Beira (Canalmoz) - O exercício do poder político tem sempre muito que se lhe diga sobretudo quando surgem sinais de possíveis revezes políticos.
A visita à província de Sofala, em “Presidência Aberta”, do PR parece não incluir a Beira do ponto de vista de contacto com as populações naquilo que tem sido uma das justificações para este exercício despesista. Parece que falou mais alto a voz de conselheiros que não auguravam um bom desfecho de tal visita a esta martirizada cidade.
Afinal também do lado de outros líderes partidários a mesma atitude tem sido frequente. O Oceano Índico que banha esta cidade não se apresenta muito favorável a incursões diversionistas ou alguma coisa muito importante deve estar obrigando políticos a riscarem-na do se calendário.
E a complicar o cenário e as contas de diversos partidos políticos está o facto de que os enviados especiais e outros emissários afins não tem sabido tomar conta do recado.
Onde está o PDD? Onde estão os estrategas da Renamo? A própria Frelimo tem nos últimos tempos confiado a tarefa de gerir o dossier Beira a gente manifestamente incapaz de compreende a sua génese e aspirações.
Faz-se muito barulho em momentos eleitorais mas poucos são os que compreendem e entendem que Beira é uma cidade normal onde os seus cidadãos anseiam desenvolver-se e ter dignidade através de emprego sustentável e não campanhas políticas regadas por “Tentação e Manica”. O populismo e a filosofia de que os beirenses são reaccionários ou propensos a votarem na oposição não são suficientes para explicar o posicionamento dos beirenses em assuntos de natureza política.
Ao entusiamo aparentemente manifestado pela comunicaçãoo social afecta ao partido no poder sobre as presidências abertas junta-se um aparente recuo dos estrategas da Frelimo em trazer o seu presidente para a Beira. Reconhece-se que uma quantidade apreciável de erros cometidos pelos seus enviados a esta cidade estão moldando a opinião pública para o desafio e contestação de suas intenções.
Quando se julgavam reunidas as condições para um assalto efectivo ao poder na Beira uma surpresa desagradável soma-se a outros erros do passado. Quiseram alegadamente aproveitar uma reunião política de suas células para resolverem por via judicial uma questão que estava adormecida, a discussão de titularidade e propriedade dos edifícios em que funcionam as estruturas dos bairros. Num braço de ferro entre o Município e o partido Frelimo uma parte considerável da população saíu em defesa do Conselho Municipal da Beira no que se transformou virtualmente num “tiro que saíu pela culatra”.
Também a Renamo já sofreu revezes de monta como a sua última participação nas eleições autárquicas. O seu candidato tal que “cavalo cansado” foi copiosamente derrotado.
Nem mo músculo económico-financeiro da Frelimo com recurso maciço a utilização de meios públicos conseguiu levar de vencida aquele pleito eleitoral. Mas avisos sobre a inexistência de candidatos com perfil e com apoio popular já existiam há muito tempo, tanto para a Frelimo como para a Renamo. A teimosia ditou derrotas que muitos observadores não julgavam possíveis.
Entre estes factos e a tantativa aberta de utilização de um sistema judicial que em geral só funciona com “orientações” superiores vai uma curta distância que os beirenses souberam mais uma vez vencer.
Cabe aos políticos e aos seus respectivos partidos aprenderem com os acontecimentos. Se o “5 de Fevereiro” teve o condão de acordar serviços de inteligência hibernados, a disputa das sedes dos bairros teve o condão de minar as pretensões da Frelimo de se apoderar daquilo que sempre esteve ao serviço dos munícipes.
É preciso que os diferentes partidos saibam que democracia faz-se jogando limpo e em campo nivelado. A aparente supremacia da Frelimo é algo que acontece de forma abertamente ilícita pois para tal concorre a utilização dos diferentes poderes em seu favor. Perante ou face a uma igualdade de circunstâncias e sobretudo de acesso aos meios governamentais disponibilizados aos partidos políticos bem como à comunicação social pública outro”galo decerto cantaria”.
Tem de ficar claro para os políticos e aspirantes a tal que Moçambique pertence a todos e que nesse sentido, todo o jogo sujo que se faça tem pernas curtas pois a verdade das coisas virá sempre ao de cima e os moçambiocanos saberão tratar de maneira adequada aqueles que se outorgam o direito de lesá-los nas suas aspirações e direitos.
Já não convencem aqueles discursos dos tempos passados em que o facto simples de ser membro de um partido antes militarizado e com estatuto de herói bastava para arrastar multidões de cidadãos obedientes e receosos de confrontarem-se com suas directivas ou orientações. As pessoas querem ver os seus direitos observados e garantidos. Todos querem uma parte deste Moçambique.
