cometidos pela PRM/FIR. O comando destas forças policiais deve responder ao ocorrido e uma comissão de inquérito parlamentar deve urgentemente ser instituída. O CG da PRM não se pode esconder na arrogância e na prepotência a que nos tem habituado.
O poder conquista-se por via do voto e não através de balas e gás lacrimogéneo. Ser da oposição em democracia não constitui vergonha nem é o fim do mundo…
Há receios fundamentados de que forças afectas ao poder do dia estão orquestrando de modo a permanecerem no poder. Muitos dos pertencentes a grupos próximos do poder e beneficiários reais de benesses que o poder pode oferecer ou proporcionar tem consciência plena de que com uma hipotética derrocada do actual regime sua vida sofreria uma viragem completa. Ninguém quer sair prejudicado por mudanças no topo da hierarquia. Quem finca-pé e segura gente como Robert Mugabe no poder são seus directos beneficiários.
Em Moçambique um emaranhado de interesses, de agendas e de conluios sobrepõem-se ao que mais interessa aos moçambicanos.
Uma elite realmente embriagada com o poder e riqueza acumulados tornou-se momentaneamente cega e surda aos apelos de democracia efectiva que partem de todo o lado.
Um exército mercenário contratado a peso de ouro sai em defesa do status como recurso de última hora para defender o inconfessável. Há evidências crescentes de que o STAE/CNE/PRM/FIR conluiaram-se em defesa da Frelimo nas eleições autárquicas.
O Parlamento moçambicano deve ser capaz de instituir uma comissão de inquérito independente e com meios para apurar a verdade de todo um processo suspeito desde os primeiros dias, procurement e logística eleitoral, votação e apuramento de resultados.
Ganhar credibilidade é um processo em que se exige entrega, responsabilidade e maturidade dos intervenientes…



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

Tuesday, 26 November 2013

Práticas ilícitas têm repercussões negativas perante a sociedade assim como perante Deus

Quarta-feira, 20 de Novembro de 2013, foi um dia de festa para os cidadãos das autarquias de todo o país que acolheram as quartas eleições municipais. Os residentes viram-se, mais uma vez, chamados a exercer o seu direito de escolher os edis para os próximos cinco anos, uma prática supostamente democrática. No município de Angoche, este cenário foi diferente. Para além da turbulência registada ao longo do processo, foram registados actos ilícitos que se tornaram normais.
Muitos cidadãos identificados como “gente grande”, pessoas de bom status social e espelhos da sociedade chegaram a descer até o nível de molwenes para dar suporte ao processo de deposição de boletins de votos extras em quase toda a autarquia. E assim começava a histórias do nosso país. Tios, líderes e irmãos, o que se espera destes vossos filhos, sobrinhos, sem reputação?
É com grande sentimento de revolta que escrevo este excerto. Fico triste por saber que aquelas pessoas que sempre admirei eram na verdade um bando de mentiroso e hipócritas e que fizeram com que Angoche fosse hoje conhecido como o centro legal de práticas ilícitas pelos media do país e do mundo. Será que é essa reputação que vocês queriam?
O mais caricato ainda é que este tipo de actos é protagonizado por pais e encarregados de educação, docentes, académicos e líderes religiosos, dos quais se espera que sejam transmissores de boas práticas e valores socais. Hoje são eles mesmos que introduzem ou mandam introduzir nas urnas boletins de voto a favor do partido no poder e dos seus candidatos como forma de viciar os resultados. E agora milhares de nossos irmãos estarão a viver debaixo de mentiras. Se não conseguimos ter um peso de consciência pelos actos ilícitos que cometemos então somos selvagens.
O que esperamos da sociedades que lideramos? Qual é a credibilidade que pode ter um membro que chega à Assembleia Municipal por estas vias? Nós não temos integridade, fomos capazes de assumir isso perante tudo e todos. O mais complicado ainda é imaginar que alguns cidadãos tiveram acesso aos boletins de voto muitas horas antes do processo de votação iniciar, como mostram as imagens que circulam nos telemóveis de muitos munícipes de Angoche, nas redes sociais, etc.
Quem terá passado este material aos cidadãos? Para e com que propósito? Se calhar porque não conheço as regras de jogo do processo de votação em Angoche, mas honestamente pensei que os concorrentes fossem entrar mesmo em pé de igualdade, mas, infelizmente, esta realidade veio fazer-me entender que ainda tenho muito por apreender nestes assuntos.
Só nos resta saber como iremos gerir os fundos da autarquia, uma vez que a nossa conduta é duvidosa. Nós somos cobardes com estatuto. Meus senhores, Deus castiga esse tipo de práticas. Ele não é cobarde para ficar indiferente a isto, tarde ou cedo isto vai-se reflectir nas nossas vidas e até no dia do juízo final. Devemos abdicar e desencorajar este tipo de práticas se queremos uma sociedade sã e livre dos males mundanos.
 
