O combate à pobreza é, no nosso país, uma estratégia que está a ter um enorme sucesso. Talvez uma das que maior sucesso pode mostrar entre todas as que são praticadas entre nós.
Os casos de gente que era pobre e, em pouco tempo, se tornou riquíssima aparecem-nos pela frente com grande frequência.
Andamos por aí pela cidade de Maputo, e seus arredores e vemos as enormes mansões a surgir da terra como cogumelos em terreno húmido. São os Belos Horizontes, os bairros Triunfos, as zonas à volta do Mercado do Peixe, o prolongamento da Julius Nyerere, sei lá que mais.
E, se formos a investigar bem, uma grande parte dos proprietários dessas grandes mansões ainda há pouco tempo eram pobres. Ou, quando muito, eram remediados.
Hoje são ricos. Hoje são muito ricos. Hoje são muitíssimo ricos.
Parece-me, portanto, que esta passagem da fase de pobreza à de riqueza e ostentação é a prova do sucesso da estratégia governamental de combate à pobreza.
Mas, no meio desse sucesso, só há uma pequenina coisa que acho estranha: o facto da estratégia estar a dar estes resultados espectaculares com uma certa camada de pessoas, nomeadamente os governantes e/ou dirigentes da Frelimo, mas não estar a ter os mesmos resultados com o resto da população.
Pois se vemos, por todo o lado, o aparecimento das mansões, não me recordo de ver um único caso de construção de um bairro social para pessoas de rendimentos baixos. Não vejo construir apartamentos para jovens que, tendo casado, querem ter um espaço para poderem começar a sua vida como nova família.
No primeiro caso podemos assistir à forma como se combate a pobreza: Temos um militante fiel e esforçado do partido no poder? Pois nomeia-se esse militante para o conselho de administração de uma qualquer empresa pública.
Ele não tem, sequer, que perceber alguma coisa sobre o funcionamento de tal empresa. Para isso estão lá os técnicos contratados. O novo membro do conselho de administração está lá apenas para receber os chorudos salários, no fim do mês, e todas as outras imensas mordomias a que o cargo dá direito.
Está lá, em resumo, para combater a (sua) pobreza.
É claro que há os mais apressados, como parece ser o Cambaza dos Aeroportos, que, para além das mordomias já previstas, tratou de inventar outras ainda maiores, para si e para os que o rodeavam, por cima e por baixo. Do ministro da tutela ao jardineiro.
De resto tenho enorme curiosidade em saber por que terá sido o jardineiro daquela empresa tão beneficiado. Porque terá ele sido também incluído na campanha de combate à pobreza?
Devido à minha idade tive oportunidade de assistir a uma outra campanha de combate à pobreza, semelhante a esta a que assistimos. Foi no final da época colonial e os seus resultados estão ainda hoje patentes no bairro de Sommershield.
Aí também uma camada dos colonos prosperou e construiu mansões que servissem de símbolos dessa prosperidade.
Mas passe o meu leitor por esse bairro e vai ver como aquelas casas, sendo muito boas, parecem tão modestas comparadas com as mansões daqueles que hoje passam da pobreza à riqueza. E passam bem mais rapidamente que os colonos, o que só prova a maior eficiência do combate à pobreza nos dias de hoje em relação à do passado. O que deve ter a ver com os princípios socialistas em que se baseia a ideologia frelimista.
Princípios que definem que cada agregado familiar deve ter uma casa condigna para poder viver.
Ora o Magazine Independente, da passada semana, dá-nos um exemplo dessa política, referindo um agregado familiar composto por 3 pessoas: um casal e um filho. O chefe de família é servidor do Estado e, como tal, tem direito a moradia atribuída.
Pois alguém chegou à conclusão de que aquela moradia estava a necessitar de reabilitação e o Estado abriu concurso para a realização das obras. O empreiteiro que ganhou o concurso vai receber 5.825.958.96 Mt pelo trabalho.
Que reabilitação será esta, a custar este dinheiro todo, na casa atribuida ao Dr. Mulémbwé, pois é dele que se trata?
E quantas outras reabilitações já terão sido feitas antes na mesma casa desde que ele para lá foi morar? E quanto terão custado?
Em resumo, se a população moçambicana fosse apenas constituida por governantes e/ou dirigentes da Frelimo, podia-se dizer que a política de combate à pobreza estava a ser um sucesso estrondoso.
Como não é, o entusiasmo é bastante menor...
Os casos de gente que era pobre e, em pouco tempo, se tornou riquíssima aparecem-nos pela frente com grande frequência.
Andamos por aí pela cidade de Maputo, e seus arredores e vemos as enormes mansões a surgir da terra como cogumelos em terreno húmido. São os Belos Horizontes, os bairros Triunfos, as zonas à volta do Mercado do Peixe, o prolongamento da Julius Nyerere, sei lá que mais.
E, se formos a investigar bem, uma grande parte dos proprietários dessas grandes mansões ainda há pouco tempo eram pobres. Ou, quando muito, eram remediados.
Hoje são ricos. Hoje são muito ricos. Hoje são muitíssimo ricos.