Queremos ter visitas do Chefe de Estado à Beira, e quanto mais até seria melhor porque os dirtectores e a própria máquina governativa funcionaria melhor. É inegável o factor catalizador que tais eventos podem propiciar. Mas não queremos visitas esbanjadoras e com sentido de promoção do seu partido político que se apresenta quase sempre sem ideias e sem estratégias claras quanto a criação de mais empregos, resolução dos casos mal-parados como o dos trabalhadores desvinculados ou reformados dos CFM. Queremos um tratamento condigno e de acordo com as potencialidades existentes. Os beirenses querem o fim da captura selvagem dos recursos pesqueiros e uma política para aquele sector que signifique sustentabilidade permanente em benefício da economia de hoje e de amanhã.
Os beirenses querem ver seu porto funcionando em pleno e competitivo face a concorrência regional. Não faz sentido em nome da globalização assistir-se a transformação de todas as médias indústria antes florescentes em armazéns de arroz e óleo importados.
Quem responde pelo facto de a Moçambique Industrial, antes operativa e que não foi vítima de sabotagem na última guerra, encontrar-se encerrada? Onde está a fábrica de peúgas? Onde estão as fábricas de roupa? Porque a Celmoque já não fabrica condutores eléctricos e agora se importa? Porque já não há fábrica de refrigerantes na Beira quando antes existiam duas?
Qual é o plano real de desenvolvimento desta cidade? O que nos dizem os políticos?
Se a “Presidência Aberta” do actual PR conseguir abraçar estes e outros aspectos importantes para a vida dos beirenses decerto que ele será muito bem-vindo.
Quem ainda não reparou que estamos perante “um barco sem governo” em que tudo acontece ao acaso e por iniciativa dos outros?
Agora, de uma cidade vibrante com vida própria e com produção própria a mesma foi transformada em posto de vendas de produtos pirateados de todos quadrantes do planeta. A maioria dos beiresens não tem emprego seguro e deambula pelas ruas vendendo de tudo um pouco.
Mais do que falar de pobreza é preciso descobrir os erros que se teima em cometer para não permitir que o desenvolvimento surja.
Basta de politiquices de “puxar a brasa para a sua sardinha”.
É preciso continuar a oferecer liderança de participação política e de cidadania e isso os beirenses decerto não se cansarão de fazer...
(Noé Nhantumbo, CANALMOZ)
A visita à província de Sofala, em “Presidência Aberta”, do PR parece não incluir a Beira do ponto de vista de contacto com as populações naquilo que tem sido uma das justificações para este exercício despesista. Parece que falou mais alto a voz de conselheiros que não auguravam um bom desfecho de tal visita a esta martirizada cidade.
Afinal também do lado de outros líderes partidários a mesma atitude tem sido frequente. O Oceano Índico que banha esta cidade não se apresenta muito favorável a incursões diversionistas ou alguma coisa muito importante deve estar obrigando políticos a riscarem-na do se calendário.
E a complicar o cenário e as contas de diversos partidos políticos está o facto de que os enviados especiais e outros emissários afins não tem sabido tomar conta do recado.
Onde está o PDD? Onde estão os estrategas da Renamo? A própria Frelimo tem nos últimos tempos confiado a tarefa de gerir o dossier Beira a gente manifestamente incapaz de compreende a sua génese e aspirações.
Faz-se muito barulho em momentos eleitorais mas poucos são os que compreendem e entendem que Beira é uma cidade normal onde os seus cidadãos anseiam desenvolver-se e ter dignidade através de emprego sustentável e não campanhas políticas regadas por “Tentação e Manica”. O populismo e a filosofia de que os beirenses são reaccionários ou propensos a votarem na oposição não são suficientes para explicar o posicionamento dos beirenses em assuntos de natureza política.
Ao entusiamo aparentemente manifestado pela comunicaçãoo social afecta ao partido no poder sobre as presidências abertas junta-se um aparente recuo dos estrategas da Frelimo em trazer o seu presidente para a Beira. Reconhece-se que uma quantidade apreciável de erros cometidos pelos seus enviados a esta cidade estão moldando a opinião pública para o desafio e contestação de suas intenções.
Quando se julgavam reunidas as condições para um assalto efectivo ao poder na Beira uma surpresa desagradável soma-se a outros erros do passado. Quiseram alegadamente aproveitar uma reunião política de suas células para resolverem por via judicial uma questão que estava adormecida, a discussão de titularidade e propriedade dos edifícios em que funcionam as estruturas dos bairros. Num braço de ferro entre o Município e o partido Frelimo uma parte considerável da população saíu em defesa do Conselho Municipal da Beira no que se transformou virtualmente num “tiro que saíu pela culatra”.
Também a Renamo já sofreu revezes de monta como a sua última participação nas eleições autárquicas. O seu candidato tal que “cavalo cansado” foi copiosamente derrotado.
