Thursday, 10 January 2013

Guebuza deixará a “Ponta Vermelha”?

As pseudo-conversações entre o Governo e a Renamo poderão servir de argumento para Guebuza “ceder” à extemporânea reivindicação da Renamo de formar um Governo de Transição e ele aparecer a chefiar essa brincadeira.
O Presidente Armando Guebuza parece que não vai deixar a “Ponta Vermelha”, em 2014. Diz que vai respeitar a Constituição, mas isso vai que há-de acontecer, a concluir pelos cenários em curso. Tudo leva a crer que vai procurar um artifício que possa justifi car a sua permanência no poder para além do tempo constitucionalmente previsto. Os actos falam mais que os discursos. José E. dos Santos, o eterno presidente de Angola, está a acumular uma fortuna incomensurável, colocando a sua fi lha Isabel dos Santos à frente do seu império empresarial obtido à custa do cargo que ocupa. Fez um truque na Constituição para permitir a sua permanência no poder, fazendo-se constar à cabeça de lista do partido suposto o mais votado.
Não há nenhuma movimentação no partido Frelimo que mostre quem será o seu candidato para as eleições presidenciais de 2014. As fi guras proeminentes, tais como Eduardo Mulémbwè, Luísa Diogo e Aires Aly, foram encostadas. Isso é motivo para suspeitar que Guebuza vai continuar na “Ponta Vermelha”. As pseudoconversações entre o Governo e a Renamo poderão servir de argumento para Guebuza “ceder” à extemporânea reivindicação da Renamo de formar um Governo de Transição e ele aparecer a chefi ar essa brincadeira. Assim, permanecerá no poder por mais cinco anos. Uma outra razão é a necessidade de Guebuza consolidar e ampliar o seu império empresarial conseguido por métodos não comuns em sociedades de Direito.
Não passa despercebida a publicidade que o Governo pôs na Rádio Moçambique em que aparecem vozes a dizer que “a minha vida mudou graças a Guebas”, “Quando Guebas promete, cumpre mesmo”. Não vale a pena perder tempo a enumerar mil promessas eleitorais que não foram cumpridas e para não falar da pobreza que aumentou em vários sectores da população. Se tudo anda às mil maravilhas, por que motivo os contribuintes para o Orçamento do Estado reclamam que há má gestão de fundos públicos, por isso, estão a retirar os seus apoios ao Governo? Serão eles “apóstolos da desgraça” ou “críticos profissionais”? Quem anda errado: somos nós ou o Governo que pretende convencer de que está a fazermaravilhas e o mau da fi ta somos nós que não conseguimos ver nada?
O diário electrónico Correio da manhã, edição número 3984, escreve, no dia 2 de Janeiro de 2013, que a embaixadora Ulla Andrén, da Suécia, integrante do G-19, grupo de países europeus que dão muito dinheiro ao Governo moçambicano, criticou em termos ásperos o Governo dizendo que “O Governo precisa de trabalhar paraum crescimento inclusivo e garantir que o rendimento futuro da extracção derecursos naturais seja distribuído para o benefício de todos, em especial, osmais desfavorecidos”. Continuando, a embaixadora disse que “a Suécia entendeque a corrupção é um grande obstáculo ao desenvolvimento e que deve ser enfrentada com muita seriedade”. Não é colocando camponeses a enrolarem-se em elogios a “Guebas”, tentando tapar a incompetência de quem governa.



Edwin Hounou, Correio da Manhã - 08.01.2013

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