A hora em que escrevo ainda é anterior à votação e, portanto, há que aguardar os resultados eleitorais. Nada de ligar muito às previsões que muitas vezes iludem as pessoas. Espero é que cada um tenha votado bem nestas eleições, segundo o seu raciocínio e não por influência de favores já feitos ou prometidos.
Espero é que tenha sido tempo de agir com responsabilidade e não para brincar com a votação, para que, efectivamente, uma eleição como aquela seja credível, isto é, sem ilusões de suspeitas de que esse escrutínio nos trará surpresas desagradáveis, embora o eleitor precise de razões para votar neste ou naquele partido político ou candidato presidencial, depois de uma grande campanha de “caça” ao voto de 45 dias dos partidos políticos e os que disputam a Ponta Vermelha.
Todavia, espero que sejam eleições que resultem na verdade, na diminuição das desigualdades sociais, construindo-se mais escolas primárias e secundárias, unidades sanitárias, pequenos e grandes sistemas de abastecimento de água, universidades, e lutando-se principalmente e sem quartel contra a corrupção, pela dignificação do Estado para que o povo moçambicano, verdadeiramente unido, seja encorajado a escolher sempre que houver eleições os seus dirigentes.
Espero que o povo tenha votado para a consolidação da liberdade de Imprensa no nosso país, que é uma realidade, para que um funcionário público, já que o Estado é o maior empregador, que se diz agastado com alguma coisa, não “dispa” o seu descontentamento ou frustração de forma aberta e directa, não por incapacidade, mas sim, pelo medo de tomar atitudes e perder emprego, o medo de falar para não criar as más vontades dos detentores do poder, particularmente político.
Pelo seu voto, numa eleição como a que aconteceu ontem em Moçambique, os cidadãos tiveram a oportunidade de se manifestar com maturidade política e frontalidade a favor deste e de um outro modelo de governação dum país como o nosso.
Tiveram oportunidade de discordar no clima de insegurança generalizada sobre a sustentabilidade do nível de vida que se vem deteriorando no país, devido, em parte, à pobreza absoluta. Por outro lado, tiveram a oportunidade de optar pela consolidação das realizações do governo do dia.
É evidente que muitos de nós sonhamos poder ser, um dia, isto ou aquilo, na sociedade, mesmo que isso implique a nossa renúncia ou não à nossa filiação partidária, mesmo que isso implique que sejamos mentirosos, desonestos e arrogantes. Sonhamos muito, por isso é que alguns, com uma convicção aparentemente malévola, fazem-no prejudicando os outros dentro ou fora do partido onde militam ou mesmo durante o processo de votação, para manterem “intacto” o seu “tacho”, o que nalgumas vezes provoca frustrações.
Entende-se haver razões aparentemente múltiplas e complexas que fazem com que os moçambicanos optem por uma militância política que eles próprios percebem, mas isso não pode fazer com que os partidos políticos fiquem “acomodados” para a sua correcção.
É que neste país o exercício da militância política para certas pessoas significa livrar-se de alguns problemas que enfrentam, como a pobreza e não propriamente a fidelidade ao partido e espírito patriótico na resolução desses males.
Nunca teremos eleições que nos trazem a felicidade enquanto a militância política for feita sem o mínimo de exigência e rigor aos fundamentos da sua existência, pelo contrário, pode adquirir outros contornos perigosos para a nossa pátria.
O nosso país tem sido referido em quase todos quadrantes políticos do mundo que é um dos melhores exemplos de pacificação e democratização depois de uma longa e devastadora guerra, mas para que essa convicção esteja sempre na “mente do mundo” é preciso que as lições das nossas eleições sejam um factor de consolidação dela (convicção).
Em política, o tempo faz-se ao ritmo dos seus protagonistas e, ao contrário do que possa parecer, quem controla é quem tem iniciativa e não quem “agarra” as coisas que não têm nada a ver com os objectivos com que, por exemplo, se quer fazer com numa eleição como a de ontem, contribua igualmente para o combate ao regionalismo e outras formas de separatismo numa sociedade como a nossa.
Aguardamos as lições destas eleições, na perspectiva de que o nosso maior problema neste país não pode continuar a ser o de termos medo de “arriscar”, fazendo “reféns” políticos a nós próprios, criando obstáculos para debates abertos sobre determinados assuntos que dizem respeito, por exemplo, à vida da juventude, esta que desta vez foi muito referenciada pelos políticos, tudo para granjear a sua simpatia.
Acima de tudo, espero que estas eleições, em que pela primeira vez se elegeram deputados das assembleias provinciais, tenham permitido amadurecer a nossa consciência política, no sentido de que é necessário desenvolver esta nação sem que nos atrapalhemos com coisas que em nada nos dignificam política e socialmente.
* Mouzinho de Albuquerque, Notícias, 29/10/09
Espero que muitos tenham ido votar.
ReplyDeleteA abstenção pode conduzir ao monopartidarismo, algo que temos de evitar a qualquer custo.
Votar é um direito e um dever cívico.
Temos esse privilégio, usemo-no, só assim poderemos construir um Moçambique para TODOS.
Maria Helena
Mais pessoas votaram mas a abstenção continua a um nível muito alto.
ReplyDeleteA abstencao e' um voto por omissao. Quem nao vota demonstra que nao quer nenhum dos candidatos
ReplyDeleteBrada Nero,a abstenção nem sempre tem a ver com os candidatos, frequentemente é uma forma de rejeição do sistema.
ReplyDelete