 
 
Aos irmãos muçulmanos:
 
 
 
Em nenhum momento Allah ficou a favor do dhulma (a injustiça), mas ontem foram milhares de nós que se converteram em Dwaalims (injustos) Maunnafiks (hipócritas) em função dos seus interesses mundanos. E este Imán (Fé) que você cultivou durante o tempo todo?
É desta forma que você quer que o seu swalat (oração) seja válido? E ao Sheikh, o que espera que seja da sua reputação perante o Jammat que você dirige?! Isto é Kufr. “Que Allah puna severamente todos os que se envolveram nestas práticas, pois ele é o justo dos justos”.
 
 
 
Ao STAE-Angoche
 
 
 
Em que condições e circunstâncias o material de votação pode estar na posse de cidadãos eleitores? Qual é a credibilidade que o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral e a Comissão Nacional de Eleições estão a transmitir aos munícipes de Angoche?
Enfim.... Sei que nada disso será suficiente para mudar algo, mas pelo menos fiz conhecer a minha posição. Tenho orgulho de ser angocheano e sonho um dia mudar os destinos da minha terra. Até um dia, se Deus quiser.
“Que Allah castigue devidamente os praticantes e encorajadores destas práticas”.



Nurdine Rajabo, A Verdade

Boletim sobre o processo político em Moçambique

 
Marromeu roubado?
Na segunda-feira, a comissão provincial de eleições de Sofala declarou que o candidato da Frelimo a presidente do município de Marromeu, Palmerim Rubino, ganhou as eleições com 4.518 votos (51,6%), enquanto o seu único oponente, João Agostinho do MDM, teve 4.235 votos (48,4%). A diferença é pequena, 283 votos.
No entanto, houve um número muito elevado de nulos: 1.119 votos, o equivalente a 10,9% do total dos votos. Isto levanta questões sobre se os votos foram intencionalmente invalidados, o que ocorre normalmente adicionando uma segunda marca nos boletins de voto para o candidato da oposição.
Em Marromeu, na eleição anterior, em 2008, havia 4,9% de votos nulos para presidente, em comparação com 10,9% desta vez. Votos amais de 6% do total de votos, equivale a mais de 500 votos. Se estes votos nulos são realmente boletins para o candidato do MDM a presidente do município, que foram indevidamente invalidados pelos membros das assembleias de voto, seriam suficientes para dar a vitória ao candidato do MDM, João Agostinho.
Este tipo de análise não é prova de fraude. No entanto, votos nulos acima de 5% em áreas urbanas levantam suspeitas. Isto parece altamente suspeito. Será que os membros das assembleias de voto roubaram a eleição?

Comissões eleitorais violando a lei
A lei eleitoral exige que as comissões eleitorais de cidade e distrito devem publicar os resultados da votação dentro de três dias da eleição – o que coincide com o último sábado à noite. Pelo menos três comissões eleitorais violaram a lei neste aspecto. No Município e Chibuto ainda não foram publicados os resultados e só hoje a cidade de Maputo deu a conhecer os resultados. A cidade da Beira deu os resultados na segunda-feira.
A Comissão Nacional de Eleições tem a responsabilidade de processar violações da lei eleitoral, e tem um membro que faz parte de Ministério Público. Será que estas três comissões eleitorais serão criminalmente responsabilizadas pela violação?
A lei eleitoral também diz: "Os delegados das candidaturas não podem ser detidos durante o funcionamento da mesa da assembleia de voto, a não ser em flagrante delito por crime punível com pena de prisão superior a dois anos". Muitas das detenções de delegados MDM não satisfazer este critério. Será que a CNE irá interpor uma acção contra a Polícia?

