Monday, 6 September 2010

Voltou a calma, mas há marcas que ficaram…

Depois da revolta popular verificada nos dias 1 e 2 de Setembro

Os militares estiveram envolvidos em acções de limpeza das cidades de Maputo e Matola na sexta e sábado últimos, depois da convulsão social registada nos dias 1 e 2 de Setembro
Hoje, o comando da PRM a nível da cidade de Maputo vai apresentar o rescaldo das manifestações dos dias um e dois de Setembro em curso. No entanto, mesmo sem recorrer aos dados oficiais, a nossa equipa de reportagem constatou que no sábado e domingo a vida voltava paulatinamente à normalidade.
Vários grupos de militares foram mobilizados para fazerem limpeza nas duas cidades. Todavia, apesar do esforço, as marcas da convulsão social ainda são bem visíveis em muitos locais: semáforos caídos no cruzamento entre a avenida Julius Nyerere e a rua da Beira; asfalto queimado, pneus às cinzas, nas principais rodovias que dão acesso à cidade de Maputo; rede vandalizada e postes queimados ao longo da Estrada Nacional número quatro e lixo nas bermas das estradas fazem a imagem realística de Maputo e Matola hoje.
Os estabelecimentos comerciais que ousaram abrir no sábado e domingo registaram enormes filas de pessoas que procuravam comprar os produtos de primeira necessidade. O pão, que acaba sendo o principal alimento nas famílias de classe baixa, atraiu longas filas nas padarias do centro das cidades de Maputo e Matola, bem como na periferia.
Alguns bairros ficaram sem abastecimento de água durante os dois dias da manifestação popular. Por isso, no fim-de-semana foi notório o ambiente de enchentes nos fontanários públicos.
Mas, o mais impressionante é que logo que o ambiente tendia a voltar à normalidade na tarde de sexta-feira, já era visível o ambiente de convívio nas barracas. Não sabemos dizer se a celebração era do fim da manifestação ou do “feriado forçado” durante dois dias para os trabalhadores e estudantes.

MANICA
No sábado e domingo, Chimoio, capital provincial de Manica, viveu um ambiente calmo. No sábado, os estabelecimentos comerciais voltaram a abrir. Porém, não se pode ignorar o cenário vivido na sexta-feira: enquanto Maputo e Matola experimentavam o sabor da normalidade, nos bairros suburbanos de Chimoio verificava-se o contrário.
Pior cenário verificou-se no bairro Manha, onde a agitação provocou o ferimento de 8 pessoas, das quais uma criança de 9 anos de idade. 50 indivíduos foram detidos, e no meio dos manifestantes foi detido, em flagrante, um indivíduo que portava uma arma de fogo do tipo pistola.
No mercado conhecido por “38 milímetros”, na zona da Soalpo, os manifestantes queimaram bancas e destruíram outras infra-estruturas.

BEIRA
A calma também voltou à cidade da Beira, em Sofala. Estabelecimentos comerciais, bombas de combustível e estabelecimentos bancários estão a funcionar normalmente. Excepto no fim da tarde de quarta-feira em que uma e outra instituição fechou as portas temendo o efeito de “bola de neve” das manifestações que aconteciam em Maputo e Matola.
No famoso bairro da Munhava, não passou de um simples boato a informação de que estava a eclodir a violência. Situação sintomática de agitação viveu-se apenas no bairro do Goto, mais concretamente na Escola Primária Sansão Muthemba, onde alguns alunos tentaram colocar barricadas na via pública, mas que a polícia prontamente acalmou as emoções dos alunos. Portanto, Beira é um dos exemplos da calma e tranquilidade pública nestes dias que sucedem os de agitação em Maputo e Matola.

Ricardo Machava, O País

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