Wednesday, 29 February 2012

Desnutrição crónica afecta 45 por cento das crianças moçambicanas

O Conselho de Ministros de Moçambique reuniu-se esta terça-feira (28) na sua V sessão Ordinária. No habitual briefing com a imprensa, o porta-voz desta sessão Henrique Banze, disse que o governo analisou dentre vários assuntos, a situação sobre a desnutrição crónica no país.
Entretanto, Henrique Banze disse que nos últimos dez dias registaram-se no país chuvas com regime moderado a forte e nalgumas zonas as chuvas caíram com alguma intensidade, nomeadamente nas províncias de Nampula, Zambézia, Niassa, Tete e Manica, cujo acumulado de precipitação rondava aos 100 e 150 milímetros.
A zona norte nos últimos dias mostrou segundo o porta-voz do governo, uma tendência de chuvas abaixo do normal, o que não aconteceu com o centro do país, cujas chuvas foram acima do normal e a zona sul foi a que registou uma pluviosidade muita acima do normal. No dia 25 deste mês começou uma depressão tropical que começou nas proximidades de Seicheles, esperava-se entretanto que esta terça-feira irrompe-se pelo canal de Moçambique e que amanhã (29) provavelmente esteja a 200 quilómetros de Angoche, algures na província de Nampula.
“Neste momento estão a ser tomadas todas as medidas pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) no sentido de tomar todas as precauções necessárias visando mitigar os efeitos desta depressão tropical”, afirmou Henrique Banze.
Segundo aponta, neste momento está em curso um seminário no país envolvendo os governadores provinciais de maneiras a estarem munidos de ferramentas tendentes a gestão de risco e governação local. O porta-voz da V Sessão Ordinária do Conselho de Ministros disse que o impacto das chuvas se reflectiu também na produção agro-pecuária.
No que tange a producão agrícola dos cerca de Um milhão e oitocentos sessenta e dois mil hectares que tinham sido semeadas, pouco menos de cento e trinta e nove mil de hectares foram afectados pelas chuvas, dos quais cerca de quarenta e um mil são tidos como áreas perdidas, isto nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Zambézia e Cabo Delgado.
No que diz respeito a produção animal registou uma baixa de bovinos, onde foram perdidos 156 animais, 2678 cabritos, 237 suínos, entre outros. O fenómeno registou-se em quase todas as províncias acima referidas. Na perspectiva de recuperar as áreas que foram perdidas, “há todo um esforço que está a ser feito na sementeira, bem como na preparação da 2ª época da campanha agrícola em curso. O governo está preparado para disponibilizar sementes aos produtores dos distritos que foram afectados”, ajunta.

Desnutrição crónica continua preocupante em Moçambique

Ainda na V Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, o governo apreciou as informações sobre o Programa de Redução da Desnutrição Crónica. Entretanto, o Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, disse que cerca de 45% das crincas moçambicanas vivem numa situação de desnutrição crónica. A desnutrição em crianças de 0 a 2 anos é muito mais crítica que as outras faixas etárias, na medida em que é fase de crescimento mais rápida e que não pode ser perturbada por qualquer doença ou desnutrição, ou seja, é uma fase muito sensível.
O minstro da Saúde disse que o Plano Multisectorial de Redução da Desnutrição Crónica tem como objectivos, assegurar que crianças de 0 a 2 anos estejam livres da desnutrição crónica, também que os adolescentes estejam livres desta situação, garantir a formação de recursos humanos de modo a desenvolver todo o trabalho para um melhor conhecimento por parte das populações na comunidade em torno da nutrição.
“Este plano também prevê aspectos de vigilância nutricional, foi lançado em Setembro de 2010 e o ano passado deram-se passos significativos no sentido da sua consolidação e materialização” afirmou acrescentando que o mesmo tem uma duração de 5 anos.
Neste domínio nutricional foram formados quadros, embora haja um défice de quadros nutricionistas em Moçambique. Nos serviços Nacionais de Saúde, só existem dois quadros superiores na área de nutrição. No entanto, existem especialistas na área da nutrição que estejam fora do Serviço Nacional de Saúde, cujo número é três.
Alexandre Manguele disse que para um país com mais 22 milhões de habitantes é preciso ter um grupo de profissionais com conhecimentos profundos na área da nutrição para que se possa desenvolver trabalhos no sentido de tirar Moçambique da lista dos países com elevado nível de desnutrição crónica.
“Ainda nas escolas primárias as crianças têm que ter conhecimentos sobre a nutrição, pois nem sempre ocorrem casos de desnutrição devido a falta de alimentos. Mesmo havendo alimentos, verifica-se uma bolsa de desnutrição preocupante, isso resulta da falta de conhecimento na área de nutrição e por hábitos que persistem em algures lugares devido a falta de conhecimento”, acrescentou.

Hermínio José, A Verdade

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