Tempo De Reflexão E De Responsabilidade A Todos Os Níveis


Por: Noé Nhantumbo, Beira

É perigoso ignorar os sinais evidentes de que se vive uma crise política e militar em Moçambique.
A violência de todo o tipo que grassa no país reclama uma atenção especial de todos porque significa a limitação dos direitos políticos e económicos dos moçambicanos.
Não se pode ficar no silêncio num momento como este.
Todas as cartas devem ser colocadas na mesa e utilizadas para preservar a paz.
O fervor policial, os excessos de uma corporação que deve garantir a tranquilidade e segurança pública devem ser analisados com bastante sangue frio e com urgência.
De um lado há uma tendência de correr e culpar uma PRM com um passado de ineficácia e mediocridade operativa.
Incapaz de conter acções dos criminosos que sequestram cidadãos mas bastante efectiva em disparar contra indefesos civis esta PRM está a precisar de uma forma profunda e profissionalização que tragam respeito e credibilidade para uma corporação necessária e importante para o país.
Habilidades verbais do alto comando da PRM não significam ganhos em qualidade operativa e na obediência da lei.
Porta-vozes que se desenrascam a responder as inquietações da comunicação social sofrem de falta de informação numa cadeia montada para compartimentar e travar a disseminação da informação real.
Ninguém está contra a pertença a determinado partido político mas isso não pode ser e ter consequência no cumprimento das leis do país. Neste momento o que se pede ao governo é que criem condições concretas para uma actuação isenta da PRM. É da responsabilidade e prerrogativa do PR governar e deixar uma herança de paz a este Moçambique, nesta altura em que se aproxima o fim de seu mandato.
Não se pode continuar a adiar aquele entendimento que todos sentimos ser essencial para preservar a paz.
Quem quer paz não tem medo de bater-se por ela. Coloquemos todos os instrumentos ao serviço da paz e deixemos que desinteligências no percurso de construção do país não nos ponham na rota de colisão e da violência.
Não são as armas que vão resolver os problemas do país e isso é sabido por todos.
Somos moçambicanos e cabe-nos respeitar essa realidade e aceitarmos que só uma democracia limpa de enfermidades como fraude e patrocínios políticos ilícitos pode trazer a tranquilidade e serenidade tão necessária neste momento.
Não é tempo de contemporizar ou gerir falsas espectativas, produzidas por estrategas de qualidade credibilidade há muito corroídos.
Quem quer paz deve abrir-se a diálogos transparentes e abandonar os jogos dúbios vazios de conteúdos pacificadores.
Alguém pode estar redondamente enganado sobre as possibilidades que uma guerra pode trazer. Aqueles que se escudam numa SADC alegadamente unida e pronta para intervir a favor de suas hostes não está lendo correctamente a história. Moçambique já teve a sua soma de conselheiros militares estrangeiros, soldados e especialistas, equipamento militar pesado e ligeiro em quantidade e relativa qualidade mas os esforços belicistas não conseguiram trazer vitória alguma.
Os apologistas da obliteração de um suposto inimigo estão do lado errado pois não se pode obliterar um povo. Importa trazer realismo e patriotismo para a frente política nacional. A falta de razoabilidade e pretensiosismos exclusivistas está sendo fatal para as aspirações dos moçambicanos. Compartilhar Moçambique em paz é o único caminho a seguir.
O tempo do domínio totalitário acabou por força da luta incessante dos moçambicanos em prole da justiça, da paz e concórdia.
“Uma ilha de riqueza e opulência rodeada de um mar de pobreza” é o caminho mais certo para a intolerância, conflitos, raptos, roubos, guerras e tudo aquilo que os moçambicanos não querem nem desejam.
O AUTARCA – 25.11.2013

Polícia mata dois adolescentes em Gúruè

Na sexta-feira passada (22), a Polícia da República de Moçambique (PRM) em Gúruè, na província da Zambézia voltou a recorrer, desnecessariamente, à força, e matou a tiro dois adolescentes, dos quais um rapaz de 15 anos de idade e uma menina de 17 anos, que acompanhavam um grupo de cidadãos que contestavam a vitória supostamente fabricada do candidato da Frelimo, Janguir Ussene, nas eleições da última quarta-feira (20). É naquela autarquia, onde a população já havia prometido não votar na Frelimo, assim como em Mocuba, após o término da contagem de votos o MDM e os seus candidatos constam como vencedores e os munícipes estavam atentos a esses resultados ao mesmo tempo que já contavam vitória a favor do partido de Daviz Simango.
Entretanto, algum malabarismo dos órgãos de administração eleitoral viciou os votos colocando-os a favor da Frelimo, um partido com 50 anos de existência e que, de há tempos para cá tem sido fortemente contestada pelos seus membros e simpatizantes, sobretudo desde 2004, altura em que Armando Guebuza se tornou Presidente da República e da mesma formação política.
Na sequência da contestação dos citadinos de Gúruè - sem recurso a nenhuma violência -, contra os resultados do último escrutínio, a PRM disparou contra cidadãos desarmados, tendo acabado com duas vidas inocentes. Um agente da Polícia ficou gravemente ferido, pois na altura em que pretendia disparar, a população, já enfurecida, com a morte dos dois adolescentes, conseguiu dominar o homem, apoderou-se da sua arma e o agrediu fisicamente.
Refira-se que aquando da apresentação pública de Janguir Ussene, após as eleições internas da Frelimo, em Agosto deste ano, ele foi rejeitado publicamente pelos residentes e estes prometeram não votar nele nem no seu partido caso concorresse no escrutínio passado. Ao que tudo indica, a população sabia o que estava a dizer e cumpriu a sua promessa.
No município de Gúruè vive-se um ambiente de cortar à faca. Há um reforço maior da Força de Intervenção Rápida (FIR) que sai de Cuamba. A missão desses agentes com fama de maltratar indivíduos e sem modos para reprimir as tensões sociais é andar de casa em casa com o intuito de identificar membros e simpatizantes do MDM para maltratá-los. Neste momento, existem muitas pessoas a abandonarem as casas residência porque temem represálias. Há informações de que o próprio candidato da Frelimo, Janguir Ussene, pediu para renunciar ao cargo porque ninguém contava com o ambiente que se vive localmente. Aliás, ele reconhece que em nenhum momento ganhou as eleições realizadas no dia 20 deste mês, por isso, prefere demitir-se. Ele e um comerciante e quer tocar a vida para frente. Contudo, a Frelimo não lhe deixa fazer isso.
Agora, Janguir Ussene anda com escolta e a sua família está a abandonar as casas. Apesar do medo dos homens da FIR à paisana que circulam pela autarquia, por sua vez, a população está a “caçar” o pessoal da Frelimo e familiares também para fazer justiça. Instalou-se uma turbulência em Gúruè.