Nem mo músculo económico-financeiro da Frelimo com recurso maciço a utilização de meios públicos conseguiu levar de vencida aquele pleito eleitoral. Mas avisos sobre a inexistência de candidatos com perfil e com apoio popular já existiam há muito tempo, tanto para a Frelimo como para a Renamo. A teimosia ditou derrotas que muitos observadores não julgavam possíveis.
Entre estes factos e a tantativa aberta de utilização de um sistema judicial que em geral só funciona com “orientações” superiores vai uma curta distância que os beirenses souberam mais uma vez vencer.
Cabe aos políticos e aos seus respectivos partidos aprenderem com os acontecimentos. Se o “5 de Fevereiro” teve o condão de acordar serviços de inteligência hibernados, a disputa das sedes dos bairros teve o condão de minar as pretensões da Frelimo de se apoderar daquilo que sempre esteve ao serviço dos munícipes.
É preciso que os diferentes partidos saibam que democracia faz-se jogando limpo e em campo nivelado. A aparente supremacia da Frelimo é algo que acontece de forma abertamente ilícita pois para tal concorre a utilização dos diferentes poderes em seu favor. Perante ou face a uma igualdade de circunstâncias e sobretudo de acesso aos meios governamentais disponibilizados aos partidos políticos bem como à comunicação social pública outro”galo decerto cantaria”.
Tem de ficar claro para os políticos e aspirantes a tal que Moçambique pertence a todos e que nesse sentido, todo o jogo sujo que se faça tem pernas curtas pois a verdade das coisas virá sempre ao de cima e os moçambiocanos saberão tratar de maneira adequada aqueles que se outorgam o direito de lesá-los nas suas aspirações e direitos.
Já não convencem aqueles discursos dos tempos passados em que o facto simples de ser membro de um partido antes militarizado e com estatuto de herói bastava para arrastar multidões de cidadãos obedientes e receosos de confrontarem-se com suas directivas ou orientações. As pessoas querem ver os seus direitos observados e garantidos. Todos querem uma parte deste Moçambique.
Queremos ter visitas do Chefe de Estado à Beira, e quanto mais até seria melhor porque os dirtectores e a própria máquina governativa funcionaria melhor. É inegável o factor catalizador que tais eventos podem propiciar. Mas não queremos visitas esbanjadoras e com sentido de promoção do seu partido político que se apresenta quase sempre sem ideias e sem estratégias claras quanto a criação de mais empregos, resolução dos casos mal-parados como o dos trabalhadores desvinculados ou reformados dos CFM. Queremos um tratamento condigno e de acordo com as potencialidades existentes. Os beirenses querem o fim da captura selvagem dos recursos pesqueiros e uma política para aquele sector que signifique sustentabilidade permanente em benefício da economia de hoje e de amanhã.
Os beirenses querem ver seu porto funcionando em pleno e competitivo face a concorrência regional. Não faz sentido em nome da globalização assistir-se a transformação de todas as médias indústria antes florescentes em armazéns de arroz e óleo importados.
Quem responde pelo facto de a Moçambique Industrial, antes operativa e que não foi vítima de sabotagem na última guerra, encontrar-se encerrada? Onde está a fábrica de peúgas? Onde estão as fábricas de roupa? Porque a Celmoque já não fabrica condutores eléctricos e agora se importa? Porque já não há fábrica de refrigerantes na Beira quando antes existiam duas?
Qual é o plano real de desenvolvimento desta cidade? O que nos dizem os políticos?
Se a “Presidência Aberta” do actual PR conseguir abraçar estes e outros aspectos importantes para a vida dos beirenses decerto que ele será muito bem-vindo.
Quem ainda não reparou que estamos perante “um barco sem governo” em que tudo acontece ao acaso e por iniciativa dos outros?
Agora, de uma cidade vibrante com vida própria e com produção própria a mesma foi transformada em posto de vendas de produtos pirateados de todos quadrantes do planeta. A maioria dos beiresens não tem emprego seguro e deambula pelas ruas vendendo de tudo um pouco.
Mais do que falar de pobreza é preciso descobrir os erros que se teima em cometer para não permitir que o desenvolvimento surja.
Basta de politiquices de “puxar a brasa para a sua sardinha”.
É preciso continuar a oferecer liderança de participação política e de cidadania e isso os beirenses decerto não se cansarão de fazer...
(Noé Nhantumbo, CANALMOZ)
Como sempre, Noé Nhantumbo presenteia-nos com este artigo.
ReplyDeleteOs Beirenses não se corrompem, eles sabem exactamente o que é o melhor para eles e para o país!
Maria Helena
Os beirenses são um exemplo no exercício da cidadania responsável.
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