Monday, 22 July 2013

Povo deseja paz

Por Edwin Hounnou



Em Moçambique dos dias que correm, a paz efectiva, que seja capaz de acalmar os espíritos de todos os estractos sociais, ainda está muito longe de ser um facto adquirido. Hoje, temos um silêncio das armas mais dependente da vontade da Renamo que da Frelimo. Pela forma pouco claro como se chega ao poder, é de esperar que os excluídos dos benefícios da paz e da democracia se sintam forçados a recorrer a métodos inconstitucionais para atingirem o poder. Para que a guerra não volte a cruzar os nossos corações, é necessário que todos os cidadãos e partidos políticos tenham as mesmas possibilidades de acesso ao poder, iguais oportunidades de negócios e à riqueza, hoje reservadas às elites políticas do partido governamental.
Nenhum partido deve comportar-se como se de proprietário do nosso país fosse. Temos, infelizmente, vindo a assistir, de forma recorrente e com maior gravidade nos últimos oito anos, o procedimento do partido no poder a inviabilizar o funcionamento dos partidos da oposição, destruindo as suas delegações, queimando-lhes as bandeiras e proibindo que se manifestem. O partido no poder ainda não compreendeu que o sistema democrático por que pugnamos é mais vantajoso que a exclusão que faz sobre os moçambicanos que não comungam a sua ieologia. A exclusão económica com fundamentos político-partidários é uma perigosa árvore que vai dar frutos desagradáveise e a Frelimo está a semear a discórdia e a violência.
Vemos dirigentes do Partido/Estado no poder e seus familiares a associarem-se às multinacionais que exploram os nossos recursos naturais, num esforço fraudulento de criar uma burguesia nacional. Juntam-se a chineses na devastação das nossas florestas e nada lhes acontece porque o Presidente Armando Guebuza que deveria impor a ordem, anda entretido nas suas negociatas. Um governo sério não pode manter no cargo um ministro devastador das nossas florestas ou que um que mandou alcatroar a rua que dá acesso à sua casa, com fundos públicos. A continuar assim, fica a sensação de que o nosso país foi, definitivamente, tomado por piratas.
Os dirigentes do partido Frelimo deveriam compreender que abocanhar os órgãos eleitorais - a Comissão Nacional de Eleições e o Secretariado Técnico de Administração, a todos os níveis - e preenchê-los de seus sequazes é um atentado à paz e estabilidade política. Têm que entender que subverter contratos económicos para se beneficiarem a si próprios é um crime sobre o qual serão, um dia, julgados pelo povo a quem, hoje, estão a roubar.
A paz faz-se através de tolerância e inclusão e não de discursos bem intencionados proferidos em praças públicas. Com a guerra, não poderá haver eleições e isso só serve aos dirigentes da Frelimo porque assim podem continuar no poleiro sem o escrutínuo popular. O povo não teme a gurra, mas, detesta-a. O governo deseja a guerra, por isso, despacha, para Gorongosa, jovens soldados alegando que são para protegerem Afonso Dhlakama e o povo.

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