A Verdade

Conferência de Imprensa da Renamo

 
Orador: Manuel Zeca Bissopo
Função: Secretário-geral do Partido
Data: 25 de Novembro de 2013

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Quero através deste meio saudar a todos moçambicanos pela coragem e determinação na luta que têm feito contra a má governação do regime da Frelimo neste País. As recentes manifestações pacíficas nas Províncias de Maputo, Sofala, Zambézia e Nampula levadas a cabo pela Sociedade Civil contra a onda de raptos e violência política fomentada pelo governo da Frelimo, não só carimbaram a lógica dos argumentos da Renamo e do Presidente Dhlakama, de que chegou a hora do povo reagir para repor o estado de Direito em Moçambique, mas também demonstraram o grande sentido pelo respeito à Democracia. Por isso vai o nosso grande agradecimento a todo povo Moçambicano.
Igualmente quero saudar e agradecer a todos Munícipes das 53 autarquias que se abstiveram em votar acatando o apelo da Renamo, bem como aqueles que foram votar, pois temos a consciência de que a maioria votou contra os candidatos da Frelimo como expressão de vingança ao regime do dia o que levantou um certo nervosismo da Frelimo que lhe levou a disparar armas em plena campanha eleitoral e na fase de apuramento, casos de Beira, Quelimane e Mocuba.
Estava com o Presidente no dia do ataque, dia 21 de Outubro de 2013, ele saúda a todo povo moçambicano, bem como todo corpo diplomático acreditado em Moçambique.
Ele me mandou para aqui, para explicar aos moçambicanos que está bem e dentro em breve voltará a falar para o seu precioso povo.
Foi bom a Frelimo ter mandado atacar Satungira porque aquilo constituiu uma grande prova dos argumentos que o meu Presidente dizia que não podia sair de Satungira senão a Frelimo atacaria. Os seus argumentos não eram percebidos, mas o ataque veio a provar.
Não houve muitos danos humanos porque o Presidente estava presente. Retirou- se da sua residência para evitar danos humanos. Saiu a andar e deixou todos os seus bens. As casas e a
sala de conferências foram queimadas.
0 bom é que o Presidente está bem de saúde. O azar é de termos perdido o Chefe de Mobilização Nacional, o Deputado Milaco na sequência dos bombardeamentos de armas pesadas.
Quero a vossa colaboração, tal como sempre o fizeram desde a fixação do Presidente em Gorongosa para o esclarecimento ao mundo das actividades políticas da Renamo e do
Presidente da Renamo.
O Presidente não saiu para nenhum País. Ele está dentro do País e acompanha atentamente o desenrolar dos acontecimentos da vida política, económica e social do País. A Renamo e seu Presidente não quer a guerra e dentro de alguns dias o Presidente voltará a falar ao país e ao mundo através dos vossos serviços de imprensa porque ele não é pessoa que pode ficar muito tempo sem falar convosco.
Estamos dispostos a voltar para as conversações, apesar de não ter havido avanço desde Maio deste ano. Discutíamos a lei eleitoral embora a Frelimo tenha ignorado tudo. O grupo da Renamo voltará à mesa com mediadores e observadores nacionais e estrangeiros.
Porquê não as NAÇÕES UNIDAS, a SADC, UNIÃO EUROPEIA, que são promotores de grandes investimentos no nosso País não podem intervir como intervieram no Zimbabwe, Malawi,
grandes Lagos e outros países da região? Quase todos os países da região usam os nossos Portos. Se a Frelimo não quer negociar seriamente que nos diga para toda gente saber.
As recentes Eleições provaram que a Renamo e seu Presidente têm razão nas suas exigências.
Daí que é imperioso que o princípio de paridade na CNE e STAE, bem como os seus membros de apoio os membros das mesas de voto devem obedecer tal principio, pois, só assim será possível garantir que voto expresso figure no edital de apuramento contrariamente ao que se assistiu nas recentes eleições.
Muito obrigado.

