Thursday, 11 April 2013

Afonso Dhlakama garante que não vai voltar à guerra

Afonso Dhlakama garantiu hoje na conferência de imprensa, a partir da sua base na Gorongosa, que não vai voltar à guerra, mas advertiu o Governo que se se sentir atacado, atacará.

“Nunca vai haver mais guerra, mas não estou nada satisfeito com a situação e é preciso que sejam resolvidos rapidamente os problemas pendentes”, nomeadamente a composição dos órgãos eleitorais, que a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) contesta.
Dhlakama disse ainda que estão a ocorrer contactos com o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, intermediados por um académico moçambicano, na sequência dos ataques da semana passada, que provocaram pelo menos oito mortos.
O líder da Renamo falou numa antiga base militar na Gorongosa, onde se encontra desde outubro do ano passado.
Nas negociações que estão a decorrer com o Governo de Armando Guebuza, o líder da Renamo revelou que exigiu a retirada dos efetivos policiais que, disse, o estão a cercar na serra da Gorongosa e a libertação de 15 militantes da Renamo detidos na última semana em Muxunguè.
Dhlakama disse ainda que haveria abertura da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) para uma alteração à lei eleitoral, que a Renamo contesta. “As coisas estão a andar”, disse.
Na última semana, confrontos em Muxunguè entre elementos da Renamo e a polícia causaram cinco mortos e, no sábado, um ataque a um camião cisterna provocou três mortos.
Hoje, Dhlakama assumiu que autorizou o ataque ao quartel da polícia de Muxunguè, no distrito de Chibabava, de onde o líder da Renamo é natural
“Tinha conhecimento e autorizei”, disse, revelando ter sido procurado pelos militantes do seu partido, na sequência de um ataque da polícia à sede do partido em Muxunguè.
“Não posso esconder, eu disse-lhes: ‘arranjem-se desenrasquem-se, vocês fizeram a guerra, sabem onde apanhar armas, defendam-se’, e no dia seguinte responderam”, disse Dhlakama.
Na conferência de imprensa na Gorongosa, o líder da Renamo acusou a comunidade internacional de pactuar com a “existência de eleições transparentes” em Moçambique.
“Os europeus sabem o que acontece aqui e que não podem acontecer em Portugal ou na União Europeia, mas no fim dão condecorações” aos dirigentes da Frelimo.
Durante a sua longa intervenção, Dhlakama referiu-se diversas vezes ao que considerou serem as diferenças entre o sul, por um lado, e o centro e o norte de Moçambique, por outro, e disse que “a Frelimo tem planos para destruir o centro e o norte daqui a 20 anos”.

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