Sunday, 11 September 2011

País longe da verdadeira independência

Afirma o filósofo e docente universitário Severino Ngoenha.

O filósofo e docente universitário Severino Ngoenha afirma que não podemos falar de independência nacional enquanto os cidadãos moçambicanos não gozarem, na plenitude, das liberdades individuais preconizadas na Constituição da República. Esta ideia foi defendida perante uma plateia de estudantes da Faculdade de Filosofia da Universidade Eduardo Mondlane, numa palestra subordinada ao tema “Sentido Filosófico da Independência Nacional”.
Severino Ngoenha asseverou que o país está ainda muito longe de atingir a verdadeira independência nacional, por ainda não se exercerem efectivamente as liberdades de expressão, pensamento, informação, entre outras, que estão previstas na legislação nacional.
Durante o colóquio, Ngoenha terá reiterado que os 36 anos de independência de Moçambique devem ser vistos como uma oportunidade de fortalecimento da democracia nacional, que só existe do ponto de vista formal. Segundo o filósofo moçambicano, a democracia é apenas formal uma vez que existem os preceitos desta na Constituição, mas a sua implementação é deficitária. “Para que se garanta uma verdadeira democracia, que não seja apenas formal, deve abrir-se mais o espaço para o exercício das liberdades individuais”, propôs. O docente acrescenta que os verdadeiros objectivos da independência nacional foram desviados.
“O objectivo da independência era o bem-estar, garantir liberdades aos nacionais, a independência social e económica, o que não está a acontecer. O poder político está interessado apenas em garantir as eleições, entre outras acções de natureza político-partidária”, sublinhou.

Como Severino vê o país

Severino Ngoenha entende que o nosso país é iminentemente de injustiça social, facto que leva a uma permanente violência entre diferentes estratos sociais.
Segundo Ngoenha, tais factores devem-se à distribuição desigual dos recursos de que o país dispõe, facto que está na origem de clivagens entre os que nada têm e os que têm muito.
“Vejo Moçambique como um país de dificuldades, de problemas, de pobreza, de tudo a faltar; de violência, sobretudo causada pela deficiente distribuição dos recursos existentes num país como o nosso, em desenvolvimento”, disse. Para este filósofo e investigador social, a violência baseada na discriminação e injustiça sociais pode ser um perigo iminente para a paz e democracia moçambicana. “O grande perigo para o país é a existência de diferenças sociais abismais entre os diferentes moçambicanos, e isto, na sociedade, é entendido como injustiça ou exclusão social, que acaba gerando frustração em alguns”, asseverou.

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