Monday, 25 November 2013

MDM contesta resultados eleitorais em 10 municípios



Maputo, 25 nov (Lusa) - O Movimento Democrático de Moçambique, (MDM), principal oponente da Frelimo, no poder, nas eleições autárquicas da semana passada, está a contestar os resultados do escrutínio em 10 municípios, incluindo os da Beira e de Quelimane, onde venceu.
Em declarações, hoje, à agência Lusa, o porta-voz do MDM, Sande Carmona, disse que o seu partido está a contestar ao "nível local" os resultados eleitorais preliminares dos municípios de Maputo e Matola (no sul), e da Beira, Quelimane, Chimoio, Gorongosa, Marromeu, Mocuba, Gurué e Milange [no centro].
"As contestações estão a ser feitas ao nível local a partir das nossas delegações quando recebem informações das comissões distritais de eleições, dando conta de resultados que não dizem com aquilo que as nossas delegações têm, de acordo com as atas distribuídas nas mesas de votação", avançou o responsável.

Renamo eleva exigências e quer presença de capacetes azuis da ONU no País

Para regresso de Dhlakama a Maputo


Maputo (Canalmoz) - O secretario-geral da Renamo, Manuel Bissopo, reapareceu em público desde o dia 21de Outubro quando as tropas do Governo atacaram Sadjundjira. Disse há momentos em conferência de Imprensa na sede deste partido em Maputo, que Afonso Dhlakama só pode voltar a capital do... País para encontro com o presidente da República, Armando Guebuza, quando houver garantias de segurança por forças "isentas" das Nações Unidas (ONU).
"Quando as condições de segurança estiverem garantidas através de uma força internacional como os capacetes azuis, o presidente poderá vir, porque neste momento não há condições dado que está a ser perseguido" afirmou.
Bissopo que disse se encontrar em Maputo a mando do presidente da Renamo para comunicar os seus cumprimentos ao Povo moçambicano e ao corpo diplomático, reiterou que o seu partido não está interessado na guerra.
"O presidente está bem de saúde, não saiu para nenhum país. Ele está dentro do País e acompanha atentamente o desenrolar dos acontecimentos da vida política, económica e social do País e dentro de alguns dias voltará a falar ao País e ao mundo" disse o secretário-geral da Renamo.
Defendeu o diálogo como a única via para a resolução da actual crise política.
Mas condicionou: "o grupo da Renamo voltará à mesa com mediadores e observadores nacionais e estrangeiros".
"Porque não as Nações Unidas, a SADC, União Europeia, que são grandes promotores de investimentos no nosso País não podem intervir como intervieram no Zimbabawe, Malawi, Grandes Lagos e outros países da região?" questionou Bissopo, advertindo que "se a Frelimo não quer negociar seriamente que nos diga para toda gente saber".


(Bernardo Álvaro, Canalmoz)

Renamo reafirma que Dhlakama está em Moçambique

O Secretario Geral da Renamo, Manuel Bissopo, reiterou hoje, em Maputo, que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ora em parte incerta, encontram-se no território nacional e poderá falar brevemente, ao povo moçambicano.
De acordo com Manuel Bissopo, citado hoje pela STV, Afonso Dhlakama o mandatou para informar aos moçambicanos que ele encontra-se de boa saúde e que “foi bom a Frelimo ter atacado a Satungira”, alegadamente, porque veio provar os argumentos de Afonso Dhlakama em recear vir a Maputo, enquanto as Forças de Defesa e Segurança (FDS), encontravam-se estacionadas a escassos metros da sua residência.
Contudo, Bissopo explicou que o “Afonso Dhlakama não saiu para nenhum país (estrangeiro), que acompanha atentamente a vida politica e econômica do país” e poderá brevemente, fazer uma comunicação aos moçambicanos.
Por outro lado, Bissopo garantiu que Afonso Dhlakama e a Renamo não estão interessados na guerra e reitera que delegação da Renamo nas negociações com governo só volta à mesa do diálogo mediante a presença de mediadores e facilitadores nacionais e internacionais, embora reconheça que o diálogo se mostre improdutivo.


Folha de Maputo

Fiscais do MDM foram detidos quando iniciou a contagem de votos

Na cidade de Maputo

Maputo (Canalmoz) – Dois delegados de candidaturas do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na cidade de Maputo, foram detidos logo que iniciou a contagem de votos. Os dois delegados de candidatura foram detidos por motivos caricatos e soltos na manhã de sábado passado, 23 de Novembro.
Rossana Faquira estava a fiscalizar uma das mesas de voto da Escola Primária Completa Unidade 19, em Maputo. Esteve na sala durante todo o dia. Quando iniciou a contagem de votos a Polícia simplesmente a levou para 9ª Esquadra e encarcerou-a. Foi posta em liberdade na noite da última sexta-feira. Saiu como entrou: sem qualquer tipo de explicação.
Martins Nampule, de 58 anos de idade, estava a trabalhar no bairro do Benfica. Quando começou a contagem de votos, também foi recolhido às celas, alegadamente por não ter credencial “original”. Foi solto na manhã do último sábado. O juiz refere no mandado de soltura que não há “indícios” para detenção dos indivíduos em causa.
A Lei Eleitoral diz que os delegados de candidatura, por serem fiscalizadores do processo mandatados pelos partidos interessados no processo, não podem ser detidos, salvo em flagrante delito. Os delegados do MDM foram detidos sem explicações.
O chefe da bancada do MDM, na Assembleia da República, Lutero Simango, diz que a Polícia usou o mesmo método (o da detenção dos delegados de candidatura do MDM) em várias mesas das assembleias de voto, um pouco por todo o País. Na cidade de Maputo, segundo Simango, houve detenções no Benfica, na KaTembe e em KaMavota. “Estes resultados eleitorais não reflectem a verdade e são muito suspeitos, na medida em que para o seu apuramento foi necessário a detenção de membros do MDM”. Lutero Simango diz que “não existem condições normais para se aceitar os resultados que o STAE está a divulgar”.


