Monday, 10 June 2013

Guebuza ensaia ilusionismo


Por Edwin Hounnou

O Presidente da República, Armando Guebuza, depois de mais de duas semanas ausente do país, mesmo com a greve dos médicos e outros profissionais de saúde em greve, fez uma visita, no sábado, a 08 de Junho corrente, ao Hospital Central de Maputo, para mostrar que é solidário com os doentes aí internados, e não só. Este tipo de exercício é falso porque o que separa os grevistas do governo, não passa por uma visita do Presidente nem de dos seus ministros às unidades sanitárias. Guebuza continua a contornar a solução do problema enquanto a situação dos doentes vai cada vez de mal a pior, contrariamente do que dizem directores e comentadores do politicamente correcto e jornalistas lambe-botas do regime.  
Guebuza deveria abandonar o ilusionismo e partir para a resolução efectiva do problema. Há muito dinheiro que o governo não colecta aos mega-projectos que exploram os nossos recursos. Moçambique, piorou em relação ao tempo colonial, virou um mero exportador de matéria-prima para alimentar as indústrias de outros países, com o beneplácito de quem faz do país sua coutada. depois disso tudo, o discurso de auto-estima perde o seu conteúdo. Guebuza tem coragem depois de um longo passeio por Addis Abeba, China e Coreia do Sul? O Presidente não tem que lançar apelos como qualquer cidadão. Ele pode e deve resolver o problema, pagando bem aos médicos e a outros profissionais da saúde.
Tudo depende da boa vontade e da racionalidade do governo. É mentira evocar que o país é pobre, por isso, não pode pagar salários melhores a cuida da saúde do ”maravilhoso povo da pérola do Índico”. Os médicos juraram salvar vidas, mas, no seu juramento não está implícito que estão condenados a aceitar salários de pobreza. Os médicos e o professor não têm voto de pobreza. O director do Orçamento, no Ministério das Finanças, disse que os altos salários dos magistrados, alfandegários e funcionários das Finanças visam desencorajá-los da prática da corrupção por estarem em postos propensos à corrupção. Quem disse que o médico, enfermeiro e o professor, no exercício das suas funções, não podem ser corrompidos? 
 Se o Estado tivesse problemas da falta de dinheiro, não teríamos funcionários pagos a peso de ouro enquanto os demais, com o que ganham, não podem pagar ao cego por uma cantiga. A frota automóvel do Conselho de Ministros, governadores, directores, administradores distritais é renovadora de cinco em cinco anos. Os parlamentares, para além de invejáveis salários, têm novas viaturas por cada legislatura. O Presidente, a sua esposa, o secretário-geral da Frelimo e os ministros estão sempre a viajar a expensas do Estado.
Guebuza recebeu uma carta subscrita por 84 médicos especialidades e assinada por Pascoal Mocumbi, antigo primeiro-ministro, a chamá-lo à consciência para a gravidade do problema, mas, ele mantém-se irredutível na sua teimosia de não levar o assunto a sério, intimidando os grevistas e violando o Estado de Direito.         
 
 

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