Thursday, 6 December 2012

MDM é um incômodo à bipolarização – Simango

David-simango-movimento-democratico-mocambiqueO primeiro Congresso do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) arrancou hoje na cidade portuária da Beira, Centro de Moçambique, com as atenções viradas para a definição do futuro do partido, particularmente a sua participação nos próximos pleitos eleitorais.
O MDM, a terceira maior força política no país e com representação na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, pretende, com este exercício, organizar-se convenientemente de forma a constituir numa alternativa credível ao governo do dia.
No seu discurso de abertura, o presidente desta força política, Daviz Simango, destacou este desidrato, vincando que o MDM tem, neste Congresso, a missão de analisar e deliberar sobre importantes matérias que serão a base de preparação para a sua participação nas próximas eleições municipais de 2013 e bem como as provinciais, legislativas e presidenciais de 2014.
No caso das eleições municipais, o partido pretende conquistar maior número de municípios “para que possamos melhorar a qualidade de vida dos nossos concidadãos residentes nesses municípios”.
Actualmente, o MDM preside duas autarquias, nomeadamente o Município da Beira, a segunda maior urbe do país, dirigido pelo presidente deste partido, e o Município de Quelimane, a quarta maior urbe.
Este último município foi conquistado pelo MDM nas últimas eleições intercalares.
Durante os debates, segundo Simango, particular importância deve ser dada a definição de estratégias claras de para a sensibilização das populações para se recensearem, de forma a terem cartão de recenseamento eleitoral, “elemento fundamental para a mudança”.
Disse também serem necessários esforços abnegados visando persuadir cada vez maior número de jovens para ingressarem no MDM.
Depois de enaltecer o empenho dos militantes pelo facto de terem levado o partido em tão pouco tempo como uma forca de renome no país, e actualmente único partido de oposição que governa algum território em Moçambique, Simango disse não ter duvidas que o MDM chega hoje, na altura do seu primeiro Congresso, como “o verdadeiro partido da unidade nacional representado por pessoas e culturas de todas as regiões do pais e representante de todos os moçambicanos”.
“Por este motivo, a nossa responsabilidade é grande e precisamos de ter clarividência necessária para compreendermos que o futuro do MDM, como organização política de respeito e de alternância, se joga na exaltante aventura da união e oportunidades dos seus militantes, na capacidade organizacional da base ao topo”, afirmou a fonte.
O presidente do MDM disse igualmente ser preciso criar capacidade interna, sem discriminação, e promover o empoderamento da mulher e dos jovens, havendo, por isso, a necessidade de pagamento de quotas.
“Temos que ter quadros comprometidos com os princípios do MDM, temos que ter mais mulheres e jovens em acção, temos que conquistar mais membros e eleitores trabalhando como fiéis obreiros do Moçambique para todos, empenhados, motivados e determinados”, sublinhou Simango, reconhecendo ainda a importância do diálogo interno para o alcance dos objectivos do partido.
Num tom mais crítico mas de forma implícita, Simango disse que as conquistas alcançadas pelo partido desde a sua criação em 2009 fazem do MDM alvo dos protagonistas políticos do país.
“A nossa existência, coma força e popularidade que temos hoje, constituímos um grande incomodo para os beneficiários da falecida bipolarização”, disse a fonte.
O MDM surge na sequência dos desentendimentos ocorridos no seio da Renamo, o maior partido da oposição moçambicana, e que levou a expulsão de Daviz Simango. Antes dele, uma outra figura importante na Renamo, Raul Domingos, fora também expulso tendo criado o seu partido (PDD), mas este não conseguiu assumir protagonismo como o MDM.
Antes do MDM, apenas a Frelimo (partido no poder em Moçambique) e a Renamo, eram os protagonistas políticos, detendo todos os 250 assentos no parlamento.
No seu discurso, Simango criticou ainda aquilo que considera violações das liberdades e dos direitos humanos no país, dando como o exemplo do grupo dos 30 membros do partido que foram presos e condenados durante as eleições intercalares no município de Inhambane, Sul do país.
Este grupo, que já cumpriu a sua pena de cerca de dois meses de prisão, esteve no pavilhão desportivo da Beira onde decorre o congresso, tendo sido saudados pelo presidente do partido e pelos delegados ao evento.
Durante quatro dias, o Congresso do MDM debruçar-se-á, entre várias matérias, sobre o relatório de actividades do partido, as propostas de revisão dos estatutos do partido, do programa, bem como do Hino do Partido e discussão sobre a participação nas eleições municipais de 2013 e as provinciais, legislativas e presidenciais de 2014.
Destaque vai também para a eleição dos diferentes órgãos do partido e do respectivo presidente.
Para além dos delegados de todas as províncias moçambicanas, a sessão de abertura foi testemunhada por vários convidados nacionais e estrangeiros e órgãos de comunicação social, que estiveram em peso, tendo até sido transmitida em directo pela televisão e rádio públicas, facto que comoveu a direcção do partido que teceu elogios a imprensa.

(RM/AIM)

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