Canalmoz

A derrota do grande líder

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) é o grande vencedor das eleições de 20 de Novembro. E, ao contrário daquilo que seria natural supor, o maior derrotado não é o partido Frelimo, mas sim o seu actual Presidente, Armando Emílio Guebuza. Importa aclarar as coisas para não resvalarmos no insulto fácil e sermos, então, acusados de desrespeitar o Chefe de Estado. Portanto, vamos traçar um rol de obras e conquistas do actual Presidente do país e da Frelimo.
A reversão da hidroeléctrica de Cahora Bassa é apontada como um feito de Armando Emílio Guebuza. A ponte da unidade, que leva o seu nome e liga o país de ponta a ponta, também é fruto das suas conquistas. A revitalização das bases partidárias, para falarmos num contexto interno, repousa sobre os seus ombros. É, portanto, justo reconhecer o seu mérito nesse aspecto.
No entanto, é preciso recuar ao Congresso de Muxara para compreender que o actual PR suplantou, devido à genuflexão dos camaradas, a dimensão do partido. Ou seja, Guebuza ofuscou o brilho da Frelimo. As obras deixaram de ser do partido e passaram a ter o seu nome. As manifestações de adoração e bajulação multiplicaram-se e a ideia de um ser divinal desnorteou os membros do partido dos camaradas.
Se é justo atribuir mérito a sua excelência senhor Presidente da República pelas suas conquistas, é igualmente sensato pedir-lhe responsabilidades pelos desaires do seu partido. O MDM conquistou assentos nas assembleias parlamentares e disputou as eleições taco a taco.
Os acontecimentos do dia 20 de Novembro nas autarquias como Quelimane, Beira e Angoche, onde as instrumentalizadas Forças de Intervenção Rápida (FIR) dispararam bombas de gás lacrimogéneo contra cidadãos indefesos, são motivos mais do que suficientes para que um Chefe de Estado que se preze ponha a mão na consciência. Mas parece-nos que o grande líder continua a jogar tudo na sua vaidadezinha política e na sua arrogância. Apoiado por uma horda de seguidores esquizofrénicos do costume, ele prossegue indiferente a tudo e a todos, empurrando o seu partido para um abismo sem precedentes.
As manobras para vencer as eleições autárquicas, que consistiram no enchimento de urnas com boletins de voto assinalados e o uso da FIR para intimidar os eleitores, são o paradigma do nível do desespero e da falta de vergonha de que actualmente o partido Frelimo de Guebuza se reveste. Porém, o povo, exercendo o seu direito e dever de cidadania, demonstrou a sua aversão a iniciativas medíocres que subjazem interesses obscuros.
Portanto, os moçambicanos já começam a ganhar consciência de que existe neles um poder revolucionário capaz do os tornar senhores dos seus destinos. Os últimos resultados eleitorais mostram que os moçambicanos querem mudança. Uma mudança profundamente revolucionária. E é cada vez mais evidente que o povo nunca precisou de líderes que olham para os seus próprios umbigos e os dos seus filhos para resolverem os problemas que os apoquentam.


Editorial, A Verdade

Sunday, 24 November 2013

Renamo insiste na presença de observadores nas reuniões com Governo de Moçambique

Maputo, 23nov (Lusa) - A Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, voltou a condicionar o diálogo com o Governo à participação de observadores nacionais e internacionais nessas reuniões, descartando a sua participação no encontro marcado para segunda-feira, em Maputo.
"Porque assim poderemos dar continuidade ao nosso trabalho em virtude de termos verificado que as 24 rondas havidas não tiveram nenhum avanço e que já é tempo de considerarmos a presença de outros cérebros para nos ajudarem nestas negociações que estamos a ter com o Governo", disse, hoje, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, em conferência de imprensa.
Mazanga recordou que o diálogo em curso foi uma iniciativa da Renamo para resolver as diferenças com o Governo sobre a condução da democracia e das liberdades dos cidadãos em Moçambique.

