Friday, 12 April 2013

Não há Sociedade Civil neste país (?)

Afinal Afonso Dhlakama tem razão:


 Quase todo país, os membros das Comissões Provinciais que tomaram posse tem rótulo da Frelimo

Foi concluído esta quarta-feira, a escala nacional, o processo de eleição e empossamento dos membros das Comissões Provinciais de Eleições, órgão que tem como missão velar pelo processo eleitoral deste ano, começando pelo recenseamento de raiz até às eleições gerais e legislativas de 2014.
E na Zambézia tal como noutros pontos do país, a selecção destes membros que compõem as Comissões Provinciais, sobretudo aqueles que vêm da Sociedade Civil, deixa muito a desejar, ao avaliar pela forma como os tais membros foram seleccionados e também pelo perfil dos mesmos.
Nesta província e como dissemos na nossa edição anterior, os membros que tomaram posse alegando que vem da Sociedade Civil, são membros da Frelimo assumidos e conhecidos na praça pública.
Para tentarem esconder as suas pretensões, rotularam-se como sendo candidatos seleccionados através da Organização Nacional dos Professores e outras como Associação dos Amigos e Naturais de Namacurra.
Só que, como não se pode esconder o sol com a peneira, o Diário da Zambézia no âmbito da sua investigação apurou que dos cinco membros da Sociedade Civil, quatro já estiveram como membros da antiga Comissão de Eleições da Cidade de Quelimane.
Como prova disso, o próprio presidente eleito actualmente, Emílio Mpanda Supelo, dirigiu nas eleições passadas a Comissão de Eleições da Cidade de Quelimane, onde desempenhou as mesmas funções. Supelo é membro da Frelimo, trabalhador do Gabinete do Combate a Droga e foi director da Escola Aeroporto Expansão em Quelimane.
Outros nomes rotulados como sendo da Sociedade Civil já havíamos avançado na edição anterior, a senhora Constância Constâncio é membro da Assembleia Municipal de Quelimane, pela bancada da Frelimo. O Jone Dias é membro da Frelimo, tal como os senhores António Mangachaia e Bonifácio Muiaia tem simpatias muito fortes com o partido Frelimo, ao avaliar dos órgãos por onde vem, OTM-CS e ONP.

Não há sociedade civil no país?

Ao avaliar pela forma como as coisas estão a começar, pode-se ver que não há Sociedade Civil neste país, todos dizem que são, mas meia volta tem cartões de partidos políticos, sobretudo o partido Frelimo.
Tudo isso dá azo as palavras e inquietações do líder da RENAMO, Afonso Dlhakama que sempre disse que este país não tem Sociedade Civil e nas suas palavras que nos são habituais, há uma “fantochada” que se chama Sociedade Civil.
Aquele líder com razão reclama que haja paridade na Comissão Nacional de Eleições, porque na sua óptica as tais pessoas que aparecem a concorrer como Sociedade Civil nem sequer são, mas sim do partido Frelimo e pelo menos para Zambézia, não se pode ter duvida.

Presidente da Comissão tomou posse perante membros do governo provincial

Já que ninguém confia desde já o processo, na manhã desta quarta-feira, tomou posse o presidente da Comissão Provincial de Eleições, Emílio Mpanga Supelo. Naquela sala de sessões do governo da Zambézia, único representante visível dos partidos políticos era o Primeiro Secretário da Frelimo, Lucas Junqueiro, que teve lugar na fila de honra ladeado do governador da Zambézia, Secretária Permanente e a directora do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e todos membros do governo provincial (directores) que encheram a sala.
António Chupanga, mandatário do Presidente da CNE foi deixando lá as suas recomendações ao empossado e aos restantes membros da Comissão. De resto, Chupanga não disse nada de novo, buscou as atribuições da Comissão e pediu para que os empossados respeitem o governo sob alegação de que estão num território e este território tem dono e neste caso é o estado.
Dai que conforme Chupanga “não se façam de independentes ao nível de se isolarem, contem com o apoio do governo e das autoridades, porque são eles que conhecem onde estão a população, onde devem montar os postos de recenseamento, de votação, etc”- fim de citação.

Observatório Eleitoral reúne-se hoje

Entretanto, soubemos que o Observatório Eleitoral ao nível da província da Zambézia, reúne-se esta quinta-feira para analisar este caso e só depois dai é que haverá um posicionamento tal como aconteceu na província de Gaza onde o Fórum das Organizações Não Governamentais (FONGA), remeteu já um recurso junto ao Conselho Constitucional por sentir que o processo ao nível daquela província também esteve mergulhado em “trafulhices”.
Lembre-se que arranca a 9 de Maio próximo o recenseamento eleitoral de raiz convista as eleições autárquicas marcadas para o dia 20 de Novembro próximo.

DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 11.04.2013, citado no Moçambique para todos

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