Parece-me, portanto, que esta passagem da fase de pobreza à de riqueza e ostentação é a prova do sucesso da estratégia governamental de combate à pobreza.
Mas, no meio desse sucesso, só há uma pequenina coisa que acho estranha: o facto da estratégia estar a dar estes resultados espectaculares com uma certa camada de pessoas, nomeadamente os governantes e/ou dirigentes da Frelimo, mas não estar a ter os mesmos resultados com o resto da população.
Pois se vemos, por todo o lado, o aparecimento das mansões, não me recordo de ver um único caso de construção de um bairro social para pessoas de rendimentos baixos. Não vejo construir apartamentos para jovens que, tendo casado, querem ter um espaço para poderem começar a sua vida como nova família.
No primeiro caso podemos assistir à forma como se combate a pobreza: Temos um militante fiel e esforçado do partido no poder? Pois nomeia-se esse militante para o conselho de administração de uma qualquer empresa pública.
Ele não tem, sequer, que perceber alguma coisa sobre o funcionamento de tal empresa. Para isso estão lá os técnicos contratados. O novo membro do conselho de administração está lá apenas para receber os chorudos salários, no fim do mês, e todas as outras imensas mordomias a que o cargo dá direito.
Está lá, em resumo, para combater a (sua) pobreza.
É claro que há os mais apressados, como parece ser o Cambaza dos Aeroportos, que, para além das mordomias já previstas, tratou de inventar outras ainda maiores, para si e para os que o rodeavam, por cima e por baixo. Do ministro da tutela ao jardineiro.
De resto tenho enorme curiosidade em saber por que terá sido o jardineiro daquela empresa tão beneficiado. Porque terá ele sido também incluído na campanha de combate à pobreza?
Devido à minha idade tive oportunidade de assistir a uma outra campanha de combate à pobreza, semelhante a esta a que assistimos. Foi no final da época colonial e os seus resultados estão ainda hoje patentes no bairro de Sommershield.
Aí também uma camada dos colonos prosperou e construiu mansões que servissem de símbolos dessa prosperidade.
Mas passe o meu leitor por esse bairro e vai ver como aquelas casas, sendo muito boas, parecem tão modestas comparadas com as mansões daqueles que hoje passam da pobreza à riqueza. E passam bem mais rapidamente que os colonos, o que só prova a maior eficiência do combate à pobreza nos dias de hoje em relação à do passado. O que deve ter a ver com os princípios socialistas em que se baseia a ideologia frelimista.
Princípios que definem que cada agregado familiar deve ter uma casa condigna para poder viver.
Ora o Magazine Independente, da passada semana, dá-nos um exemplo dessa política, referindo um agregado familiar composto por 3 pessoas: um casal e um filho. O chefe de família é servidor do Estado e, como tal, tem direito a moradia atribuída.
Pois alguém chegou à conclusão de que aquela moradia estava a necessitar de reabilitação e o Estado abriu concurso para a realização das obras. O empreiteiro que ganhou o concurso vai receber 5.825.958.96 Mt pelo trabalho.
Que reabilitação será esta, a custar este dinheiro todo, na casa atribuida ao Dr. Mulémbwé, pois é dele que se trata?
E quantas outras reabilitações já terão sido feitas antes na mesma casa desde que ele para lá foi morar? E quanto terão custado?
Em resumo, se a população moçambicana fosse apenas constituida por governantes e/ou dirigentes da Frelimo, podia-se dizer que a política de combate à pobreza estava a ser um sucesso estrondoso.
Como não é, o entusiasmo é bastante menor...
Machado da Graça, SAVANA – 11.12.2009, citado em www.macua.blogs.com
Excelente artigo por M. da Graça.
ReplyDeleteSe nao questionamos estes novos ricos ou multimilionários, acredite que muita gente, com quem tenho contactado e cruzado no estrangeiro, o faz.
As vezes fico envergonhada e nem sei o que responder.
Nao quero que pensem que o meu pais e um pais de corruptos e ladroes.
Quem está beneficiando com tudo isto?
Nao convém falarmos muito, daqui a pouco já aparecem os racistas a dizerem-nos para nos preocuparmos com Portugal ou a Europa, independentemente de termos nascido em Moçambique, mas os mesmos se for preciso tem a dupla nacionalidade, mandam os seus filhos estudar lá... Critérios estranhos, nao acha?
Quem nao tem argumentos válidos mostra a sua baixeza e falta de carácter usando a cartada racial ou atitude xenofobista.
Infelizmente, nao vejo o fim da corrupcao nos proximos anos.
Gostei de passar por aqui...
Um abraço, extensivo aos seus.
Maria Helena
Pois é, Maria Helena, como sempre está bem actualizada com a realidade moçambicana. Esta é mesmo a pobre imagem de Moçambique e será assim enquanto o Povo não questionar e combater seriamente a corrupção.
ReplyDeleteOs racistos não me incomodam muito, sabemos que os cobardes usam a cartada racial e outros trunfos sujos quando não têm argumentos convincentes. O que me consola é que muita gente está atenta às manobras dos que não são patriotas e muito menos democratas.
Gostei muito de a ver por aqui.
Abraço forte para si e votos de Festas Felizes, extensivos à sua família.