Saturday, 23 November 2013

Última Hora* Última Hora* Última Hora

Tentativa de viciação de resultados em Quelimane

Maputo (Canalmoz) - O partido Frelimo e seu candidato em Quelimane, averbaram uma pesada derrota. Os editais paralelos do MDM e dos observadores indicam que o Manuel de Araújo ganhou com 38 490 votos contra 16 170 votos e Abel Alburquerque. Na Assembleia Municipal o MDM conseguiu 35 330 votos contra 16 201 da... Frelimo, o que confere ao MDM maioria qualificada. Só que o STAE não quer divulgar os resultados e ontem a noite convocou os partidos para informar que perdeu 37 editais. A Frelimo diz que também perdeu os 37 editais, o que indicia um conluio entre o STAE e a Frelimo. O MDM tem os referidos 37 editais assinados pelos membros da Assembleia de voto. Ainda não se sabe qual será o desfecho. Em todos os muncípios onde a Frelimo e seus candidatos perderam, o STAE está com sérias dificuldades de anunciar os resultados.


Canalmoz

Nós Matamos o Cão Cardoso

“Os cães olham e a caravana espanta-se” - Carlos Cardoso, 1995
 
 
“A gente tem que tomar cuidado quando fala de jornalismo investigativo como se fosse a medalha de ouro que cada um quer colocar no peito e se chamar de jornalista investigativo. Quando a gente fala de jornalismo, a investigação deve estar presente em todo o tipo de matéria. Você não faz bom jornalismo hoje se você não for investigativo, a realidade da gente é muito mais complexa do que a 10 anos atrás; o mundo funciona em blocos económicos, então as coisas que acontecem aqui em Moçambique afectam outros mercados, portanto outros mercados tentam interferir na realidade e na autonomia deste país. Isso afecta a política, a cultura, os desportos. Se há algum recado que eu possa deixar, é que tratem a questão do jornalismo investigativo como um método de trabalho que tem que incorporar no dia-a-dia, senão vamos fazer um jornalismo que não vai atender ao público.” – Ricardo Fontes Mendes, 2013
 
