Wednesday, 3 October 2012

Camaradas em congresso de ostentação

Opartido Frelimo esteve reunido, no seu X Congresso, de 23 a 28 de Setembro de 2012, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, de forma a demonstrar que é mesmo uma organização das oligarquias, dos ricos, golpeando a sensibilidade do povo que vive submetido à pobreza. Cerca de cinco mil congressistas e convidados chegaram a Pemba de avião e outros por via terrestre. O preço de uma passagem aé rea não é para qualquer bolso.
As viaturas que se deslocaram a Pemba são do Estado, dirigidas por motoristas do Estado, usando combustível e lubrificantes pagos pelos contribuintes dos cofres do Estado. Vários chefes levaram a Pemba ajudantes de campo, que são agentes do Estado, com salários pagos pelo Estado.
Todos – desde o Presidente da República, ministros, governadores, directores nacionais, provinciais e distritais, administradores, os 41 edis, presidentes dos conselhos de administração de empresas, reitores das universidades e institutos politécnicos públicos, até aos demais agentes do aparelho do Estado que estiveram envolvidos no congresso – receberam os seus salários de uma semana inteira sem que tenham trabalhado um segundo sequer para o Estado. Temos informações de que havia várias dezenas de funcionários públicos que estiveram em Pemba desde o início da construção da cidadela do congresso, mas a receberem os seus salários. Os salários que receberam durante o tempo em que estiveram ausentes dos seus locais de trabalho não provêm das quotizações dos membros da Frelimo.
A Frelimo é uma organização política de alguns cidadãos, ainda que digam que sejam três milhões, e não de todo o povo para ter de drenar fundos públicos para coisa particular. O partido Frelimo tem Camaradas em congresso de ostentação responsabilidades acrescidas perante a sociedade, porém, isso não lhe dá nenhum direito de pegar em fundos públicos para financiar as suas actividades partidárias. A idade que alega ter devia dar-lhe o bom senso de respeito pelo bem comum, mas observa-se o inverso. O suposto cinquentanário partido Frelimo, ao longo de 24 meses, foi retirando 2% dos salários dos funcionários do Estado para financiar o congresso.
Nem que todos os funcionários do Estado fossem membros da Frelimo, que não o são, teria de se usar uma chancelaria pública para subtrair salários dos funcionários para o partido.
O Estado pertence ao povo, enquanto o partido Frelimo pertence, apenas, aos seus membros, por isso, é ilegal financiar as actividades da Frelimo com fundos públicos. A Frelimo demonstra que é dominante da socieade e do Estado. Uma leitura atenta à história recente das nações permite concluir que os regimes antidemocráticos e os partidos dominantes o seu tempo de vida não vai para além dos 50 anos.
O que está a acontecer com a Frelimo pode ser o princípio do fim.
A ideia e a prática de que o Estado moçambicano é um simples departamento do partido Frelimo saiu reforçada do X Congresso porque a distância que o partido tem do Estado é nula.
Coisas da nossa terra , Edwin Hounnou, CORREIO DA MANHÃ – 02.10.2012, citado no Moçambique para todos

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