Thursday, 18 April 2013

“Ninguém deve atacar, ninguém deve ser atacado”- Conferência Episcopal de Moçambique

Da Esquerda para a direita: D.Chimoio, Arcebispo de Maputo, Joao Carlos Hatoa, Bispo auxiliar de Maputo e Tome' Makhweliha, Arcebispo de Nampula/Foto de Ferhat Momade

A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) renovou o apelo às forças políticas, particularmente ao governo, à Frelimo e à Renamo, na pessoa dos respectivos dirigentes, para que restabeleçam o método de diálogo e reafirmem o compromisso assumido no Acordo Geral de Paz, assinado, em 1992, na cidade de Roma, capital da Itália.No compromisso assumido aquando da assinatura do AGP ficou, segundo o CEM, estabelecido que cada um dos signatários não agiria de forma contrária ao que rezam os vários protocolos que puseram termo ao conflito armado de 16 anos no país.
Dom João Carlos, porta-voz da CEM, que falava em conferência de imprensa havida hoje em Maputo, para manifestar o sentimento da Igreja, afirmou que “não está dito que depois de 20 anos, este compromisso cessaria, compromisso que é, afinal de contas, norma universal para todos os povos que desejam viver em paz”.
A reacção da Conferência Episcopal de Moçambique surge na sequência dos acontecimentos dos dias 03 a 04 do corrente mês, registados em Gondola (Manica) e Muxunguè (Sofala), que se saldaram na perda de vidas humanas e destruição de propriedades.
Segundo a fonte, é necessário que se crie um ambiente de paz e liberdade para os indivíduos, para os partidos políticos e para todos os grupos ou associações que promovem o bem.
Desta feita, segundo o porta-voz, nenhum partido deve ser hostilizado nem as suas instalações vandalizadas, antes pelo contrário, os governantes e líderes dos partidos devem manifestar o seu desejo pela paz, através de gestos concretos como o diálogo transparente e paciente, sincero, aberto, honesto e permanente.
João Carlos, que é igualmente Bispo Auxiliar de Maputo, disse, por outro lado, que face a erupção de recursos no país não faltarão pessoas ambiciosas e gananciosas interessadas em aproveitar-se das divisões ou mesmo para provocá-las, para distrair os moçambicanos enquanto exploram e drenam as riquezas do país.
Para que isso não aconteça, não se deve, segundo a fonte, abrir brechas e os problemas dos moçambicanos devem ser resolvidos pelos moçambicanos.
“Apelamos ao povo moçambicano para que não se deixe manipular por ninguém (partidos inclusive) e induzir para fazer o mal, seja de que tipo for e seja para que fim, sobretudo para praticar qualquer tipo de violência ou atrocidade”, reiterou o porta-voz.
A Conferência Episcopal, por diversas vezes, através das suas cartas, denunciou situações de injustiça, de exclusão social, de arrogância, intimidação, incitamento à violência verbal e física, gestos de antagonismo e outras atitudes e práticas que condena vigorosamente.
“O povo moçambicano diz não à guerra”, disse João Carlos, acrescentando que o CEM reafirma, junto do povo moçambicano, que “ninguém deve atacar, ninguém deve ser atacado; ninguém deve retaliar, ninguém deve ser retaliado; porque tudo isto é violência. O caminho justo e correcto é o diálogo, franco, honesto e respeitoso”.
(RM/AIM)

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