 
Quando penso em Carlos Cardoso, inevitavelmente perpassa-me a mente o termo Watchdog Journalism e nascem em mim dúvidas sobre o que é isso de “jornalismo cão de guarda”.
Cada vez que reflicto sobre jornalismo – e isso acontece todos os dias - surgem-me mais dúvidas que certezas - apesar de eu amar o jornalismo desde criança e fazer jornalismo praticamente desde o meu primeiro namoro na adolescência. Por isso, de forma recorrente quanto dogmática, converso comigo mesmo enquanto vasculho referências bibliográficas sobre esta “apaixonante ingrata profissão” segundo o meu amigo e antigo parceiro de redacção Policarpo Mapengo.
 Para relacionar Carlos Cardoso com o Watchdog Journalism, vou utilizar como minha muleta uma fonte academicamente proibida porém utilitária para o caso: a Wikipedia.
Segundo a Wikipedia, o termo watchdog Journalism está fortemente relacionado a prática de jornalismo investigativo. Watchdog, cão de guarda, é definido como “uma pessoa ou grupo de pessoas que actuam como protectores ou guardiões contra a ineficiência, práticas ilegais, etc”, lê-se na enciclopédia virtual, citando o Collins English Dictionary.
Um jornalista cão de guarda também cumpre esta função de guardião. Ao agir de uma maneira investigativa, o jornalista cumpre o papel de cão de guarda. Jornalismo cão de guarda é também considerado “contingente às condições sociais, políticas e económicas existentes e tanto uma reflexão do momento histórico como das estruturas e culturas de mídia pré-existentes”. Jornalistas cães de guarda são também chamados vigias, agentes de controlo social ou guardiões morais.” Chega de Wikipedia!
Quando trabalhava no Centro de Integridade Pública (CIP) como jornalista investigativo - convidado pelo então director executivo, o herdeiro de Carlos Cardoso (Marcelo Mosse), muitas vezes o na altura director de pesquisa e programas e hoje director executivo, Adriano Nuvunga, utilizava as ferramentas metodológicas próprias de um académico e me desafiava a reflectir sempre sobre a maneira como fazia o meu trabalho jornalístico e se o mesmo era investigativo.
Um dos últimos desafios que Nuvunga me lançou, menos suado que os outros, foi de representar o CIP num debate organizado conjuntamente pela Associação Moçambicana de Jornalismo Judiciário (AMJJ) e pelo Centro de Estudos Aquino de Bragança (CESAB), em Setembro de 2012. Incumbira-me, Nuvunga, da tarefa de pensar e explicar o que é isso de Watchdog Journalism, e como ele se reflectia na vocação Watchdog do CIP.
Questionei a mim e aos presentes: que tipo de cão somos, nós jornalistas moçambicanos? De tão inofensivos que nos tornamos por estes dias para os corruptos e criminosos, ousei perguntar se não criáramos uma versão moçambicana de Watchdog: o mitológico nkenho da nossa infância, cão que ladra mas não morde.
A resposta para mim está em perceber o que fizemos do legado de Carlos Cardoso, como seus colegas de profissão, sem exclusão de partes.
Quando a 22 de Novembro de 2000 foi assassinado Carlos Cardoso, o esquadrão da morte liderado pelo meu vizinho de infância no Alto-Maé, Anibalzinho, apenas matou o homem, pai de Ibo e Milena, marido de Nina Berg. Naquele dia, todavia, nós os jornalistas matámos o Cão Cardoso…
Salvo raras excepções, a partir daquele dia, com o nosso jornalismo conformado, comodista e atrelado aos poderes, enterrámos Carlos Cardoso, e passamos a utilizar uma série de excusas para não fazermos bem o nosso trabalho jornalístico.
Transformamos em nosso prometido Messias o projecto de Lei do Direito a Informação, de tal forma que criamos o Mito de que com uma lei de acesso às fontes oficiais de informação o jornalismo vai melhorar da noite para o dia, que se abrirá a caixa de pandora para o jornalismo investigativo em Moçambique.
Nos tornamos prisioneiros desse mito, através de algemas como a Falta de Memória, Ausência de Método, Autocensura, Ignorância das Leis, rotinas improdutivas, a transformação de jornalistas seniores em senadores dos Media, semi-reformados do jornalismo, a juniorização das redacções e sobretudo das chefias e das editorias. Convertemos essas algemas da consciência em coveiros e não cessámos de enterrar o Cão Cardoso… não o homem, mas o jornalismo que ele representava.
Vou citar Marcelo Mosse em 2010, entrevistado pelo SAVANA - 19.11.2010. “Hoje continuamos a ter os problemas que tínhamos há 10 anos. Mas com outras roupagens. As elites já não pilham na banca ou no Tesouro”, disse Marcelo Mosse, pra quem as elites refastelam-se na preferência por outro tipo de património público, como nas concessões minerais, na manipulação do Procurement, fingindo-se transparência e integridade.
Cardoso faz falta, 10 anos depois. Temos bons exemplos de investigação jornalística, os media continuam a ser a principal oposição à Frelimo, mas a voz persistente, o seu rigor mordaz, o seu voluntarismo sem fronteiras, incorruptível, pontua pouco”, lamentava Mosse.
Temos de nos libertar do MITO em que transformamos Carlos Cardoso, em verdade escusa para nos desculparmos e nos desculpabilizarmos do nível baixo do jornalismo que praticamos. Já faz parte do ADN do nosso discurso escusatório colocar o jornalismo de Carlos Cardoso num nível sobre-humano, impossível de se fazer hoje e por cada um de nós, comuns mortais…ou comuns mortos?
Como diria o meu colega Ricardo Fontes Mendes, é um fardo pesado colocar sobre os ombros de Carlos Cardoso ou de jornalistas vivos como Marcelo Mosse, Lázaro Mabunda, Luís Nhachote o destino do jornalismo investigativo de toda uma Nação de 23 milhões de habitantes.
Homenagear Cardoso não é repetirmos todos os anos o cerimonial de 22 de Novembro, em que simplesmente enaltecemos as suas qualidades, celebramos os seus feitos e recordarmos sua vida e obra. É preciso, cardosianamente, fazer esse jornalismo engajado, crítico, investigativo, interventivo.
Emular Cardoso não é tentar imitar Cardoso, porque – como bem diz o seu amigo Mia Couto - “Cada Homem É Uma Raça”, emular Cardoso é fazer jornalismo investigativo todos os dias; é o jornalista que habita em cada um de nós apropriar-se da investigação como método básico de trabalho; é fazer profissão de fé aos princípios e valores éticos da classe; é ser vigilante dos poderes públicos e de todos os outros poderes que promíscua e criminosamente corrompem e capturam aqueles.
Sem pretender ser Nietzschiano, julgo que que ao invés do livre arbítrio que devia nos orientar somos jornalistas do cativo arbítrio, filhos do mito segundo o qual a Lei do Direito a Informação será a carta de alforria para um melhor jornalismo. Por isso ficamos assim, qual Camões impotente contemplando a longa espera pela chegada “daquela cativa que me tem cativo”.  
O jornalista que investiga, que analisa e critica com critério e sem adultério dos factos, é esse cão que ladra…mordendo. Cão que morde em cada latido do seu trabalho jornalístico, que assume a investigação como método de trabalho.
Ao invés de sermos watchdog, infelizmente nós os jornalistas nos tratamos profissionalmente abaixo de cão. Em cada jornalista cobarde, preguiçoso, medíocre, comerciante da ética, servil dos poderes estabelecidos, traficantes da verdade por dá cá aquela esmola…hoje como há treze anos, nós matamos o Cão Cardoso.


Milton Machel, Facebook