...precisaria que me fossem fornecidos elementos de unanimidade na positividade.
O Governo, vários jornalistas e o público que acompanhou os X Jogos Africanos pela imprensa consideram positiva a organização dos Jogos Africanos. Pelo menos há unanimidade, mas não há indicadores de avaliação oficialmente anunciados, que nos possam fazer concluir que o balanço é positivo. Que indicadores foram usados, senhores? Se o balanço for positivo porque o evento aconteceu, tal como escreveu o diário de Moçambique – “Importante é que os Jogos Africanos estão aí!” –, aí posso admitir. Estamos todos concordados. No entanto, se a análise for ao nível de organização, desportivo e do custo-benefício, partilhamos caminhos diferentes. Para estar de acordo, precisaria que me fossem fornecidos elementos de unanimidade na positividade. Mas vamos aos factos. Tentarei ser sintético. Os problemas organizacionais começaram na própria Vila Olímpica, sem televisores, internet, nem dispositivo de controlo do número de atletas por delegação, alimentação inadequada para atletas de alto rendimento. Contudo, posso admitir que a organização é um problema menor para este tipo de eventos. No entanto, isso não deve levar-nos à assunção da positividade do evento.
A nível desportivo, também o balanço não pode ser positivo. Razões: havíamos estabelecidos um mínimo de 19 medalhas, só conseguimos 13, o que corresponde, segundo contas da Missão Moçambique, a 60% do previsto. E se formos a analisar com base no argumento do Presidente da República; Armando Guebuza, (Julho de 2005) de que “Quando dizemos que cumprimos 70, 80 ou 95% estamos a dizer que não cumprimos o que planificámos”, facilmente concluiremos que estamos longe do “balanço positivo.”
Se a análise for em aspectos de custo-benefícios, aí a situação piora. O Estado contraiu um empréstimo um pouco superior a 250 milhões USD para a organização destes jogos, incluindo o crédito bonificado no valor de cerca de 152 milhões de dólares, concedido pelo governo português para a Vila Olímpica. E porque esse valor não foi suficiente para o evento, endividou-se diante de terceiros para a importação de bens para os jogos. Mais, as pessoas que trabalharam nos jogos ainda não foram pagas. E não só, há mais de 100 pessoas que chefiavam delegações e que, ontem, receberam a informação de que, eventualmente, não receberiam os 1 800 MT diários prometidos, senão certificados de participação e uma festa de agradecimento, entre outros encargos. Por outro lado, o Governo adquiriu direitos dos jogos Africanos por 1.1 milhão USD. O que ganhámos? Uma certeza: uma catástrofe. Nem a venda dos apartamentos da Vila Olímpica “ao preço do mercado” irá compensar (metade) do investimento feito nesses jogos.
Lázaro Mabunda, O País. Leia aqui.
O Governo, vários jornalistas e o público que acompanhou os X Jogos Africanos pela imprensa consideram positiva a organização dos Jogos Africanos. Pelo menos há unanimidade, mas não há indicadores de avaliação oficialmente anunciados, que nos possam fazer concluir que o balanço é positivo. Que indicadores foram usados, senhores? Se o balanço for positivo porque o evento aconteceu, tal como escreveu o diário de Moçambique – “Importante é que os Jogos Africanos estão aí!” –, aí posso admitir. Estamos todos concordados. No entanto, se a análise for ao nível de organização, desportivo e do custo-benefício, partilhamos caminhos diferentes. Para estar de acordo, precisaria que me fossem fornecidos elementos de unanimidade na positividade. Mas vamos aos factos. Tentarei ser sintético. Os problemas organizacionais começaram na própria Vila Olímpica, sem televisores, internet, nem dispositivo de controlo do número de atletas por delegação, alimentação inadequada para atletas de alto rendimento. Contudo, posso admitir que a organização é um problema menor para este tipo de eventos. No entanto, isso não deve levar-nos à assunção da positividade do evento.
A nível desportivo, também o balanço não pode ser positivo. Razões: havíamos estabelecidos um mínimo de 19 medalhas, só conseguimos 13, o que corresponde, segundo contas da Missão Moçambique, a 60% do previsto. E se formos a analisar com base no argumento do Presidente da República; Armando Guebuza, (Julho de 2005) de que “Quando dizemos que cumprimos 70, 80 ou 95% estamos a dizer que não cumprimos o que planificámos”, facilmente concluiremos que estamos longe do “balanço positivo.”
Se a análise for em aspectos de custo-benefícios, aí a situação piora. O Estado contraiu um empréstimo um pouco superior a 250 milhões USD para a organização destes jogos, incluindo o crédito bonificado no valor de cerca de 152 milhões de dólares, concedido pelo governo português para a Vila Olímpica. E porque esse valor não foi suficiente para o evento, endividou-se diante de terceiros para a importação de bens para os jogos. Mais, as pessoas que trabalharam nos jogos ainda não foram pagas. E não só, há mais de 100 pessoas que chefiavam delegações e que, ontem, receberam a informação de que, eventualmente, não receberiam os 1 800 MT diários prometidos, senão certificados de participação e uma festa de agradecimento, entre outros encargos. Por outro lado, o Governo adquiriu direitos dos jogos Africanos por 1.1 milhão USD. O que ganhámos? Uma certeza: uma catástrofe. Nem a venda dos apartamentos da Vila Olímpica “ao preço do mercado” irá compensar (metade) do investimento feito nesses jogos.
Lázaro Mabunda, O País. Leia aqui.
Passei por aqui para lhe deixar um abraço e desejar-lhe um bom fim de semana.
ReplyDeleteMaria Helena
Ola, Maria Helena, tudo bem?
ReplyDeleteDeixo um abraço forte do tamanho do Indico!