Friday, 4 November 2011

E de repente Guiné-Bissau fugiu-nos!

O relatório das Nações Unidas sobre o Índice do Desenvolvimento Humano 2011, apresentado na quarta-feira, revela uma situação, no mínimo, hilariante: estamos nos últimos quatro lugares em desenvolvimento humano. Dito de outra forma: somos o 4º pior país em índices de desenvolvimento humano, só acima de Burundi (185º lugar), Níger (186º) e República Democrática do Congo (187º), num total de 187 países avaliados. Olhando para o relatório, nota-se, por exemplo, que países como Guiné-Bissau (176), São Tomé e Príncipe (144), Zimbabwe (173), Malawi (171), Afeganistão (172) Eritréia (177), Serra Leoa (180), Chade (183), estão acima do nosso país. De forma sucinta, Moçambique é o 4º pior país mundo, é o 4º pior em África, é o 2o pior da região da África Austral (SADC), é o pior dos Países Africanos da Língua Portuguesa (PALOP), é o pior da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) e é o pior da Commonwealth.
Na verdade, a partir destes dados, concluí por que razão o Governo, através do Presidente da República, decidiu responder aos seus críticos terra-a-terra, ao invés de retorquir com acções e números que sustentem essas acções. Quando o alertam do perigo que as suas decisões representam para a vida da nação, responde que são “apóstolos da desgraça” que “sentados no muro do comodismo aplaudem, cultivam e sentem-se realizados com a desgraça do povo”. Quando o alertaram sobre a nocividade dos Jogos Africanos para um país improdutivo, chamou-os “preguiçosos, tagarelas e intriguistas que andam a dizer que a pobreza não está a ser vencida” para “nos desanimar”, quando, na verdade – sem apresentar  resultados – “a pobreza está a sofrer duros golpes” do Governo. Estas respostas aos críticos revelam o nível do desespero e o desnorte do Governo. Mostram, igualmente, que o Governo não possui argumentos palpáveis para contradizer a realidade que se lhe revela um nó na garganta. O Chefe do Estado não está a entender, até aqui, que o que nós queremos é que apresente resultados claros da sua governação, e não discursos adornados; que transforme as suas promessas eleitorais em resultados palpáveis.
Os dados vêm provar que o crescimento económico é apenas nos números. Na realidade, esse crescimento económico só se faz sentir em quem detém poder político ou está muito próximo do núcleo de plutocratas.

Lázaro Mabunda, O País

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