Wednesday, 10 October 2012

Direitos humanos: Uma pessoa em cada oito no mundo passa fome, diz ONU

 
Menino da Somália, refugiado no Quênia, toma uma bebida preparada especialmente para crianças desnutridas/Foto: Reuters/Jonathan Ernst
Uma em cada oito pessoas no mundo passa fome, num total de 868 milhões de indivíduos, informou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) nesta terça-feira. Segundo a agência da ONU, o progresso na redução da fome desacelerou desde 2007/08, quando uma alta nos preços provocou protestos em vários países pobres.
No seu novo relatório sobre segurança alimentar, as agências da ONU estimaram que 868 milhões de pessoas passaram fome entre 2010 e 2012, ou cerca de 12,5% da população. Isso é bem menos do que a estimativa anterior, de 1 bilhão de pessoas (18,6%) no período 1990-92.
"Essa é uma notícia melhor do que tivemos no passado, mas ainda significa que uma pessoa a cada oito passa fome. Isso é inaceitável, especialmente quando vivemos em um mundo de abundância", disse o brasileiro José Graziano da Silva, director-geral da Organização de Alimentação e Agricultura da ONU (FAO). "A maior parte do progresso na redução da fome foi feita até 2006, já que os preços alimentícios continuavam a cair. Com a alta nos preços alimentícios e a crise econômica que se seguiu, houve muito menos avanços", alertou.
Os preços dos alimentos têm tido alta nos últimos meses, em consequência da seca nos EUA, Rússia e outros grandes exportadores. A FAO prevê que os preços permaneçam próximos do que foi registado durante a crise de 2008.
Meta - Contudo, Graziano disse que o mundo ainda pode alcançar a Meta de Desenvolvimento do Milênio, estabelecida em 2000, que prevê reduzir à metade a desnutrição nos países em desenvolvimento até 2015.
Uma ampla recuperação econômica, especialmente no sector agrícola, será crucial para uma continuada redução da fome, segundo o relatório da FAO, do Programa Mundial de Alimentos e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola. "O crescimento agrícola envolvendo pequenos proprietários rurais, especialmente mulheres, será mais eficaz na redução da pobreza extrema e da fome quando gerar emprego para os pobres", disseram as organizações.
Economia - O relatório criticou o aumento da demanda por biocombustíveis (que tomam espaço de cultivos alimentícios), a especulação financeira nos mercados de alimentos e os gargalos na oferta e distribuição de alimentos, levando ao desperdício de quase um terço da produção.
Nas últimas duas décadas, a fome caiu quase 30% na Ásia e no Pacífico, graças a avanços sócio-econômicos. Africa foi a única região onde o número de famintos cresceu no período, de 175 milhões em 1990-92 para 239 milhões em 2010-12.

RM

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